ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA NAS REDES SOCIAIS



As redes sociais são bem uma mostra do nível de quem as utiliza para manifestar as suas opiniões, nas quais os confrontos maiores ocorrem, naturalmente, nos domínios da política e do desporto profissional, principalmente o futebol.
Mas deixando de lado o futebol onde alguns esforços para acabar com a opacidade e até, porventura, com a corrupção que se tem verificado nas suas estruturas e procedimentos, estão a provocar atitudes e iras verdadeiramente lastimáveis por parte de pessoas que deviam ser de bem como o princípio maior do desporto, alma sã em corpo são, o faria crer, limitemo-nos à política que afecta mais profundamente as nossas vidas, quer no presente quer no futuro.
Aqui, o confronto acontece, sobretudo, entre apoiantes e detractores do anterior governo que raramente utilizam argumentos razoáveis para apoiar as convicções que expressam.
Como é natural, o anterior primeiro-ministro é o alvo preferencial dos que acreditam nas promessas do actual e das quais aquele tem todo o direito de temer os resultados que possam ter, por entender não serem as adequadas. De estranhar seria o contrário e sendo essa a sua convicção, deve revelá-la e chamar a atenção para as más consequências, sobre o que os eleitores devem reflectir maduramente para formar a sua própria opinião.
Mas parece preferirem a ignorância que os defenda da dureza da verdade!
Afinal, democracia é confronto de ideias, de convicções, mas jamais de preconceitos que, infelizmente, são as armas de arremesso preferidas nas redes sociais.
Por exemplo e porque o acabei de ler, de Passos Coelho foi dito que “Mais uma vez Passos demonstra que é um cidadão que convive muito mal com a Democracia e como lhe tiram o poder o homem deseja o mal para os Portugueses...”, o que foi dito em consequência da sua afirmação de que "quem é que põe dinheiro num país dirigido por comunistas e bloquistas?".
O que se segue em intervenções diversas, são, por exemplo, afirmações como estas:
- “Mais uma filhaputice desse submisso a interesses estrangeiros. Agora apela a que não se invista em Portugal”.
- “Portugal um país de atrasados mentais PSD e CDS, com banqueiros no seu melhor”.
- “Este tipo é um verme”.
- “Que FdP”.
- Etc….
Não me parece que valha a pena fazer quaisquer considerações sobre a questão inicial e as "elevadas e esclarecedoras" reacções que provocou.
Perante tudo isto e voltando ao início que despoletou estas e outras ainda menos convenientes reacções que julguei melhor não reproduzir, no qual é afirmado que Passos convive mal com a democracia, a pergunta que se impõe é, perante o que deve ser a democracia, afinal quem é que não convive bem com ela? Passos Coelho que diz o que pensa ou quem o insulta porque o diz?
 

domingo, 28 de agosto de 2016

O BRAÇO DE FERRO NA EDUCAÇÃO



A educação tem sofridos tratos de polé desde que os “eruditos” que se tornaram seus “donos” resolveram fazer dela o que bem entendem, na sempre inacabada procura de um melhor que nunca o é.
No fundo, não passam de tecnocratas complicativos que nunca são capazes sequer de preparar um início de ano lectivo sem incidentes mais ou menos graves nem de proteger os interesses das famílias em vez dos interesses de “autores” e de editores com as constantes mudanças de manuais que, em vez de tendencialmente gratuito tornam o aprender muito caro!
Além de apreciador directo de muitas insuficiências que os “melhoramentos” introduziram e não fizeram os estudantes falar ou escrever melhor e nem, sequer, saber mais, bem pelo contrário, assim como dos resultados medíocres em saberes fundamentais como a física e a matemática que se tornaram problemas maiores do nosso ensino, aprecio agora, estupefacto, esta guerra entre o ensino público e o ensino privado que mais me parece uma tentativa de monopolizar a educação ao modo de como em alguns regimes musculados acontece.
O ensino público, aquele que o Estado constitucionalmente se compromete a tornar gratuito, está longe de merecer os louvores que tal intenção merece e, mais do que isso, não tem capacidade para abranger da melhor forma todos os cidadãos em idade escolar, mesmo estando em decréscimo.
É natural que, tal como em outros casos também fez, o Estado fizesse acordos com o ensino privado para suprir as suas insuficiências quer financeiras quer de meios de ensino, incluindo professores que, tantas vezes, tanto deixam a desejar.
Não sou ingénuo que negue a possibilidade de conluios que, em alguns de tais acordos, tenham acontecido, mas estupidez seria tomar a árvore pela floresta e fazer pagar o justo pelo pecador.
Os educandos devem continuar a dispor de escolha, porventura algumas vezes bem melhor do que as alternativas que algumas escolas públicas oferecem nos mais variados aspectos.
E, finalmente, deve o Estado honrar os compromissos que assumiu e não deve simplesmente descartar em vez de corrigir os erros que tenham sido feitos.
Tenho sérias dúvidas sobre a qualidade de um ensino sem alternativas, pelo menos até as escolas públicas superarem as múltiplas carências que, em muitíssimos casos, revelam.
De resto, porque será que, mesmo naqueles casos em que escolas públicas e privadas comparticipadas quase estão lado a lado, não são, por via de regra, as públicas as preferidas e muito menos as melhor sucedidas?
Não haverá muito para pensar e corrigir antes de começar a destruir como é hábito nas reformas que se fazem neste país? Ou os interesses envolvidos não podem esperar?


