ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ELE HÁ CADA UM… OU DOIS

Quando os políticos brincam connosco eu chateio-me, porque aqueles a quem confiámos o dever de prevenirem o nosso futuro, aqueles a quem pagamos mais do que damos a nós próprios não podem fazer isso!
Quanto ao que se passa na Madeira estamos perante um irregularidade grave (apetecia-me dizer pior) que Jardim se esforça por branquear, outros políticos madeirenses que o apoiam explicam de um modo ridículo e o povo madeirense, em maioria, talvez até apoie voltando a escolhê-lo para continuar a governar a Região.
Depois de “uma coisinha de nada”, de “um buraquinho minúsculo em face da cratera do Contenente (sic)”, de ser uma “vigarice expor as contas da Madeira”, de o mais português dos portugueses “brincar” com a independência da Madeira, etc, etc, ficámos a saber que as dívidas da Região Autónoma representam 123% do seu PIB!
Mas pior do que tudo isso é o modo como essa dívida foi sonegada e agora nos cria problemas que vão a obrigar a mais austeridade ainda.
Por isso estou irritado com o Alberto João pelo que fez e atónito com as explicações de um deputado madeirense que explicou que aquilo aconteceu porque havia condições para acontecer! Esta não lembraria ao diabo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

QUEM COME FIADO…

Digam o que disserem tanto os que perderam as cadeiras do poder como os que nunca nelas se sentaram e seja qual for a retórica populista dos que clamam contra o “assalto” aos privilégios destes ou daqueles, parece que a maioria dos portugueses se terá já apercebido de que demasiados erros de governação tornaram inevitável a austeridade que, agora, lhes é imposta.
Muita gente entendeu já, e isso dói-lhe na carne, que viveu acima das suas possibilidades e, por isso, terá de voltar ao nível de vida que lhe é próprio, mas não antes de um período de sofrimento para regularizar a sua vida.
Apesar disso nem varia o que sempre foi o discurso dos que se dizem de extrema esquerda nem o do PCP. Por isso, a falta de novidade que faz o seu discurso monótono, impede-os de serem parte significativa no diálogo que entre todos deveria estabelecer-se para garantir as condições que evitem que caiamos na desgraça grega! Continuam a dizer que não é assim que se faz sem dizerem como se deveria fazer para, apesar da nossa situação financeira, aumentarmos os salários e o a produção. Mistério!
Por sua vez, o Partido Socialista, o réu mais óbvio no julgamento que os portugueses fazem ao conceder-lhe cada vez menos intenções de voto, insurge-se contra a “maré” que ele próprio desencadeou, arma-se em paladino dos pobres coitados que sofrem as agruras que a sua incompetência gerou. Transfigurado pelo impenetrável semblante do seu líder e na vacuidade de ideias que disfarça num discurso paupérrimo e em ataques ofensivos à inteligência de quem os culpou, quer dar-se ares de quem, como ninguém, pode salvar Portugal, criticando a austeridade que o governo impõe porque a sua incompetência a isso obrigouobrigou. Faltará aqui a verdade e a humildade que quem se dispõe a servir o país deve ter.
Vi há pouco um carro com bandeiras vermelhas a convidar para uma grande manifestação CONTRA! Contra isto, contra aquilo, contra tudo e todos, dentro do mais negativo espírito sindicalista que não é o sindicalismo inteligente que defende os trabalhadores. Este já outros sindicalistas mais eficazes mostraram como se faz e como se transforma uma empresa prestes a lançar no desemprego centenas de trabalhadores numa empresa próspera em plena crise, exportando 98% da sua produção!
São difíceis os tempos que vivemos, duros os sacrifícios que temos de fazer por que simplesmente nos esquecemos do velho e cruel ditado: “quem come fiado, “faz” novelos”. Assim já é difícil. Querem "novelos" maiores?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A CRISE E O FUTEBOL

