ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 15 de maio de 2015

A CARTA DE CONDUÇÃO POR PONTOS


É natural que, ao fim de muito tempo, se procurem melhores formas de controlar e de avaliar os efeitos da prática de condução de quem foi testado num exame que lhe permite conduzir um dado tipo de viatura.
Os acidentes causados por más práticas de condução são, em grande número, graves e põem em risco a vida ou, pelo menos, a integridade física de outros que para eles não contribuíram.
Mais coima menos coima, lá vão sendo punidos os erros que se vão cometendo e até já haverá um cadastro temporário para dadas infracções que se cometem.
Muita coisa mudou desde aqueles tempos em que os carros eram o “lá vem um” que, mesmo assim, causavam acidentes, alguns até mortais mas que se “resolviam” localmente, sem problemas os problemas complicados que um caso destes hoje envolve. Não existiam ainda regras para além das socialmente aceites em cada lugar. Ainda vivi esses tempos.
As coisas evoluíram e, naturalmente, foram regulamentados os exames de condução e elaborado um “Código da Estrada” no qual vão sendo introduzidas alterações que, a meu ver, jamais passam da ponderação das penas correspondentes a cada infracção e pouco têm, como deveriam ter, a intenção de desencorajar fortemente a sua prática. Mal iria a economia se apenas aos condutores seguros fosse permitido conduzir.
Desde os exames de condução que deveriam colocar maior rigor na avaliação da capacidade de condução de cada um, tanto técnica como psicológica e de comportamento social, até outros pormenores como fumar durante a condução, parece-me haver que reconsiderar algumas práticas para tornar mais segura a condução, reduzindo o número excessivo de milhares de mortes e ainda mais milhares de feridos muito graves, para além dos mais ainda feridos ligeiros.
A permissão de conduzir coloca nas mãos de quem conduz uma arma perigosa e letal que, facilmente, pode causar estragos extensos e irreversíveis, como no caso da morte daqueles cinco peregrinos que, há apenas alguns dias, seguiam para Fátima, atropelados por um condutor que, dizem, revelou excesso de álcool e uso de drogas.
Vejo muita gente na rua a conduzir de modo perigoso, seja por excesso de velocidade, por excesso de zelo, por evidente inabilidade para conduzir, porque não cumpre a lei que proíbe usar o telemóvel e outras e, também, por coisas que a lei permite como o é fumar enquanto se conduz!
Sou condutor há mais de 50 anos e, felizmente, nunca provoquei um acidente. Mas já vi muitos acidentes e sei, por exemplo, como o fumar durante a condução é tão perigoso como usar o telemóvel. Foi um quase acidente que me levou a abolir tal prática nos meus tempos de fumador, para além de um amigo se ter despistado e perdido a vida pela distracção provocada pelo acender do cigarro.
Ainda ontem, por exemplo, um condutor que seguia à minha frente ia a fumar e colocava a mão fora da janela para sacudir a cinza. Como é costume. Mas o morrão desprendeu-se e acabou no vidro do meu caro. Poderia ter entrado se a janela estivesse aberta, com as consequências que tivesse, como poderia ter caído no assento do próprio condutor, com as consequências que facilmente imaginamos…
Mas tudo isto vem a propósito da ”carta por pontos” que o governo quer instituir.
Não me parece uma má prática que, se harmonizada com as sanções aplicadas às infracções que os condutores pratiquem, pode ter consequências positivas para uma cultura de condução segura.
O que não estranho é que haja sempre quem, como em todos os casos de mudança acontece, limite a sua contribuição ao dizer mal, ao não estar de acordo ou, como se tornou moda, à invocação da possível inconstitucionalidade da medida!!!
Mas a Constituição nunca está errada, sobretudo quando permite mil interpretações para a mesma coisa? Ou será como as “tábuas de Moisés” que continuam a ser, há mais de dois mil anos, a regra mais sábia de convivência social? 


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