ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 30 de maio de 2015

OS ENGANADOS DO BES


De manifestação em manifestação, em romarias de queixas profundas mais do que justificadas para quem se sente espoliado das poupanças de toda uma vida por uma mentira pela qual alguém é, inevitavelmente, responsável, os “enganados do BES” desesperam por uma solução que, é para mim evidente, a Justiça Portuguesa lhes deve, com a brevidade que situações desesperadas exigem.
Procurar e punir duramente os responsáveis que me não parece serem assim tão difíceis de encontrar, deveria ser, também, prioridade de quem definiu a solução da qual saiu o Novo Banco que não deve ser o proveito que a ruína de outros produziu.
Da informação geral não transparece que alguma solução esteja a ser decidida neste caso que a informação disponível permite configurar como burla, atitude que tudo condena e não pode, por isso, passar sem castigo.
Não podem os “donos disto tudo” e os “arquitectos” do esquema enganoso pelo qual tanta gente foi lesada, sair sem custos pesados da tragédia que provocaram e é para mim um caso de solidariedade social que todos exijamos que sejam condenados.
Pode não ser possível distinguir entre os que foram ou não intencionalmente enganados, mas foram, com toda a certeza, enganados os clientes individuais que mais não desejavam do que ter o seu dinheiro protegido.
Uma solução terá de existir e condenações pesadas também.


O PESADELO DA SEGURANÇA SOCIAL


Os descontos que os trabalhadores fizeram para garantir a sua pensão de velhice foram, muitas vezes, utilizados para outros fins, como uma espécie de “fundo de compensação” que, um dia, chegou ao fundo!
Não fora assim, tivesse a SS seguido as regras da rentabilização dos dinheiros recebidos, esta enorme mutual atingiria facilmente os seus desígnios em vez de ter de cortar nas pensões ainda mais do que em outras “despesas” com a desculpa de que os pensionistas recebem mais do que aquilo que os descontos que fizeram poderiam justificar.
Mas como em outras circunstâncias em que o mal está feito, “não adianta chorar sobre o leite derramado” porque ele não volta para o caneco.
Uns dizem que a “maioria” não tem, para este problema, soluções que lhes possam render votos nas eleições que se aproximam e António Costa descobriu-a em contribuições excepcionais que rentáveis empresas de capital-intensivo terão de dar para suprir as falhas que as contribuições normais estão a gerar, enquanto alivia as das de mão-de-obra intensiva!!!
Como se diz de certo jogo de azar, seria fácil e daria milhões se o capital fosse magnânimo como Costa parece julgar que seja e se deixasse seduzir, vendo em tal atitude de corte da sua rentabilidade uma nova razão para em Portugal fazer os investimentos dos quais a economia portuguesa desesperadamente necessita, em vez de os evitar.
É mais do que evidente que estamos na fase mais aguda da “doença da pele curta”, quando para tapar uma chaga logo outras ficam a descoberto, como é próprio das "espertices" que, parecendo resolver tudo, nunca resolvem nada.
Diz a ministra das finanças que a solução terá de resultar de um amplo consenso com o PS que, pelos vistos já a encontrou num jogo de raspadinha!
Mas não é de consenso algum que nascerá uma solução se não for para concluir que as medidas avulsas deixaram de fazer sentido e que apenas uma reestruturação global e alterações profundas de conceitos poderão ter outro resultado que não seja a degradação que se tem verificado ao longo das últimas dezenas de anos em que os mais atentos chamaram a atenção para as dificuldades que se viriam a viver, sem que um qualquer “político inteligente” os quisesse escutar.
Não tem soluções a maioria, nem o PS e nem outro partido qualquer, neste mundo de fantasia em que o SYrisa teve, ao menos, o mérito de mostrar que o “rei vai nu”.