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A ÁRVORE DAS PATACAS!



Naquela leitura que faço todas as manhãs das notícias ao minuto, hoje encontrei sete ou oito situações (pelo menos) em que Marcelo elogia o governo. Por isto, por aquilo, sempre coisas menores, elogios não faltam, o que me parece a antítese do que fazia enquanto comentador e o governo era o do Partido a que pertence.
Até quanto à Caixa, um escândalo maior do que o BPN ou o BES, Marcelo limita-se a dizer que fez bem o governo não ter mudado a lei que o BCE invocou para chumbar alguns nomes que constavam do regimento de nomeados para o “banquete” dos administradores não executivos. Um assunto que talvez mereça uma reflexão mais cuidada.
É pena que, em vez disso, o PR não exija uma análise profunda a tudo quanto se passou no banco de todos nós onde administradores, sem dúvida “competentíssimos”, criaram situações de compromissos sem garantias que puseram o banco de pantanas! Alguns, dos que me constam, são de bradar aos céus.
Quem terão sido eles?
Como é possível o maior banco português cair nesta? Porque é fácil fazer o que nos apetecer ou convier naquilo que, sendo de todos, não é, afinal, de ninguém? Talvez. Durante algum tempo, o que aconteceu faz-me lembrar a imunidade dos diplomatas que lhes permite fazer o que quiserem sem que alguém possa impedi-los.
Quem são os responsáveis pelo crédito mal parado que todos vamos ter de pagar? Como vão ser responsabilizados?
Não vamos ter de pagar os quase 5 mil milhões de que a Caixa necessita? Pois não, devem cair do céu.
Depois dizem que é melhor não falar da Caixa para a não desacreditar?
Tudo está a ser feito para que passem em claro os desmandos cometidos e impunes os que os cometeram.
Depois, aquela piada de que a recapitalização não vai afectar o défice… Mas como, se vai aumentar a dívida externa? Manobras contabilísticas, daquelas de varrer o lixo para debaixo do tapete.
A verdade é que nós não pagamos o défice, pagamos a dívida e essa aumenta ao ritmo de quase um milhão e meio por hora!

SUSPEIÇÕES!!!



É ainda a modos que a medo que se começa a falar de certas coisas e de atitudes de políticos que não podem deixar-nos tranquilos quanto à razão pelas quais são tomadas.
Mas não são já desconfianças, são certezas as que nos permitem algumas que não podem deixar qualquer dúvida quanto ao que significam.
Além do mais, ficou para a História que “à mulher de César não basta ser séria…”, o que bem se pode aplicar a estes “deuses” que tantos veneram.
Por isso acho piada a uma declaração de Marcelo Rebelo de Sousa, o nosso Presidente, como a que acabo de ler que, referindo-se ao caso das viagens oferecidas pela Galp, supostamente uma grande devedora do Estado, a certos políticos para assistirem a jogos da Selecção Nacional no Euro 2016, as considerou como não boas para a política por permitirem suspeições.
Marcelo tem variadíssimas características, até algumas que aos vulgares mortais são vedadas como, por exemplo, ditar duas ou três cartas ao mesmo tempo enquanto escreve um artigo para a página dois do Expresso, dormir metade do que a maioria de nós necessita para se sentir bem, ler dezenas de livros numa semana cheia de outros afazeres de professor, de comentarista, etc, etc… mas ingénuo é que não é!
Ingénuos são os que acreditam na “santidade” de alguns dos que escolhem, ou não, para nos governar.
O Presidente não deve ter lido aquele texto sobre corrupção que dizia ser Portugal o 5º país mais corrupto do mundo! E não terei sido eu nem o meu vizinho, tal como a maioria dos anónimos que, como eu e o meu vizinho, enchem as ruas, quem contribuiu para a estatística portuguesa que tal conclusão permitiu apesar, até, de alguma falta de rigor com que tenha sido feito o divulgado estudo.
Olhe-se só para uma investigação em curso que parece não mais acabar e que, a continuar assim, irá chegar a mais gente de nome do que cabelos ainda conservo na cabeça. Com tantas pernas, não parece um polvo, parece um ninho de centopeias.
Mas há formas mais discretas de fazer as coisas como outros, mais inteligentes, poderão ter feito.
Desde há muitos anos, muitos mesmo, que conheço aquele dito “bom não é ser ministro, é tê-lo sido”.
E a melhor interpretação que conheço deste dito que, tal como outros, resultou do que o povo atento observa, talvez seja a de alguém que aproveita, instantaneamente, uma desgraça que acontece e pela qual alguém jamais o poderiam responsabilizar, para se demitir (!), deixando o ministério sem cabeça quando a situação necessitaria de alguém forte para conduzir as múltiplas acções que a pós-ocorrência impunha, assim como esclarecer as razões pelas quais aconteceu e nunca chegaram a ser oficialmente reconhecidas, num processo ridículo demais. Mas foi assim...
Obviamente que era bem melhor outro cargo, que não o de ministro, onde ganharia não sei quantas dezenas de vezes mais…
Por exemplo!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O ESPÍRITO DA LEI, A IMUNIDADE DIPLOMÁTICA E O CRIME SEM CASTIGO



