ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 30 de abril de 2011

OS CULPADOS DEVEM OU NÃO SER JULGADOS?

É lamentável que o PSD, em vez de uma imagem de força que as circunstâncias requerem, dê a imagem que dá de um partido cheio de ressabiamentos, do que são provas a atitude de negação de Manuela Ferreira Leite e as críticas destrutivas de Paulo Rangel. Não será num PSD assim que Portugal vai encontrar a força de que necessita em hora de tantas preocupações, a menos que Passos Coelho ainda consiga fazer prova de força e de determinação que ainda não mostrou ter.
Catroga, decerto bom conhecedor do estado real das finanças de Portugal, afirmou que o governo deveria ser julgado pelo mal que fez ao país, ao que, naturalmente, o “socialista” Capoulas Santos reage chamando-lhe pirómano enquanto o “social-democrata de Bruxelas” Paulo Rangel, um daqueles novos que já nasceram velhos, considera ser uma ideia inadmissível!
Assim, enquanto uns parecem continuar na atitude “politicamente correcta” de não fazer agitação que “entorne o caldo” da gamela onde tantos comem, a maioria deve julgar, com razão, que é chegada a altura de fazer as contas e de pedir responsabilidades, único modo de por em ordem este país desregrado e desorientado que não consegue reconhecer nem culpar quem o maltrata!
Foi um governo irresponsável o que nos endividou muito para além do razoável; Foi irresponsável quem insistiu no que a maioria considerava gastos perigosos e decisões insensatas, ao ponto de se sentir “sozinho a puxar pelo país”; Merece um julgamento profundo e severo quem, a coberto da inimputabilidade própria dos poderes instituídos nos condena aos sacrifícios que nos serão impostos pela necessidade de por em ordem uma casa que quase destruíram e ficou sem rei nem roque!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

À PRIMEIRA QUALQUER CAI, À SEGUNDA CAI QUEM QUER, MAS À TERCEIRA…

Ferro Rodrigues, há anos fora de Portugal, lá no sossego do refúgio de Bruxelas, quiçá por causas pouco esclarecidas como sucedeu com outras personalidades socialistas, diz que voltou, logo ao primeiro apelo, para ajudar o seu Partido a tirar o país da crise em que se encontra!
Seria de louvar esta disponibilidade de Rodrigues se trouxesse algo de novo como, por exemplo, o reconhecimento de ter sido o governo do mesmo Partido Socialista o causador da crise que ele se propõe ajudar a ultrapassar. Não diria nada que a maioria dos portugueses não saiba já, mas daria uma prova de seriedade que os seus pares não têm dado. Portanto, não passará de mais um aliado de Sócrates nesta patranha inqualificável de tanto insistir na mentira até acabar por convencer que é uma verdade!
Tem sido excessiva a cobertura que os meios de comunicação social, televisões, rádios e jornais, têm dado à caricata personagem em que Sócrates há muito se tornou, talvez pelo patético ou ridículo discurso que adoptou.
Mas está provado que, no nosso país, o ridículo compensa, talvez porque a má qualidade de muitos “comunicadores” lhes não permite encontrar melhores motivos nas coisas sérias que se passam neste triste país.
Os resultados das próximas eleições serão, ainda, uma incógnita que me faz recordar um velho ditado. Á primeira qualquer cai e Sócrates teve uma ruinosa maioria absoluta; À segunda cai quem quer e Sócrates venceu por uma maioria relativa que, mais ainda, enterrou o país; Mas à terceira, diz o próprio povo, só cai que for burro!
É o povo que vai votar. Veremos como se julga.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O CONTO DO VIGÁRIO

