A actuação majestática do governo
no anúncio das mais recentes medidas de austeridade, pôs o país num reboliço
cujas consequências são, ainda, difíceis de prever.
Um crispamento cínico entre os
dois partidos da Coligação é, por demais, evidente, com o CDS a querer tirar
partido de um desde sempre planeado afastamento das medidas impopulares que, inevitavelmente,
teriam de ser tomadas. E, neste caso particularmente grave porque ninguém
esperaria que se fosse pelos caminhos tomados, Portas adoptou aquela atitude que em português deu origem a uma palavra nova, o “nim”, o povo saiu, maciçamente,
à rua, os analistas dizem as coisas de sempre e há quem faça petições para
deitar abaixo o governo!
A menos uns quantos desordeiros
de uma “escola de música” bem conhecida que tentaram, sem qualquer êxito,
provocar a polícia e transformar uma manifestação pacífica num motim, tudo
decorreu em boa ordem, sem as loucuras que tantas vezes temos visto em outros
lados. Mesmo assim, os mercados reagiram mal perante a leitura de factos que
podem indiciar uma crise política.
Os prejuízos financeiros já aí
estão da parte dos mercados, faltando saber se um possível agravamento desta
crise não prejudicará o envio da “tranche” que, em princípio, os resultados da
quinta apreciação da Troika justificaria.
Penso que do Conselho de Estado
que o Presidente da República convocou, com a presença do Ministro da Finanças,
poderão sair algumas ideias que orientarão Cavaco Silva numa tomada de atitude
a que se não poderá furtar.
É certo que, na opinião da
maioria, o governo errou em decisões que tomou, eventualmente pressionado por
uma Troika imperativa, mas que sempre tira o pé do tapete antes de o
puxar. Francamente, é uma atitude difícil de entender, esta de,
pressurosamente, declarar que as medidas não são da sua responsabilidade quando
sente que a contestação aumenta.
Parece-me demasiadamente estúpido
o que se está a passar ou o que se passou em todos os actos deste drama
descabeçado cujo final ainda não foi escrito mas que, na melhor das hipóteses,
não terá um final feliz!
A menos que os homens capazes e
sensatos deste país se decidam a defender Portugal.
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