sexta-feira, 29 de maio de 2015

A LIÇÃO DO ERRO


Recordo-me de nos meus primeiros tempos de jovem engenheiro do LNEC ter ouvido, de um especialista francês, que as técnicas de construção de pontes tinham evoluído pouco em França porque ali “não caem muitas pontes”!
Ainda pouco habituado à ironia em coisas sérias, chocou-me aquele modo de dizer que, afinal, mais não era do que uma forma contundente de afirmar que é com os erros que mais se aprende. A verdade é que, passadas já tantas dezenas de anos, ainda é aquela afirmação brusca que em mim ressoa quando se trata de avaliar os erros cometidos para deles retirar os conhecimentos que me podem dar.
Mas é, entre nós, um hábito enraizado o de tomar todos os erros como um drama insuperável que deve levar à mudança radical das coisas, assim perdendo as vantagens que, em vez disso, a experiência daria.
Em política é sistematicamente assim, porque é assim que a alternância redistribui as benesses do poder, para o que qualquer pretexto serve. Tal como a queda de uma velha ponte pode ser o que apressa as vantagens de ser ex-ministro, também os trambolhões do BPN ou do BES, são a oportunidade para as clientelas que os partidos têm de satisfazer, assim desprezando as lições que os erros sempre nos dão, sobretudo pela experiência que trazem e pode minorar os efeitos de outros erros que, inevitavelmente, no futuro irão acontecer.
É isto que me ocorre quando oiço as críticas tão assanhadas à recondução de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal por alegadas falhas de supervisão que já fizeram esquecer as do actual vice-governador do BCE que parece ter neste cargo o prémio que as suas, no BdP, lhe mereceram.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

USA E DEITA FORA


Há muitos anos já, Alvim Tofller, no seu livro "O choque do futuro" chamou a esta a CIVILIZAÇÃO DA TRANSITORIEDADE"!
Trocaram-se lealdades e amores por egoísmos e "oportunidades" com os quais cremos nos aproximar da felicidade que, afinal, sempre nos foge nesta ânsia de ter mais ou melhor.
Quebraram-se os laços fortes que a solidariedade humana ao longo de séculos criara, as dedicações esfumaram-se e o alcance de objectivos, porque se alteram em função de oportunismos, deixou de fazer parte da luta pela vida.
Cobiçar o alheio tornou-se moda e a realização pessoal fica-se pela satisfação de caprichos.
Tanta coisa que poderia dizer sobre este tema da transitoriedade que o texto que adiante transcrevo ilustra como poucos e se pode traduzir assim: "deita fora e usa outro". Só precisas de procurar uma razão, nem que seja o conselho de um amigo idiota!
Nele, nem uma só vez se referem os problemas que uma relação sempre trás nem as vantagens de de os superar para os vencer para a tornar mais forte, porque o objectivo é bem outro PROCURAR NÃO O QUE NOS UNE MAS O QUE NOS DIVIDE para alijar as responsabilidades que uma relação sempre trás, com todas as consequências humanas, nos próprios, nos filhos, nos familiares, que tamanha leviandade possa ter. Porque o egoísmo disso se não ocupa.
Neste mundo onde o egoísmo e a inveja imperam e os "conselhos de amigos da onça" assumem foros de grandes sentenças, a vida fica esta manta de retalhos sem ponta por onde se lhe pegue.
Nem uma só vez, em todo o texto, se aflora a hipóteses de procurar as causas da situação que se viva para as superar porque o objectivo único é encontrar as razões que justifiquem a separação desejada!
E, deste modo, também este texto preencheu mais um espaço que estava ainda em branco na edição do jornal sem pensar nas suas consequências numa sociedade que sem a estabilidade da família que desfez, cada vez mais se torna presa fácil da destruição.

http://www.noticiasaominuto.com/mundo/397324/oito-sinais-de-que-e-tempo-de-acabar-a-relacao.

domingo, 24 de maio de 2015

QUEM COME FIADO…


Depois dos generosos encómios que dedicou às entradas de leão do Syrisa, aquele partido que conquistou os gregos com a promessa de os livrar da Troika, dos méritos que reconheceu à política do “vai ou racha” que Tsipras adoptou para resolver problemas que só negociações sérias e reformas profundas poderiam resolver, o líder do PS temperou o seu discurso depois de começar a ver os maus efeitos que tal procedimento causava.
Mesmo assim, copiou-lhe o princípio de atirar para o ar e, depois, ficar a ver onde vai cair. Correndo o risco de lhe cair em cima.
É por isso que Varoufakys teme o “dilema catastrófico" de, num futuro já bem próximo, ter de escolher entre pagar os empréstimos aos seu credores ou pagar salários e pensões aos trabalhadores e pensionistas a quem prometeu o fim da austeridade. 
Já antes Hollande, cuja vitória eleitoral encheu de esperanças a maioria dos franceses e de euforia o PS de Seguro, pensou que fazendo peito ganharia força. Mas perdeu e é hoje um dos presidentes menos populares em França.
Têm falhado aqueles de quem os socialistas fizeram seus mestres na caminhada de regresso ao passado de felicidade virtual a que os “conquistadores” aspiram e a insensatez constrói mas só garante de um modo fugaz.
Depois, ficam os dilemas mais complicados de decidir e a catástrofe bem mais próxima de acontecer.
Governar não pode ser fazer disparates para fingir que se cumprem promessas que ajudam a ganhar eleições mas que as circunstâncias mostram serem impossíveis de cumprir, como não deve ser esperar que um milagre resolva os problemas que criarmos ou que outros paguem as dívidas que fizermos.
As provas estão aí. Mas é habitual pensamos que as coisas más só aos outros acontecem. E seja o que Deus quiser.
Por isso me parece adequado aquele velho ditado “quem como fiado… caga novelos”, tenha o “fiado” o significado que tiver e os “novelos” também!