Nem todos temos as mesmas preocupações, é certo, mas há algumas que são, ou deveriam ser, comuns. Refiro-me a este problema sério que é reerguer o país da crise grave em que se encontra a qual, para além dos aspectos financeiros tem outros que são económicos, de identidade e de orgulho nacional, talvez até mais importantes.
Estranho que tão pouca gente, relativamente, se preocupe com estas questões porque deverão pensar serem problemas que a outros compete pensar e resolver, mas que se mostra tão informada sobre as mais ínfimas questões do futebol, mesmo o internacional! Se este vai para aqui ou para além, se tem estas ou aquelas características, se... Enfim sabem tudo!
É o que me transmite a apreciação do face book, talvez o melhor lugar para ter uma noção do que sejam as preocupações mais generalizadas.
Mas não não conseguem ver, sequer, que até no que lhes dá ânimo, estas minhoquices do futebol, as coisas estão feias?
Ainda há bem pouco tempo Portugal foi vice-campeão mundial de futebol na categoria sub 20, com uma equipa que mostrou raça, qualidade e saber jogar futebol. O grande problemas que se colocou foi o de qual futuro teriam aqueles excelentes futebolistas. Toda a gente concordou em reconhecer que iriam ter muita dificuldade em ter lugar em equipas principais de clubes portugueses. Esta preocupação tem razão de ser. Basta lembrar as grandes equipas do Sporting e do Benfica, mesmo do Porto e do Belenenses daqueles tempos em que apenas tinham jogadores portugueses e conseguiram prestígio internacional indiscutível.
Um dos maiores jogadores do seu tempo, Eusébio, é português, Figo e Ronaldo, considerados “melhores do mundo” são portugueses, Nani é um jogador fundamental num dos maiores clubes mundiais e por aí fora… Isto apenas para não falar de treinadores portugueses.
Mas se olharmos para as equipas portuguesas atuais, desde as mais famosas ás de menor projeção, contam-se por muito poucos os jogadores portugueses que as integram. Os estrangeiros dominam o futebol nacional. Alguns de medíocre e até de má qualidade. Questões de "negócios". Talvez.
Este é, obviamente, um sinal de fraqueza do futebol português que, inevitavelmente, é afectado pela crise do país, por mais que se queira disfarçá-lo. Em breve, muito brevemente até, os efeitos se irão sentir se continuarem distraídos.

BOLAS… FALEM PORTUGUÊS!

Para mim, renegar a língua é desprezar a nacionalidade. Por alguma razão Fernando Pessoa disse “a minha pátria é a língua portuguesa”.
Tenho-me constantemente rebelado contra os atropelos da linguagem que, cada vez mais, são frequentes. Nunca entenderei porque uma língua tão rica como o português necessita de palavras e de modos de dizer estrangeiros, a menos que se trate de neologismos que os avanços tecnológicos impõem. Acontece.
O que ma dá raiva é a negação da língua por muitos pretensiosos que julgam ficar melhor se misturarem palavras inglesas ou adoptarem frases idiomáticas estrangeiras que, precisamente porque o são, não são português.
Há quem não saiba, simplesmente, falar português; há quem tenha a pretensão de o saber falar; há os que se permitem arruiná-lo; há os que o falam e escrevem com a beleza que só o português permite!
Hoje ouvi uma ministra dizer dezassete ponto qualquer coisa quando em português se diz dezassete vírgula qualquer coisa. Provavelmente esta senhora também não saberá distinguir biliões de milhares de milhões porque parece preferir traduzir inglês para português em vez de falar o que penso será a sua língua materna.
Que raio… uma ministra deve pensar que pode servir de exemplo para muita gente e esta, se o for, prestará um mau serviço à sua pátria.
Mais tarde, naquele programa em que metem um monte de pessoas numa casa fechada para toda a gente ver a sua “intimidade”, os exemplos de fraseado estão longe de ser os melhores. E lá vi uma entrevistada porque decidiu sair dali dizer que era difícil estar fechada “vinte e quatro sobre vinte e quatro horas”, um americanismo que está muito na moda, sobretudo nos noticiários, para substituir o portuguesíssimo “vinte e quatro horas por dia”! Patetices…
Bolas, falem português!

