Depois de aqui ter abordado,
ainda que ao de leve, a questão da qualidade da gestão de que o Estado é capaz,
surge esta notícia perfeitamente brutal neste tempo de vacas magras: “Contas do
Sector Empresarial do Estado (SEE) voltaram a derrapar no primeiro semestre,
apesar do aumento de 5,3% nas receitas e do corte de 73,8 milhões nos custos
com pessoal. E o endividamento disparou para 30,6 mil milhões”.
A notícia diz mais que “as perdas
reportadas pelo SEE estão muito concentradas no sector dos transportes, que
acumulou até Junho prejuízos de 748,6 milhões de euros. O ranking das empresas
com piores resultados é liderado pela Metro de Lisboa, com perdas de 296,9
milhões no semestre. Seguem-se a Metro do Porto (-247,5) e a CP (-125,3)”,
enquanto outras geraram lucros, porém de valores menores, como no caso dos CTT
(+37,3), da Águas de Portugal (+35,7) e ANA (26,4).
Esta questão do sector dos
transportes públicos merece uma análise muito cuidada devido à sua função
social que me não parece ter vindo a ser bem assumida com a desorganização bagunceira
da qual neles nos damos conta.
Tal como em qualquer dos sectores
sociais, como na Educação e na Saúde, também nos transportes a gestão deve ser
feita de modo rigoroso e não com a permissividade habitual naquilo que é
considerado uma obrigação do Estado. Isto significa que os investimentos devem
ser os adequados à satisfação das necessidades, os meios não devem exceder os
que a boa qualidade dos serviços prestados requer e a exploração deve ser feita
com base nas melhores formas que a tecnologia permitir e a experiência ditar!
Os resultados deverão reflectir, por
isso, a melhor relação entre custos e serviços prestados, do que resultarão
preços de utilização optimizados mas correctos, os quais deverão servir de guia
às comparticipações do Estado para os tornar os transportes acessíveis à
generalidade dos cidadãos.
A função social dos transportes
não poderá ser desculpa para aligeirar o modo de gerir o sector ou para o
tornar o albergue que acolhe afilhados e amigos cujo número aumenta a cada
governo que passa!
Este é um dos aspectos negativos
da alternância “democrática” de poder que só a transparência e o rigor poderão
minorar.
Quanto a mim, os transportes do
SEE não devem dar prejuízo, como qualquer empresa bem gerida o não deve dar.
Para isso será necessário separar, de modo claro, a sua gestão e as
comparticipações do Estado consoante os casos e as circunstâncias.
A bagunça em que têm sido
administrados tem como resultados benefícios para alguns e prejuízos para todos
nós!
Finalmente e porque a situação plenamente o justifica, é indispensável esclarecer a razão pela qual a situação de prejuízos no SEE tanto se agravou neste primeiro semestre de 2012.
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