Recordo-me de nos meus primeiros tempos de jovem
engenheiro do LNEC ter ouvido, de um especialista francês, que as técnicas de
construção de pontes tinham evoluído pouco em França porque ali “não caem
muitas pontes”!
Ainda pouco habituado à ironia em coisas
sérias, chocou-me aquele modo de dizer que, afinal, mais não era do que uma
forma contundente de afirmar que é com os erros que mais se aprende. A verdade
é que, passadas já tantas dezenas de anos, ainda é aquela afirmação brusca que
em mim ressoa quando se trata de avaliar os erros cometidos para deles retirar
os conhecimentos que me podem dar.
Mas é, entre nós, um hábito enraizado o de
tomar todos os erros como um drama insuperável que deve levar à mudança radical
das coisas, assim perdendo as vantagens que, em vez disso, a experiência daria.
Em política é sistematicamente assim,
porque é assim que a alternância redistribui as benesses do poder, para o que
qualquer pretexto serve. Tal como a queda de uma velha ponte pode
ser o que apressa as vantagens de ser ex-ministro, também os trambolhões do BPN ou do BES, são a oportunidade para as clientelas que os
partidos têm de satisfazer, assim desprezando as lições que os erros sempre nos
dão, sobretudo pela experiência que trazem e pode minorar os efeitos de outros
erros que, inevitavelmente, no futuro irão acontecer.
É isto que me ocorre quando oiço as
críticas tão assanhadas à recondução de Carlos Costa como governador do Banco
de Portugal por alegadas falhas de supervisão que já fizeram esquecer as do
actual vice-governador do BCE que parece ter neste cargo o prémio que as suas, no BdP, lhe mereceram.
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