28Set: Afinal até o Primeiro-Ministro diz ponto em vez de vírgula e o Presidente da República diz vírgula mas confunde milhares de milhões com biliões!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

OS NOVOS GRANDES PROJECTOS DE OBRAS PÚBLICAS

Gostei das intervenções do ministro da economia no programa Prós e Contras de ontem! Pareceu-me seguro e determinado, ao contrário das hesitações que me pareceu revelar nas suas primeiras intervenções e me fizeram desconfiar da sua capacidade.
Gostei da clareza ao dizer que o plano de obras públicas deste governo não passa por projetos megalómanos mas sim por obras com sentido e com futuro.
Por exemplo, a substituição do inconcebível TGV por linhas de velocidade elevada – 250 Km/h como na Linha do Norte – mas de bitola europeia que liguem portos portugueses à Europa, renegociando os apoios comunitários que estavam disponíveis para o TGV.
Faz todo o sentido que seja assim quando o centro da actividade económica se desloca para o Extremo Oriente e se projeta o alargamento do Canal do Panamá para que seja mais curto o caminho para a Europa. Nestas condições, Portugal é a natural porta de entrada e não pode deixar-se perder a oportunidade de a disponibilizar.
É com projectos assim que se reconstrói o presente e se prepara o futuro.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O DOCUMENTO VERDE DA REFORMA ADMINISTRATIVA


Acabo de ouvir o Primeiro Ministro falar da Reforma Administrativa em que inclui eliminação de freguesias e fusão de municípios.
Sou, desde há muito, a favor de uma reforma administrativa mas que não é, de todo, uma reforma por decreto ou por discussão pública, porque há parâmetros a considerar que não podem ser considerados deste modo!
Há cerca de dois meses escrevi uma crónica para o jornal da minha terra, o Notícias de Manteigas, um dos tais concelhos que vêm perdendo população nos últimos anos.
Ao contrário do que muitos dos meus conterrâneos pensam, julgo o meu concelho em perigo, apesar das muitas razões que tenho para considerar um erro extingui-lo!
Mas para não repetir o que escrevi, remeto os meus leitores para a crónica que tem o título “UM CONCELHO COM FUTURO OU UM TRÁS-DE-SERRA IGNORADO?” e está publicado em http://jornaldegaveta.blogspot.com, em 23 agosto 2011.
Será interessante verificar como, já então, eu previ que seria esta a reforma administrativa que se faria, uma reforma ao sabor das circunstâncias sem a largueza de vistas que as questões administrativas requerem. Não vejo, por isso, como pode resolver os seus problemas um país que não sabe pensar o seu futuro.
Curioso é ter escutado, na discussão que se seguiu na TV, alguém da Covilhã falar da “falência” do Concelho de Manteigas, um território ali ao lado que saberia bem anexar, mesmo sem saber do que falava.
Não me parece haver o entendimento correcto das razões que podem levar a constituir ou a extinguir um concelho e nem me parece que haja o conhecimento do que seja a organização municipal por essa Europa fora. Portugal é dos países com concelhos mais extensos. Por exemplo, a Espanha tem mais de 8.100 municípios que comparados com os 308 municípios portugueses revela uma relação muitíssimo maior do que a que corresponde às respectivas áreas nacionais.
Para além da população há factores diversos, entre os quais as caraterísticas do território, que influenciam a organização administrativa de um país, sobretudo quando tenha a diversidade territorial que Portugal tem.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AS DÍVIDAS DA MADEIRA E NÃO SÓ…

