ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 14 de agosto de 2016

E DEPOIS DO INFERNO?




(Fotografia de Notícias ao Minuto)
Agora que mais de cem milhares  de hectares de mata estão desfeitos em cinza, muitos milhões de euros é o valor dos bens destruídos e pessoas morreram, ficaram feridas ou afectadas pelos horrores que viveram, quando metade de toda a área ardida na União Europeia se situa em Portugal, não será demais pensar que nada poderá, no futuro, ser como dantes.
Muito terá de mudar para criar as condições de segurança mínima que numa sociedade evoluída são exigidas.
É de ciência certa que a grande maioria dos incêndios resultam de actos pirómanos, na sua maioria isolados, o que, para além dos que são causados por actos descuidados ou irresponsáveis, deixam uma muito pequena percentagem para os incêndios de origem natural. O que facilmente se aceita dadas as condições em que a combustão expontânea pode acontecer.
São oportunas as conclusões de Filipa Jardim da Silva, Psicóloga da Oficina de Psicologia, sobre as características dos ateadores de incêndios que, diz, “têm uma perturbação de controlo de impulsos, que sofre de depressão, têm algum atraso mental ou dependência de álcool. Alguém pouco enraizado na sua comunidade, que está sozinho, com uma vida precária e que, de alguma forma, desenvolve este fascínio pelo fogo como fonte de prazeres na vida”.
Além disso, chama a atenção para o papel das redes sociais da internet que “para além de darem esse mediatismo mais rápido e acessível, também acabam por ser um canal privilegiado de informação. Hoje em dia, não só nas redes sociais como na internet, conseguimos aprender a atear um incêndio de forma eficaz” (Notícias ao Minuto).
Para além do ordenamento territorial indispensável ao desenvolvimento e ao qual em outra ocasião me referi, há aspectos sociais, políticos, judiciais e educacionais que têm de ser enfrentados e decididos.
A sociedade não poderá apenas queixar-se dos danos sofridos pelas calamidades acontecidas. Terá de prestar atenção ao que nela se passa, procurando minimizar as circunstâncias que dão azo a que os incêndios florestais aconteçam.
Politicamente, há decisões da maior importância a tomar, incluindo a destruição das redes de interesses que sempre se criam nestas circunstâncias e transformam as desgraças que aconteçam em oportunidades de negócio, aproveitando, racionalizando e potenciando meios e organizações estatais existentes.
Por sua vez, a Justiça não poderá continuar a julgar os actos pirómanos como crimes menores, sejam quais forem os seus autores porque, pelas suas consequências, reais ou potenciais, o não são. Que se ajustem as leis e os procedimentos jurídicos à gravidade das consequências dos incêndios florestais que, neste início da época de 2016, atingiu já proporções excessivas, é uma atitude da maior urgência que, há muito, a Assembleia da República, deveria ter encarado.
Às famílias e à Escola cabem responsabilidades que, se descuidadas, tornam a sociedade desorganizada e permissiva. 


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