Depois de tanto ouvir falar da imunidade diplomática, aquela que pode deixar impunes os mais abomináveis actos que os que gozam dela possam praticar, alguma opinião devo ter sobre o assunto.
A primeira coisa que quero salientar é que a lei deriva de uma convenção assinada no tempo da “guerra fria” e tinha (não me enganei no tempo do verbo) como intenção proteger os diplomatas de acusações ou “armadilhas” que, por vingança, contra eles pudessem ser montadas em países onde alguma hostilidade ainda se manifestasse, como seria natural acontecer naqueles tempos de ódios muito frescos ainda. E já lá vão cerca de 60 anos!
Seria, pois, este o “espírito da lei” que, jamais, se pode confundir com o direito de fazer o que lhe der na gana sem sofrer as consequências.
Ontem assisti a um programa televisivo no qual participaram 3 ou ou pessoas com formação jurídica, um ex-diplomata e uma psicóloga e ouvi, desde dizer que, por mais abominável que seja, é a lei que existe e apenas o seu total respeito está certo, até algumas tentativas de humanizar uma lei que terá tido a sua razão de ser numa certa fase da vida do mundo mas que, agora, de razoável nada tem.
Os tempos mudaram. Disso não há a mínima dúvida e ao longo das últimas dezenas de anos, as mudanças acontecem com uma velocidade cada vez maior, pelo que ou a lei se adapta a essas mudanças ou deixa de ser uma lei aceitável.
Apenas as leis naturais são imutáveis e, por mais que os tempos mudem as coisas e o modo de viver, os graves continuarão a “cair para baixo”. Não tem que se aceitar ou não porque é, naturalmente, assim. Ninguém a pode mudar.
Mas não me parece aceitável que uma lei humana como esta é, por possa deixar sem castigo um crime abominável que venha a ser provado e nada tem a ver com o tal “espírito” da lei que defendia os diplomatas de abusos ou de retaliações que o espírito revanchista que se vivia poderia provocar-lhes!
Foram citados diversos casos que me deixaram horrorizado, casos em que houve, em alguns deles, vítimas mortais de atitudes criminosas e a Justiça, simplesmente, cumpriu a lei, não castigando. E tudo isto foi julgado natural.
Alguém apresentou a hipótese de um diplomata que fosse para a auto-estrada conduzir o seu carro de modo descuidado ou, propositadamente, para causar acidentes. Pois houve quem, mesmo assim, continuasse a defender aa primazia de uma lei que, tenho a certeza, não foi feita com esse espírito.
Directamente não ouvi nenhum deles falar do “espírito da lei”, a razão de ser que as leis tentam explicar nos seus preâmbulos e o resultado da conversa foi que o Ministério Público pedirá ao Iraque que levante a imunidade aos jovens ou, se tal não acontecer, estes muçulmanos desrespeitadores da lei de Alá, poderão ter cometido um crime odioso sem que sejam castigados.
E que difícil seria um tribunal como, por exemplo, o Tribunal Internacional de Haia, julgar o caso ou ajustar a lei aos tempos que correm, por mais difícil que fosse fazer aprovar a alteração pelos 190 que, antes, assinaram a anterior?
Chocou-me, profundamente, ouvir defender o crime sem castigo.