ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

domingo, 30 de setembro de 2012

SAIA DE ONDE SAIR…



Contaram-me, certa vez, uma história que me garantiram ser verdadeira. Naquele restaurante, o prato do dia era língua de vaca estufada, coisa que ao cliente não agradou porque, disse ele, não come coisas que saiam da boca dos animais. Para não ficar sem almoço, acabou por pedir dois ovos mexidos!
Seja o que for que tenha almoçado, lá se satisfez a pessoa a necessidade de se alimentar.
Foi o que me veio à ideia a propósito das hesitações, do contesta e não contesta, do decide e não decide como medida que permita ao governo arrecadar o dinheiro de que precisa para cumprir as metas com que se comprometeu com a Troika.
Saia de onde sair, o dinheiro terá de ser colectado, sem o que a continuação do financiamento da dívida pelo FMI, União Europeia e BCE fica comprometido, com consequências que melhor será não falar delas a esta hora da noite para não ficarmos com insónias.
Pobres de nós se nos deixarmos levar pelas conversas dos que, simplesmente, querem que se lixe a Troika! Há ainda muito para fazer antes disso. Precisamos de por em ordem uma casa há muito desorganizada por políticos incompetentes que, nas políticas de curto prazo, as únicas que esta "democracia do confronto" consente, nos endividaram para mostrarem o "serviço" que lhes poderia valer a continuação no poder. A sua enorme preocupação, o seu projecto mais querido.
Depois, e muito urgentemente, precisamos de ser fortes, sabedores e inteligentes para procurarmos as soluções que nos convenham, porque é estúpido este martelar no dedo na esperança de sentir o alívio nos intervalos. Tem sido assim sempre nas "soluções" das crises que, inevitavelmente, acabam por voltar.
Na situação delicada em que nos encontramos, não convém tomar atitudes de "marialva" que, com certeza, nos vão perder.
Disse algumas vezes que cada país tem o Carvalho da Silva que merece. Mas nem imaginava que havia um Arménio…

O PAÍS SEM TANGA…



Pois é, parece-me que, a menos qualquer mudança nos planos incisivos de criar uma crise política não controlada e trágica, aos quais PCP e BCE se têm dedicado intensamente, o país corre sérios riscos de passar do mau para o péssimo, de deixar de ser uma país de tanga para um país que nem tanga tem!
Entusiasmou-se o Arménio em sonâncias ao estilo de Luther King que, ao contrário das deste lutador, não fazem sentido algum. Porque não revelam um sonho mas apenas uma ambição!
Num país que desmandos em excesso tornaram não auto-sustentável, que sem os empréstimos da Troika não terá como pagar salários, garantir segurança nem praticar os actos administrativos mais simples, como pode ele prometer que não deixará que os salários desçam um cêntimo que seja quando correm o risco de, nem sequer, serem pagos?
Arménio joga na confusão e os êxitos que crê alcançar dão-lhe força para continuar de manifestação em manifestação pacífica, de greve em greve geral, de revolta em revolta descontrolada, num crescendo de estupidez que os mais atingidos pela crise não têm como controlar e os demais não conseguem arrefecer para ponderar sobre a irresponsabilidade que tal significa.
Arménio é agora vedeta que todas as TVs querem mostrar para, em entrevistas em que os profissionais entrevistadores se integram perfeitamente, dizer sequências de enormidades, próprias de quem não faz ideia do que possam ser as consequências daquilo que diz.
Há muito para mudar mas não em guerras intestinas, não a destruir o pouco que ainda nos resta porque importante é travar a guerra de exigir que a Europa que nos fez perder, abra os olhos e veja o enorme buraco em que está, também, a cair.
Haverá, sem dúvida, que mudar os políticos incapazes de fazer o que precisa de ser feito, mas não os substituindo pelos demagogos, mais incapazes ainda, que os querem derrubar e nem, sequer, pelos “primos” dos que nos colocaram nesta situação infeliz de desgraçadinhos que “seu” Estado ampara e os seus “boys” controlam!
Espero que os portugueses entendam que Portugal ainda não é o país da treta que o Arménio já julga ser. Espero que os portugueses, em vez de se entregarem à histeria que certas atitudes golpistas fomentam, reconheçam o seu valor para reerguer o seu país, pelas suas próprias mãos e não pelos “slogans” balofos e enganadores dos que apenas desejam, finalmente, o poder.
Pois não o terão!
Como se reergue o país? TRABALHANDO, reconstruindo tudo aquilo que deixámos apodrecer quando nos julgámos ricos.
 