sábado, 23 de maio de 2015

AFINAL, QUEM TAPA OS OLHOS?


A privatização da TAP era coisa já sabida em acordos assumidos, em programas de governo sufragados. Por que, então, tanta surpresa e contestação se a maioria esteve de acordo?
Uma questão de “troca-tintas”? Não creio. Uma questão de areia nos olhos? Talvez.
Não me parece difícil de entender que a TAP deu o passo maior do que a perna, originando uma situação em que o equilíbrio fica instável e a queda se torna quase certa.
A verdade é que, por decisões melhores ou piores, a TAP se tornou numa empresa de dimensão e de qualidade que, infelizmente, não temos condições para manter porque as regras comunitárias não consentem o investimento que o único proprietário, o Estado, teria de fazer. A privatização é, por isso, a única via que pode evitar que, de grande empresa de transportes aéreos que conseguiu ser, se tenha de transformar, de novo, na pequena TAP que já foi, com todos os custos financeiros e sociais que causaria.
É assim na vida quando as coisas assumem dimensões que não podemos mais conter. Natural e para além das razões que impuseram outras privatizações é, portanto, esta privatização a que o Governo se propõe.
Mas como se tornou habitual, particularmente em ano de eleições, o que não passa de uma decisão que outras claras razões ditaram, logo se torna num caso político que uma certa “oposição” aproveita para atacar aqueles que querem apear do poleiro que julgam pertencer-lhes. E lá vão adiantando uma, duas ou três razões que desenvolvem à saciedade, para mostrar os inconvenientes de uma operação que, assim dizem, custará aos contribuintes muito caro!
Procuram as piores razões entre as diversas que a avaliação de qualquer projecto sempre deve considerar. E bastará pegar num dos aspectos negativos e desenvolvê-lo, esquecendo os demais para fazer a “demonstração” que só mal informados ou distraídos podem aceitar.
São as mentiras de que os políticos se aproveitam para levar a água ao seu moinho que, assim, funcionará em vazio, sem produzir o "pão" que, prometeram, nos iriam dar.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

O RIO VIRÁ DEPOIS!


Hoje estive a escutar um provável futuro ministro de qualquer coisa do provável futuro governo de Costa a apresentar o “projecto do programa eleitoral do PS".
Longe da realidade que nos não aponta razões para grandes esperanças numa vida muito fácil, o programa alimenta expectativas que, quase por certo, as circunstâncias não permitirão realizar.
Aliás, veja-se o que, de um modo geral, se passa por todo o mundo.
Todas aquelas promessas de passar da vida dura a que anteriores excessos e desleixos nos obrigaram, à vida em que tantas promessas nos querem fazer acreditar, em nada se desmarcam dos típicos programas eleitorais com os quais se ganham eleições, porque jamais alguém as venceu a prometer mais trabalho.
E veio-me à lembrança uma velha história que se conta de uma campanha eleitoral em que o candidato se deslocava de terra em terra para fazer as promessas que, em cada caso, mais convinham.
Nos comícios que, em cada local, fazia, alguém da terra lhe sussurrava ao ouvido o que aos locais mais poderia agradar que fosse feito. 
Onde um fontanário seria o melhoramento mais apreciado, o político percebeu “ponte” em vez de “fonte” e prometeu, entre outras coisas das quais jamais se lembraria, “e também mandarei construir uma ponte”.
Porque alguém lhe fez notar que não tinham rio, o político não se perturbou e logo melhorou as suas promessas garantindo que “agora faremos a ponte, o rio virá depois”!
É por isso que não voto em quem me prometa o céu que me não pode dar, mas em alguém que tenha propostas compatíveis com a realidade em vez das utopias irrealizáveis que a tantos deslumbram e, sucessivamente, vão enganando.