Sócrates fala como se ele não tivesse sido o responsável por duplicar a dívida pública nacional, colocando-a no nível insuportável em que se encontra e é a principal razão de ser dos nossos problemas, da humilhação do país mais antigo da Europa.
Sócrates faz tábua rasa de toda a sua responsabilidade no descalabro das finanças públicas nacionais e apresenta-se como o “salvador” que tem a solução para a recuperação do país que, através de uma política megalómana, defraudou.
Sócrates disfarça, com chavões populistas que repete à saciedade, a sua responsabilidade numa situação que penalizará duramente a grande maioria dos portugueses por muito tempo.
Um discurso que mais parece ser o de alguém que não andou por aqui nos últimos anos e agora aparece como salvador é a arma de Sócrates que, secundado por um partido que de socialista apenas tem o nome, poderá convencer muita gente do demérito de quem se lhe oponha, já que de méritos próprios se não poderá ufanar.
Temo, por isso, que este “ganhador de eleições” com promessas das quais, de imediato, se esquece ou diz não poder cumprir por causas que sempre considera que lhe são estranhas, consiga convencer um número suficiente de portugueses que o mantenham na ribalta da política nacional e, deste modo, lhe consinta que continue a causar os danos que tem causado.
Acusa Passos Coelho de querer nacionalizar a Caixa Geral de Depósitos onde foi buscar milhares de milhões de euros para as suas extravagâncias entre as quais a ruinosa intervenção no BPN, de querer acabar com o Estado Social nestes dois últimos anos reduzido a mínimos que o colocam à beira do caos, considera anti-patriótico que se exija o esclarecimento das contas públicas ignorando o que fez quando sucedeu a Santana Lopes, bem como de muitas iniciativas que, infelizmente, os seus devaneios de governante esbanjador tornaram inevitáveis no país que ele tanto empobreceu.
É o Sócrates que reduziu Portugal à dimensão de um país desqualificado quem, agora, pretende ser o seu salvador!
O bem conhecido “conto do vigário”.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A ENTREVISTA DE SÓCRATES

Juro que foi com a melhor das intenções que escutei a entrevista de Sócrates a Judite de Sousa no canal 4! Garanto que tentei, uma vez mais, ver em Sócrates um rasgo de sinceridade no que dizia e um pingo de vergonha por tanto disparate que fez.
Mas, o mesmo trapalhão de sempre afirma, sem que nada o possa comprovar e mesmo perante todas as evidências em contrário, que tinha uma solução antes de os partidos de oposição terem lançado o país numa crise política. Depois, diz e desdiz, como é seu timbre, e atinge o seu ponto alto quando, fugindo sistematicamente às perguntas que lhe são feitas, pergunta à entrevistadora: acha que as medidas que vão ser negociadas serão melhores do que as do PEC4?
Pois bem, ninguém pode crer ou aceitar que quem nos vai emprestar meios financeiros que espera receber de volta, imponha medidas para além das necessárias para recuperar as finanças públicas, correndo o risco de mais o afundar e, consequentemente, perder o seu dinheiro!
Além disso, Sócrates parece não ter entendido que os portugueses estão fartos de que os problemas sejam sempre resolvidos do mesmo modo, com mais carga fiscal e desemprego dos que sempre pagam as crises, tal como o comprova o resultado positivo do primeiro trimestre deste ano, do qual muito se orgulha, ainda que tenha sido o acréscimo de receitas que o permitiu porque as despesas correntes, como sempre, aumentaram!
É de coisas assim que Sócrates se orgulha!
São necessárias outras medidas, aquelas que nunca se dispôs a adoptar, as que "emagreçam" um Estado que há tanto tempo vem engordando, além de ser imperioso que nos deixemos de fantasias de grandes obras enquanto a fome aumenta em Portugal e preservemos um bem estar mínimo que livre o país da gravíssima e perigosa crise social que se adivinha.
Esta entrevista definiu, claramente, a “cassete” que utilizará durante toda a campanha eleitoral.
Se é assim que Sócrates vai propor aos portugueses continuar a governar o país e se é de um Primeiro-Ministro assim que os portugueses gostam… que Deus nos ajude.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

