ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

NESTE PAÍS DE PLÁGIOS…



Ao que creio, ainda não está fechado o processo dos numerosos plágios de que acusam o Toni Carreira e já outro acontece, este no chamado festival da Eurovisão, com uma canção que, conforme a audição do que dizem ser o seu original, é uma autêntica réplica deste.
Que as combinações musicais não são infinitas… blá, blá blá, estas coisas podem acontecer.
Evidentemente que podem e até poderá ser o caso da canção de Diogo Piçarra que não é difícil de reparar ser igual a um já velho cântico da IURD, de 1979, mas, mesmo assim, está a ser acusado de plágio que diz não se tratar de mais do que uma “coincidência irónica e cómica”, pelo que vai continuar a defendê-la, confiante no apoio dos que admiram o seu trabalho.
Diz-se, pois, de consciência tranquila o autor e intérprete de uma das canções vencedoras numa das eliminatórias para encontrar outro Salvador.
Lembro-me de, há muitos anos, eu ter tido a veleidade de fazer uma canção que seria cantada numa daquelas festas de Verão que a rapaziada fazia quando se encontrava nas férias. E comecei a trauteá-la para que o meu amigo Quim a tocasse no seu acordéon, já que eu, de música, mal conheço o dó-ré-mi.
Quanto admirado fiquei porque, logo depois da primeira frase musical ele continuou, sozinho, o meu original, explicando-me que nada mais fizera do que dar continuação a uma ideia vulgar, como acontece no linguajar pouco elaborado que a maioria utiliza.
Pois eu creio que terá sido isto que aconteceu ao Diogo a quem ocorreu uma ideia igual à do tal “pastor” da IURD e ambos a continuaram do mesmo modo simplório, como convém aos cânticos que devem ser facilmente assimilados para serem cantados em assembleias, sem grandes desvios nem desafinações.
E eu pergunto-me se, mesmo assim, se trata ou não de um plágio. Penso que não porque, naturalmente, não posso plagiar o que não conheço.
Mas quanto à questão de autoria… já me parece que o autor será o que a descobriu primeiro.
Então como vai Diogo continuar a defender uma canção casualmente duplicada?
Enfim, seja como for, o sucedido não abona muito a qualidade das canções apresentadas, das quais a agora acusada de ser plágio foi uma das mais apreciadas!
Há belíssimas canções de autores portugueses que, pelos vistos, pouco ou nada se interessam por estes festivais.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

OS PREDADORES



Ontem vi um filme cujo tema é o assalto à Terra por um tipo de extra-terrestres que andam pelo espaço, de planeta em planeta, em depredações sucessivas.
Exaurido um planeta passam ao seguinte já previamente escolhido em função das suas condições de vida e dos recursos que possui.
É, na realidade, uma situação assustadora, mas não tanto pela hipótese de poder acontecer como a história do filme ficciona mas pela de estar a acontecer sem que predadores externos nisso intervenham.
Por que razão não hei-de falar assim se é o que se passa quando, porque gastamos mais do que o que é possível produzir em continuidade, o excesso consumista em que caímos já utiliza em pouco mais de sete meses o que a Natureza pode repor num ano inteiro?!
Isto significa que já exercemos sobre a nossa Terra uma pressão muito superior à que ela pode suportar, continuando a aumentá-la como o necessitam os políticos para manter o seu poder.
É o resultado do crescimento económico contínuo que um mundo finito e regido por regras naturais não pode suportar para sempre.
Mas esta terrível questão que parece poder ser avaliada de um modo linear, é bem mais complexa pelas consequências da actividade económica crescente sobre o Ambiente, como a aceleração das alterações climáticas e outras que reduzirão cada vez mais a capacidade de produção da Terra, a tal situação à qual, segundo hoje li, Catarina Martins, do BE, diz termos de nos adaptar!
Mais do que isso, os efeitos sobre os seres vivos antevêem-se terríveis, quantitativamente e qualitativamente, até que, ultrapassadas as exigências mínimas para existência de vida, esta vá desaparecendo nas suas diversas formas.
E os grandes problemas do mundo são os que os políticos discutem em encontros e mais encontros que fazem, com preocupações económicas que superam e, muitas vezes, até fazem esquecer as que deviam ter com o futuro da Humanidade que a Ciência já considera comprometido?
A extinção da Humanidade será inevitável a prazo. Para que acelerá-la enquanto nos vamos equivocando com teorias ou atitudes insustentáveis?
Será motivo de grande regozijo a aparência de reconciliação das duas Coreias nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno quando o mais natural é ter sido mais uma jogada do “grande Kim” para alcançar os seus objectivos de sustentação de um poder supremo que, tal como a capacidade de suporte da Terra, também não eternamente suportável?
Não sei se é assim ou não, ainda que me pareça que seja, mas prepararmo-nos para suportar as consequências dos erros que fazemos em vez de os evitarmos, não me parece ser uma proposta que a inteligência aprove. 
E tudo isto acontece apesar dos milhares de milhões que sofrem de fome neste mundo de predadores.

 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

E QUANDO O MAR BATE NA ROCHA…



Cada vez que dou conta das reclamações, e são muitas, de tanta gente a quem o BES burlou, levando-as a confiar-lhe o seu dinheiro, por vezes as economias de toda uma vida que agora não conseguem reaver, não posso deixar de sentir uma raiva surda por um Estado que devendo ser “pessoa de bem” o não é, pelo modo como se comporta perante “individualidades” que devem muitos milhões ao sistema (como, por exemplo, o tão falado caso de Luis Filipe Vieira e suas empresas) mas continuam vivendo como nababos e aqueles que, enganados, enfrentam agora grandes dificuldades, numa vida que mereciam viver de forma tranquila.
Corridos daqui para ali, como Cristo de Herodes para Pilatos, o Estado lava as suas mãos, descarta as suas responsabilidades e, como num passe de mágica de que nem David Coperfield seria capaz, milhões evaporam-se ou voam para os bolsos de alguém!
Quantos milionários gatunos andam por aí à solta, alguns que, até talvez, tenham sido condecorados pela arte com que a todos enganaram, continuando a ser grandes personalidades a quem outras não menores continuam a não negar a sua companhia, quem sabe se até a sua admiração, apesar das suspeitas de crimes que sobre eles pendem.
Não seria já tempo de resolver estes assuntos de um modo que compensasse os aldrabados e castigasse os aldrabões e, para além disso, nos aliviasse de termos de pagar, com o pouco que os impostos nos deixam, o que eles esconderam em paraísos fiscais e estoiraram em luxos e vida de gente fina a quem não passa pela cabeça que haja quem passe fome?