terça-feira, 19 de maio de 2015

AS SABEDORIAS DO NADA


Noutros tempos, dizia-se das opiniões que se valessem alguma coisa não se davam, vendiam-se.
Era o tempo em que as opiniões não tinham preço, como tanta coisa que a solidariedade de então tornava natural que se desse.
Hoje as “opiniões” rendem muito dinheiro, mesmo que não valham nada. E, de um modo geral, não valem mesmo nada ou tão pouco valem que ouvi-las não passa de perda de tempo. Não passam de ruído que muitos tomam por informação e acolhem ou rejeitam consoante os preconceitos enraizados, daqueles que razão alguma consegue alterar.
Foi a televisão que inventou esse negócio rentável para os opinadores, em programas que, apesar do que lhes pagam, ficam baratos se comparados com outras produções.
Os painéis de opinadores são cada vez mais numerosos.
Há caras que se tornaram habituais. São os animadores dos “serões em família”, as únicas vozes que se ouvem em centenas de milhar de salas de mudos com o olhar fixo num ecrã brilhante de onde as eminências debitam o seus saberes que, assim, se tornam seus também, sem a maçada que é ter de pensar nas coisas para poder ter opinião.
Os velhos cafés, pontos de encontro de velhas amizades que ali tagarelavam a falar da “vida” ou a discutir os grandes problemas do país e do mundo e, também, lugar de refúgio de pensadores a quem aquele ruído das conversas isolava do mundo, já não existem. Tornaram-se, eles também, salas de ver televisão.
Nos grupos de amigos, nos que ainda haja, já pouca gente sabe o que este ou aquele pensam. Talvez porque não pensam. De resto, para que pensar se outros o fazem por nós?
De um modo geral, os painéis de opinadores têm três ou quatro tendências que, para fazerem sentido, têm de ser diferentes, incompatíveis até, ou não teriam graça aquelas discussões que jamais nos levam a qualquer conclusão.
Por isso, o velho aforismo “da discussão nasce a luz” perdeu toda a sua razão de ser porque todas as sabedorias estão ali, absolutas, irreconciliáveis e sem deixar margem para outras discussões.
Só que nunca entendi qual é a verdade entre as verdades de que as várias sabedorias do nada me querem convencer. E tenho de continuar a pensar!
Sou um desfasado neste em que as opiniões, continuando a valer pouco, passaram a ser bem pagas.
Por isso, em tempo que aconselha a poucos gastos... lá vou ficando com as minhas.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