AS “VERDADES” DE SÓCRATES

Neste momento em que o apelo à concertação é um estribilho em todos os discursos sobre a recuperação de Portugal, esta é uma das muitas mensagens que Sócrates quer fazer passar como uma verdade que nem na sua cabeça existe:
O primeiro-ministro (J Sócrates) afirmou esta segunda-feira que há muito tempo que anda a apelar à concertação entre todos os políticos e que Portugal poderia ter evitado muitas situações caso tivesse seguido esse espírito de consenso e de diálogo. (Correio da Manhã, 25 Abril 2011)
Reconhecido pelo seu carácter autoritário, pouco dado a admitir ser contrariado e muito convencido da sua verdade, Sócrates apenas aceita como forma de concertação uma fila de seguidores que acatem, sem discussões, as suas ordens, mostrem estar de acordo com os seus desígnios e, portanto, procedam em conformidade com as suas instruções!
As provas públicas de ser assim vêm de tão longe quanto a sua primeira vitória política e são tantas quantas as que comprovam ser ele um mestre na contradição.
Sócrates é, emocionalmente, um homem isolado, socialmente é um ser detestado mas, politicamente, é um dominador.
Como ouvi dizer a Manuel Maria Carrilho num comentário televisivo, Sócrates é tão mau político quanto é bom candidato, o que só pode significar que é mestre a convencer das virtudes dos seus erros.
De facto ele sabe, em cada momento, o que os menos avisados gostam de ouvir, talvez por ser aquilo que todos dizem em contradição com o que ele havia feito mas que, deste modo, se torna uma “verdade” de Sócrates!
Talvez por isto as suas possibilidades de vencer, de novo, as próximas eleições são inversamente proporcionais às pesadas culpas que todos apontam serem as suas na degradação da situação portuguesa (inquéritos e sondagens da Marktest).
Se for assim, para o povo que gosta de ser enganado, um Primeiro-Ministro a condizer para continuar tudo igual num país em que todos sentem a necessidade de uma mudança!

terça-feira, 19 de abril de 2011

E AGORA… TODOS “À RASCA”!