sábado, 29 de setembro de 2012

A MANIFESTAÇÃO QUE FALTA



Pouco depois de nascer um dos meus filhos, entrou na clínica uma senhora cuja gravidez estava, visivelmente, em fim de tempo. Por certo apoquentada por dores, apenas gritava bem alto: “desisto”! Surpreendido, dei comigo a pensar do que seria que ela desistia se tinha no ventre uma criança que queria nascer. O parto era inevitável e teria lugar muito brevemente.
Recordo muitas vezes esta cena em situações de negação impossível, daquelas em que nada pode já evitá-las.
Portugal está numa dessas situações em que pouco ou nada poderá ser feito que evite o empobrecimento a que uma administração descuidada o condenou.
Temos no pescoço uma corda que um passo em falso pode apertar demasiado, a ponto de nos sufocar.
É uma situação incómoda, difícil de sustentar, penosa e revoltante que poderia ter sido evitada muito tempo antes, se não tivesse sido feito aquilo que a provocou. Tal como naquela gravidez de que a senhora queria desistir!
Está neste momento a discursar, na Praça do Comércio, um Arménio que afirma haver outros caminhos que não os da austeridade que o governo português nos impõe. Não indica outras soluções que não sejam as de sempre, as que penalizam o capital, esse monstro sem pátria que sempre se escapa quando o querem agarrar.
Não vale a pena insistir em soluções descabidas, aquelas que ninguém adopta porque são impossíveis de adoptar para além dos limites em que outros o façam também, porque de nada serviriam. E a menos que todos os países da zona euro se unam num verdadeiro esforço de recuperação, não há como fugir desta via que, verdade seja dita, também não conduz a qualquer paraíso.
Infelizmente, não vejo maneira de fugir a um triste destino que a nossa má cabeça e uma Europa egoísta nos impõem.
Revoltam-se os gregos, os espanhóis e nós também, protestando contra quem governa, em vez de um caloroso e imenso protesto contra uma Troika que nos obriga a sacrifícios excessivos dos quais é cada vez mais difícil sermos aliviados.
É essa a enorme manifestação que falta, uma manifestação que mostre o descontentamento dos portugueses pelos sacrifícios que, do exterior, lhe são impostos, apesar do reconhecimento de que nada voltará a ser com antes, para o que será necessário que seja feito o esclarecimento completo da situação em Portugal, na Europa e no Mundo. Isso competirá, sem dúvida, ao governo.
A não ser assim, como cumprirá Arménio Santos a promessa de que a CGTP não permitirá que os vencimentos sejam reduzidos um cêntimo que seja! Pagando-os com o dinheiro que já tem garantido ou deixando-nos a todos sem vencimentos, sem pensões, sem nada?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

É HORA DE ACABAR COM A IMPUNIDADE? OBVIAMENTE!



Obviamente, não podiam os socialistas deixar de ficar sentidos com a afirmação de ter acabado "o tempo da impunidade" feita pela ministra da Justiça, os quais, obviamente também, teriam de tecer as mais graves acusações e, até, pedir a sua demissão.
Não param os socialistas de apontar as manifestações cívicas dos portugueses como uma chamada de atenção que o governo deve considerar nas suas decisões. E nisso apenas posso dar-lhes toda a razão, assim como entender como boa a atitude do governo em as escutar. Mas nisto, como em todas as coisas, há que manter uma coerência que os socialistas não manifestam nesta sua atitude de “pedir a cabeça” da Ministra que, muito bem, considera que há que acabar com a impunidade, o que significa que a Justiça deve agir com a “cegueira” que lhe é própria, sem olhar a quem seja objecto da sua investigação ou punição, como lhe impõe a sociedade em nome da qual exerce a sua autoridade.
São inúmeras já as “petições” que percorrem a net, pedindo a “responsabilização civil e criminal para os políticos portugueses”, as quais, sem dúvida, se inspiram em factos que vamos conhecendo sobre possíveis “participações em negócio”, recebimento de “luvas”, cedências em contratos lesivos para o Estado Português e outros, às quais a afirmação da Ministra parece ser uma resposta.
A net tornou-se numa forma simples e rápida de comunicação, para a troca de ideias e até para convocatórias para manifestações que podem ser da dimensão das últimas que tiveram lugar, pelo que não são de desdenhar estas petições que, por certo terão a adesão de muitos cidadãos.
Compreendem-se facilmente as queixas socialistas, como se compreenderiam as de outros quaisquer se pelas mesmas razões, porque ninguém se queixa sem lhe doer. E são já diversas as lesões na massa socialista que devem doer bastante…
Mas não são de levar em conta porque mais importante é, sem dúvida, por um fim à impunidade de “crimes contra a sociedade” que os políticos possam cometer e não podem ser saldados num simples julgamento político, sejam simples manifestações, actos eleitorais ou outros que não os tribunais.
Acabem os julgamentos nas urnas que devem servir, sim, para enterrar a impunidade.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O PERIGO DE CHEIAS RÁPIDAS



A protecção civil alerta para os perigos de cheias rápidas e das correspondentes inundações nestes dias em que são previstas chuvas intensas. É um perigo efectivo em pequenas bacias hidrográficas pelas quais o tecido urbano avançou tornando menos permeáveis os terrenos, mais curtos os tempos de concentração e reduzidos os leitos de cheia.
São diversas as bacias hidrográficas nestas condições na região de Lisboa, com zonas urbanas muito populosas e, por isso, com muita gente sujeita aos perigos que a ocorrência de cheias rápidas implica.
As cheias rápidas podem provocar, praticamente sem aviso, subidas de vários metros nas alturas de escoamento que põem em risco bens diversos e animais, tal como pessoas que, pelas águas, sejam atingidos. Muitas linhas de água, na maioria do tempo sem escoamento visível, estão sujeitas a cheias rápidas que, note-se, são provocadas por precipitações intensas que, de um modo geral, não são de muito longa duração.
Durante tempo demais não tiveram algumas autarquias os cuidados necessários para evitar situações de risco que, depois são difíceis de corrigir.
A grande pressão urbanística nesta região, intensificada ao longo das últimas décadas, desflorestou encostas, impermeabilizou áreas enormes e invadiu leitos de cheias, criando as condições propícias aos acidentes que estas ocorrências provocam.
É bom que os possíveis expostos a estes acidentes tomem os convenientes cuidados para que, pelo menos, não provoquem vítimas humanas.