A CARTA DE CONDUÇÃO POR PONTOS


É natural que, ao fim de muito tempo, se procurem melhores formas de controlar e de avaliar os efeitos da prática de condução de quem foi testado num exame que lhe permite conduzir um dado tipo de viatura.
Os acidentes causados por más práticas de condução são, em grande número, graves e põem em risco a vida ou, pelo menos, a integridade física de outros que para eles não contribuíram.
Mais coima menos coima, lá vão sendo punidos os erros que se vão cometendo e até já haverá um cadastro temporário para dadas infracções que se cometem.
Muita coisa mudou desde aqueles tempos em que os carros eram o “lá vem um” que, mesmo assim, causavam acidentes, alguns até mortais mas que se “resolviam” localmente, sem problemas os problemas complicados que um caso destes hoje envolve. Não existiam ainda regras para além das socialmente aceites em cada lugar. Ainda vivi esses tempos.
As coisas evoluíram e, naturalmente, foram regulamentados os exames de condução e elaborado um “Código da Estrada” no qual vão sendo introduzidas alterações que, a meu ver, jamais passam da ponderação das penas correspondentes a cada infracção e pouco têm, como deveriam ter, a intenção de desencorajar fortemente a sua prática. Mal iria a economia se apenas aos condutores seguros fosse permitido conduzir.
Desde os exames de condução que deveriam colocar maior rigor na avaliação da capacidade de condução de cada um, tanto técnica como psicológica e de comportamento social, até outros pormenores como fumar durante a condução, parece-me haver que reconsiderar algumas práticas para tornar mais segura a condução, reduzindo o número excessivo de milhares de mortes e ainda mais milhares de feridos muito graves, para além dos mais ainda feridos ligeiros.
A permissão de conduzir coloca nas mãos de quem conduz uma arma perigosa e letal que, facilmente, pode causar estragos extensos e irreversíveis, como no caso da morte daqueles cinco peregrinos que, há apenas alguns dias, seguiam para Fátima, atropelados por um condutor que, dizem, revelou excesso de álcool e uso de drogas.
Vejo muita gente na rua a conduzir de modo perigoso, seja por excesso de velocidade, por excesso de zelo, por evidente inabilidade para conduzir, porque não cumpre a lei que proíbe usar o telemóvel e outras e, também, por coisas que a lei permite como o é fumar enquanto se conduz!
Sou condutor há mais de 50 anos e, felizmente, nunca provoquei um acidente. Mas já vi muitos acidentes e sei, por exemplo, como o fumar durante a condução é tão perigoso como usar o telemóvel. Foi um quase acidente que me levou a abolir tal prática nos meus tempos de fumador, para além de um amigo se ter despistado e perdido a vida pela distracção provocada pelo acender do cigarro.
Ainda ontem, por exemplo, um condutor que seguia à minha frente ia a fumar e colocava a mão fora da janela para sacudir a cinza. Como é costume. Mas o morrão desprendeu-se e acabou no vidro do meu caro. Poderia ter entrado se a janela estivesse aberta, com as consequências que tivesse, como poderia ter caído no assento do próprio condutor, com as consequências que facilmente imaginamos…
Mas tudo isto vem a propósito da ”carta por pontos” que o governo quer instituir.
Não me parece uma má prática que, se harmonizada com as sanções aplicadas às infracções que os condutores pratiquem, pode ter consequências positivas para uma cultura de condução segura.
O que não estranho é que haja sempre quem, como em todos os casos de mudança acontece, limite a sua contribuição ao dizer mal, ao não estar de acordo ou, como se tornou moda, à invocação da possível inconstitucionalidade da medida!!!
Mas a Constituição nunca está errada, sobretudo quando permite mil interpretações para a mesma coisa? Ou será como as “tábuas de Moisés” que continuam a ser, há mais de dois mil anos, a regra mais sábia de convivência social? 


quinta-feira, 14 de maio de 2015

O PÃO QUE FALTA NA MESA DOS PORTUGUESES


Chamou-me a atenção este pedaço de uma reportagem a propósito das últimas comemorações do 25 de Abril: “…., 68 anos, um cravo na lapela e um autocolante, também com um cravo, no casaco. A mulher brinca: “Só te faltou trazer um cravo na testa”. O director- geral de uma multinacional, ramo de software, faz questão de sair à rua, nestes propósitos, no 25 de Abril. Mas não esconde algum desencanto: “Este Governo está a recuar em relação aos valores que foram conquistados por Abril, na saúde, na educação, na liberdade. Quem não tem pão, não tem liberdade. E há cada vez menos pão na mesa dos portugueses”, o que me levou a pensar por onde andaria esse pão.
E procurei nas próprias palavras da queixa as razões daquela falta.
Encontrei-as nas “conquistas de Abril” que, para mal de nós, são todos os direitos que a Constituição garante sem que imponha, do mesmo modo explícito, os deveres que lhes correspondem.
Encontrei-as, também, nos campos abandonados e no Interior esvaziado, nos telemóveis e nos “ipods” que se vendem mais do que papo-secos, nos automóveis que se apinham nas ruas das vilas e das cidades quase deixando às moscas as auto-estradas que fazem de Portugal um país com uma das redes mais densas do mundo e nos custam fortunas que encheram e enchem os bolsos dos que as fizeram e dos que tiveram a ideia de as fazer.
Encontrei-as nos hábitos de novos-ricos que criámos e nos incitaram a um consumismo excessivo de bens sumptuários que levou à falência tantas famílias que, em consequência, se debatem e por mais tempo ainda se debaterão com os sérios problemas que de tal resultam.
Encontrei-as na falta de compreensão das razões que nos obrigam a ser, de novo, austeros no modo de viver porque se acabaram as remessas de emigrantes, os fundos europeus são mais controlados e a disponibilidade dos credores chegou ao seu limite.
Mas a campanha eleitoral que alguns começaram cedo demais tendo em vista uma mudança radical sem, como tem sido evidente, para isso apresentarem as razões demolidoras e as soluções milagrosas que diziam ter, parece ser uma causa evidente da prudência que o eleitorado começa a revelar nas suas intenções de votos que as sondagens cada vez melhor revelam e mostram não ser tão fácil assim o sucesso dos que apenas querem mudar para seu proveito.
Olhamos em volta para todo o mundo e ficamos com razões para crer que não são atitudes voluntaristas que nos farão sair desta crise sem fim, antes parecendo mais nela nos afundarem.
E mais uma vez me vem à ideia a frase que é atribuída a Lord Rutherford, da qual e desde sempre compreendi a razão de ser e me tem guiado na vida em momentos de dificuldade: “estamos sem dinheiro? Temos de pensar mais”.
E se pensássemos? Certamente concluiríamos que temos de trabalhar mais e deixar de esperar que caia do Céu ou das conquistas da revolução o que só com esforço poderemos conseguir!