Até há uns anos atrás, “à rasca” era coisa feia de dizer nem que o ventre rebentasse por uma enorme vontade de fazer xixi! Não se dizia isso, nem “bué”, nem “tá-se”, nem tantas outras palavras com que agora se constroem frases das quais, algumas vezes, me custa perceber o sentido.
Há palavras novas que fazem a linguagem mudar ao longo do tempo, como mudam os juízos, as atitudes e o significado de muitas e muitas coisas. Mas também velhas palavras e termos, como “recorrente”, “em cima da mesa” e outros, a par de americanismos como “vinte e quatro sobre vinte e quatro horas”, se tornaram insistentes num discurso cada vez mais pobre, monótono e desagradável.
Não sou um “modernista” para quem tudo o que é recente é melhor, nem um saudosista dos “bons velhos tempos” que desdenha de tudo o que é novo porque sei que o valor das coisas não depende necessariamente da sua idade, ainda que não seja indiferente às circunstâncias.
Tento adaptar-me à mudança, ser compreensivo quanto aos desejos de diferença mas não consigo deixar de ser conservador quando se trata de princípios e de valores básicos nos quais as “modernices” nunca me convencem.
Respeitar o semelhante, ter especiais cuidados com os mais velhos, com os mais fracos e com os menos dotados, dar-lhes prioridade, ajudá-los, são princípios de respeito e de solidariedade que me ensinaram mas que noto cada vez mais ignorados ou oportunistamente aproveitados.
Tenho, ainda, como exemplos de nobreza Egas Moniz que, de corda ao pescoço, se apresentou ao Rei de Leão como responsável pela rebeldia do seu pupilo Afonso Henriques ao fundar Portugal e, para além de outros, D João de Castro, Vice-Rei da Índia, que fez dos “pelos das suas barbas” penhor da sua honradez. Atitudes “simplórias”, dir-se-á do que para alguns será, à luz dos seus princípios de comportamento, motivo de chacota!
Antes, os homens responsáveis deviam, pelo que eram e pela sua conduta, dar confiança e garantia de seriedade tal como à mulher de César se exigia, para além de ser séria, que séria parecesse, também.
Há muito que lá vai o tempo em que as coisas eram quase o que pareciam, as palavras tinham um significado compreensível e enganar ou dar o dito por não dito era próprio de charlatães.
Frontalidade é agora, demasiadas vezes, o nome que se dá à grosseria, a brejeirice passou a ser o toque chique da linguagem dos pretensiosos, o oportunismo disfarça-se com as virtudes da oportunidade e a vigarice intelectual tornou-se o meio mais eficaz para o sucesso em carreiras em que apenas os competentes deveriam singrar.
Os resultados destas “novidades” começam a notar-se no estado calamitoso de Portugal e da Sociedade Portuguesa, governados pela “esperteza saloia” daqueles que não vivem a vida dos que por ela mais têm de lutar e, por isso, não podem entender o porquê das preferências de investimento em obras de fachada que arruínam o país e do pedido de mais e maiores sacrifícios que mais dura tornam a sua já penosa luta.
Se os “velhos” tem alguma vantagem, será a protecção que a longa vivência lhes dá contra as patranhas dos vendedores de ilusões, o que, infelizmente, não reduz os riscos dos que, por si, estão neste mundo do qual esperavam o que lhes não dá porque, antes, outros o exauriram.
É a “geração à rasca” porque acreditou em promessas dos que, com fome de poder, prometem o que não podem dar, garantem o que sabem não poder fazer e, de malabarismo em malabarismo, criam situações que conduzem a perdas sucessivas de soberania de um país com quase 900 anos.
É o “país à rasca” pelos erros sucessivos de quem não sabe governar para bem dos portugueses, ainda que faça do Estado Social, ao qual não garante os meios nem as condições, uma bandeira que os ventos cada vez mais fortes das evidências vão esfarrapando!
Bom seria que sem arrogância, com atitudes mais sóbrias, palavras mais claras e oportunidade real se voltasse a governar este país, sem sonhos de grandezas impossíveis e com um discurso sério e compreensível como o bom português permite que seja.
Que regresse o orgulho de sermos portugueses, que volte o brio da verdade, que renasça o espírito de causa que já nos fez grandes e se perca, para sempre, o ridículo de querermos ser o que não somos.
Ao longo de mais de dois anos, referi-me aqui aos riscos de uma crise profunda e longa mesmo quando alguns já viam “luzinhas ao fundo do túnel”, critiquei uma governação sem qualidade e perigosa que nos conduziria ao desastre, falei dos perigos de uma geração sem futuro e de um país sem rumo.
Mas é um daqueles casos em que ter razão não nos trás qualquer conforto.
Rui de Carvalho
10 Março 2011
PUBLICADO NO NOTÍCIAS DE MANTEIGAS DE ABRIL

domingo, 10 de abril de 2011

O CONGRESSO DO FAZ DE CONTA

Como pode haver evolução sem ideias? Como pode haver ideias sem reflexão? Como pode reflectir-se sem espírito aberto que, sem preconceitos, questione situações e factos?
Estas foram as questões que o congresso do PS me colocou quando, pelas intervenções dos principais responsáveis do partido, verifiquei que nada mais ali aconteceu do que uma ruidosa reunião narcisista, um enorme comício de início de uma campanha que se antevê muito empenhada na reconquista do poder mas despreocupada com os sacrifícios que todos estamos a sofrer e muito mais ainda sofreremos, porque são a consequência do que o governo socialista muito se orgulha de ter feito!
Ao contrário do que o Poeta cantou, “ditosa pátria que tais filhos teve”, parece termos de lamentar estes filhos que a pátria tem!