É notória a intenção do Ministério da Saúde para reduzir significativamente as despesas com a saúde. É pena que, em certos casos, o faça sem os cuidados necessários para não prejudicar os doentes, tomando atitudes à revelia dos profissionais de saúde e das situações dos doentes como acontece, por exemplo, ao alterar datas de consultas e de outros actos sem qualquer critério médico, numa atitude lesiva dos direitos dos cidadãos.
Falta o dinheiro em Portugal, circunstância que impõe critérios para reduzir gastos. Certamente! Mas, perante o descontrolo das despesas do Estado em muitos domínios como as que resultam de meios excessivos em certos Órgãos de Soberania, da existência de instituições dispensáveis ou susceptíveis de serem redimensionadas, de benefícios excessivos pelo desempenho de certas funções, entre outros, como justificar esta economia cega na saúde dos portugueses?
Neste confronto, é igualmente incompreensível a insistência no vultuoso endividamento a que algumas infra-estruturas por muito contestadas vão obrigar mas dos quais Sócrates e os seus ministros das Obras Públicas não prescindem, apesar do acréscimo sucessivo dos juros que lhe correspondem.
A dívida externa portuguesa atingiu valores excessivos que mais do que duplicaram nos últimos anos e levam as instituições financeiras a colocar reservas sobre a capacidade de Portugal para cumprir com os respectivos compromissos. Esta é, aliás, uma das principais razões da dimensão da crise financeira em Portugal.
Apenas para falar em coisas menores e até ridículas perante a dimensão dos problemas que se nos colocam, as despesas com arranjos florais nas instalações do Estado e muitas “despesas de representação” chegariam para satisfazer as necessidades básicas de muitos dos cada vez mais numerosos pobres, além de correspondem a um fausto incompatível com o baixo nível de vida no país!