quarta-feira, 13 de maio de 2015

A FESTA ESTÁ A COMEÇAR!


Todos sabemos como cumprir promessas não é fácil. Sabemo-lo por nós, pelos outros e, também, pelos políticos que, tal como qualquer mortal, na hora do aperto as fazem também.
A caminho de Fátima morrem peregrinos e a caminho do futuro definham os que não têm quem os conduza à prometida terra de leite e de mel.
Qual é o mérito que têm os sacrifícios que as promessas comportam para os vulgares seres humanos que nelas colocam a última esperança de evitar ou reverter um mal qualquer, é coisa que só Deus sabe. Mas para os políticos, os sacrifícios não vão além das caminhadas a que a campanha eleitoral obriga, dos cínicos sorrisos simpáticos, dos abraços e dos apertos de mão que têm de distribuir aos milhares durante uns quantos dias que, depois, ficam nas suas memórias como uma grande chatice que não puderam evitar mas que depressa se esvai no gozo das vantagens conseguidas.
E se, apesar de tudo, não conseguiram o resultado que ambicionavam, pelo menos tiveram os seus momentos de “glória” nos discursos inflamados que fizeram, nas fotografias que os jornais publicaram e nas fugazes referências que a televisão possa ter feito. E, para alguns deles, ainda haverá lugarzinhos na casa dos passos perdidos, bem remunerados e com outras mordomias inimagináveis para os infelizes que lhos garantiram.
Daí a uns tempos haverá mais e novas romarias serão feitas neste festival constante que se faz em nome da razão da maioria.
Há quatro dezenas de anos que vejo isto e a maior diferença que noto será na intensidade que, com o tempo, decresceu. Já não oiço aqueles discursos que pareciam saídos do fundo da alma de quem está seguro das verdades que diz e de poder cumprir tudo aquilo que promete. Ilusões, enfim.
Hoje, a arte é fazer crer que é, aquilo que se deseja que fosse, para que o povo pense que é mesmo assim.
O tempo passou e a verdade revelou-se na inutilidade das promessas que, todos já demos por isso, excedem o que se pode cumprir mas que, mesmo assim, sempre fazem eco em quem espera o tacho que ainda não tem ou, na falta de outros caminhos para uma vida melhor, espera da simples alternância o que ela não pode garantir. Por isso haverá, de seguida, outras mudanças que as regras democráticas garantem.
No momento, serão o desemprego e as pensões de reforma os temas que mais valerá a pena explorar porque, em conjunto, desempregados e pensionistas são uma maioria que nenhum candidato pode desprezar.
Por isso, prometer empregos e garantir pensões são um investimento com retorno seguro naqueles que, há falta de melhor, terão de acreditar nas mentiras de “quem der mais”.
Eu não deveria dizer nem diria nada disto se os políticos, em vez da fantasia em que se movem, levassem em conta a cruel realidade que cada vez grita mais alto os perigos da estupidez que a não quer escutar e me faz acreditar, cada vez mais também, que só vêem o muro que barra o caminho aqueles que nele batem forte com a cabeça, porque os empregos nascem de promessas que, obviamente, também não pagam pensões.

Que comece a festa!


terça-feira, 12 de maio de 2015

A ILUSÃO QUE É VARRER O LIXO PARA DEBAIXO DO TAPETE!


Agrada-me ver aqueles programas de “magia” em que acontecem coisas para as quais não é fácil encontrar explicação. Fico deslumbrado, apesar de saber que tudo aquilo não passa de truques, de manipulações que criam a ilusão de ser real o que, apesar de o parecer, em nada altera a realidade natural cujas leis, por maiores que sejam os esforços que façamos, não conseguimos evitar que nos rejam, com todas as limitações que tal impõe.
Não adianta querer ir além do que é possível e, do mesmo modo, não vale a pena tentar aquilo que não somos capazes de fazer e até há “truques” dos quais nem os próprios ilusionistas são capazes!
Mesmo assim, sempre haverá gente que fica convencida de que o cinzeiro desapareceu mesmo em frente dos seus olhos, que a moeda saiu do seu nariz ou nasceu detrás da sua orelha.
É assim a vida onde os “ilusionistas” conseguem existir porque muita gente acredita na realidade das suas “ilusões”.
E quando alguém sem jeito quer imitá-los, acontecem coisas como àquele infeliz aprendiz de feiticeiro que não foi capaz de dominar o feitiço da multiplicação das vassouras que, por ele, fariam o trabalho que lhe competia mas que a sua preguiça lhe pedia para não fazer.
Creio chegada a altura de acordar para a realidade, deixar os truques de lado, quietinhos na arca do ilusionista, aceitar as coisas como são e proceder em conformidade.
De que adianta fingir que podemos levar uma vida que não podemos sustentar?
Não bastará já estarmos a pagar muito caro as ilusões de sermos ricos mas que, em boa justiça, temos de pagar, em vez de querermos que sejam os nossos filhos quem as pague?
Mas é o que queremos fazer-lhes ao legar-lhes o ónus de pagarem as dívidas que, insensatamente, acumulámos.
Como pode um partido de esquerda radical, como o BE diz ser, não ter outras soluções para além das capitalistas para resolver os problemas que não passam de ser o termos de pagar o que, em nome de outro esquerdismo, esbanjámos e, para além disso, sofrer as consequências?
Depois do programa liberal do socialista Costa, aparece agora o programa capitalista do comunista BE. Enfim, teias que a política tece!
O que são as intenções do BE senão deixar para vindouros pagarem, com elevados juros, o que levianamente gastámos ou gastarmos, quando se reconhece que a reestruturação da dívida pública e a rejeição das metas do Tratado Orçamental serão os princípios de base do seu manifesto eleitoral que “de forma clara” “não cumpre as metas orçamentais” impostas por Bruxelas?
Isto não é mais do que varrer o lixo para debaixo do tapete. Lixo que outros haverão de limpar.
Veja-se o Syrisa…


domingo, 10 de maio de 2015

OS MILAGRES QUE OS FANTASMAS (NÃO) FAZEM


Não acredito em bruxas mesmo que pareça que as há, nem em fantasmas ainda que haja quem os cace, como não acredito nos milagres que seria necessário acontecerem para que Nóvoa, com o que tem dito que fará, dar a Portugal um rumo de felicidade como, decerto, pretende que seja aquele “novo rumo” que lhe promete. Tal como outros já prometeram…
Parece-me um enviado do céu à procura dos apóstolos que um “quem quiser vir que venha” lhe granjeará, esperando, depois, “que as pessoas se organizem” para fazer vencer o projecto de mudança que, de todo, não cabe nas funções de um PR a quem cabe fazer cumprir uma Constituição que não muda.
Pretensamente saído de um nada político que pareça garantir-lhe a independência que outros mais envolvidos não terão, parece-me um óbvio adepto do voluntarismo, um crente no sucesso político que uma multidão de desiludidos jamais lhe pode garantir.
Com um discurso onde não aparecem as ideias novas que fariam a mudança, renova velhos pregões que em outros lugares a prova já fez esquecer depois dos maus resultados que tiveram.
Joga no descontentamento e no enfado das pessoas que estejam “um bocadinho cansadas … dos discursos de plástico, do politicamente correto”, das quais espera ter a “confiança” com a qual, afirma, as eleições se vão ganhar!
Considera a natural curiosidade de estranhos que dele se aproximem e lhe façam perguntas, um “fenómeno de notoriedade” que prenuncia a multidão de crentes que o farão vencer na continuidade de um sistema falhado que as suas ideias, de todo, não alteram.
Foi o que senti na sua apresentação como “salvador da pátria”.
Mas quem sabe ainda terei a surpresa de deixar de ouvir o discurso redondo e vago que tem usado para passar a ouvi-lo falar do que é importante mudar, sobretudo na consciência de todos nós, para que o futuro não seja a desilusão que, quase por certo, virá a ser se continuarmos a acreditar nos milagres que os fantasmas façam.
É, pelo menos, o que esperaria de um ex-magnífico reitor da Universidade de Lisboa.


sábado, 9 de maio de 2015

AS CONTRADIÇÕES DO FMI


O FMI parece não conhecer outra receita senão a do corte de salários e de pensões para resolver os problemas estruturais que diz existirem!
Mas os salários e as pensões não são a causa de tais problemas, porque são a sua consequência. Por isso, jamais passará por eles qualquer solução.
Os problemas que nos afectam resultam de uma acumulação excessiva de erros dos que decidem sem olhar para os limites a que as suas decisões conduzem e, assim, para as consequências dos objectivos dos seus planos de futuro.
O modelo económico que escolhemos para o desenvolvimento é a negação absoluta de tais limites que, infelizmente, existem e estão cada vez mais próximos.
Aliás, ao que nos levariam as recomendações do FMI no seu limite que seria trabalhar sem salários e sobreviver sem pensões?
Parece que, finalmente, se tornará uma realidade a profecia de Marx, a de um fosso intransponível que medidas como as do FMI estão a cavar.  
Há muito que o “mundo evoluído” definiu como limite sermos todos “doutores” a quem a bolsa enorme dos “subdesenvolvidos” garante a mão-de-obra necessária para aqueles serviços aos quais esta geração, à qual chamam “altamente qualificada”, naturalmente se não presta.
Um modelo mundial que, para além de outros limites próprios da natureza finita dos recursos naturais e das condições ambientais necessárias à própria vida, também tem nestas reservas humanas um limite que uma revolta de consciência pode aproximar rapidamente.
Não são, pois, estruturais os problemas que nos afectam porque já me não parece haver como corrigir estruturas desapropriadas a uma realidade a que se não adaptam. São questões mais profundas que obrigarão a adaptações difíceis e dolorosas.
Mas o futuro está à porta. Um futuro que nos recordará que fomos condenados a comer o pão amassado com o suor do rosto, não com os ganhos na bolsa…


sábado, 2 de maio de 2015

O 1º DE MAIO


Tal como acontece com o 25 de Abril, também o 1º de Maio envelheceu. Passaram 41 anos e, sem os sonhos então sonhados satisfeitos, pouco já resta da “certeza” de que o regresso ao Paraíso ia pelo caminho certo.
Não mudaram os temas nem as palavras de ordem. Nem mesmo a indignação contra o “inimigo” que os manifestantes sempre vêem renovado em quem governa.
Afinal, apenas se notam as mudanças que, nos actores, o tempo provocou, pois poucos outros serão para além dos de outrora, envelhecidos e reduzidos dos muitos que já não podem comparecer!
São, por isso, obviamente muito menos e sem a energia que as manifestações que seguiram o Abril 74 mostravam, sobretudo sem a esperança fulgurante que então se vivia.
À alegria de um sentimento de vitória sobre os que empatavam o progresso e não concediam os direitos a que todos tinham direito, sucedem-se os queixumes de quem, afinal, não soube agarrar a oportunidade. Porque as queixas não mudaram nada!
Parece gente derrotada que se agarra a uma derradeira esperança que a alternância, que muda os actores mas não as ideias, traga alguma coisa de diferente, mesmo que a História lhes mostre que tal não basta para trazer!
O que faltará para admitir que falhou a via escolhida mas na qual se insiste, esgotando as reduzidas energias e perdendo o precioso pouco tempo que a realidade ainda nos concede?
O que se não entendeu, ainda, de que é um mundo diferente o da realidade que o voluntarismo revolucionário não quer ver, assim pondo em risco os restos de liberdade que de tamanho falhanço ainda resta?
Nem mesmo nos planos de futuro com que os que ambicionam o poder nos querem cativar existe a consciência da mudança necessária, pois neles se insiste num regresso ao passado que, naturalmente, o tempo não consente, porque a era dos “milagres” que a abundância, quando existia, permitiu, agora, esgotada, tornou uma miragem.