O Tribunal de Contas é claro: avisou, a tempo, numerosas entidades sobre o estado das contas na Madeira!
Também no caso Casa Pia muitas personalidades terão sido avisadas dos desmandos graves e tenebrosos que por ali havia.
E, indo até mais longe, conhecem-se histórias que fazem crer que os Estados Unidos teriam informações bastantes para poderem prevenir o sanguinário ataque a Pearl Harbour e, diz-se também, que poderiam ter evitado o massacre de 11 de Setembro se não fossem as “caixinhas” dos vários serviços de informação!
Vistas bem as coisas até parece que muitas desgraças por esse mundo fora não foram evitadas sabe Deus por que razões estranhas.
Afinal, é caso para perguntar se as sociedades andam distraídas a entregar o seu “poder” a incapazes que dele não fazem o uso devido e, por isso, não as defendem de males que poderiam ser evitados.
Acabámos por arranjar estratagemas para, pensando que de um modo justo como entendemos que é a democracia, entregarmos o poder a grupos organizados que fazem dele o que muito bem entendem, nunca sendo por isso responsabilizados.
Sou pela organização e não sei, sequer, como se colocaria em prática a democracia directa. Por isso não sou contra os partidos. Apenas entendo que, entre nós, estes foram criando hábitos pouco claros e erráticos consoante as circunstâncias.
Quando, em Portugal, se levantaram vozes clamando pelo julgamento dos governantes responsáveis pelo buraco em que caímos, sobretudo daquele que se dizia sozinho a puxar pelo país, logo apareceram os “gerontes da política” considerando tal proposta uma heresia! Certamente, porque assim se entraria no sagrado castelo do poder que lhes pertence, se modificariam as regras que só eles ditam e se fariam julgamentos que iriam para além dos que se fazem em actos de transmissão simples e total do poder, as eleições.
Vistas bem as coisas, também não sei bem a quem julgar, se Sócrates, além de outros possíveis elementos do seu governo, se todo o partido de que este emanava, se todos os que, apesar de todas as evidências, o apoiavam e desejavam que continuasse a arruinar o país.
Depois de tudo o que, nos últimos tempos, no mundo tem acontecido, não seria altura de rever regras que, tudo leva a crer, se tornaram obsoletas?
A democracia não é perfeita e muito menos se a não formos ajustando aos tempos que correm e a novos problemas que surgem, de modo a torná-la mais eficaz a encontrar soluções mais adequadas e menos exposta às novas artimanhas que se inventam.
Assim como está, a Democracia Representativa mais me parece uma sucessão regulamentada de poderes autocráticos do que um sistema que agrega o desejo e o esforço de todos para o mesmo fim comum: o bem da sociedade que lhe confiou o poder e por cujos destinos ficou responsável.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

QUESTÕES DE SOLIDARIEDADE

- João, leva estes lençóis ao asilo. São para a cama do teu avô.
-Sim meu pai, respondeu o rapaz que fingiu corresponder ao pedido, mas escondeu os panos brancos debaixo da cama.
Quando disso se deu conta, o pai perguntou-lhe porque procedera assim. A resposta do João surpreendeu-o: – guardei-os para um dia pedir ao meu filho que lhos leve a si.
Pouco depois, o avô estava de volta a casa!
Histórias ingénuas como esta que tinham por objectivo transmitir valores sociais, eram as avós quem as contava. Hoje, raramente terão essa oportunidade e muitas já nem saberão fazê-lo. Compram-se por aí aos montes, em livros que muitos escritores, alguns de talento duvidoso, escrevem para ganhar dinheiro. Por vezes até fortunas enormes se conseguem quando, em vez das histórias simples de outrora que instruíam e faziam sonhar jovens, adormeciam crianças e passavam de geração em geração, se criam figuras cada vez mais estranhas e violentas que as perturbam e excitam.
Naquele tempo, não cuidar dos seus idosos era atitude incompatível com os bons preceitos familiares. A casa da família era a do idoso até ao fim dos seus dias. Cuidar dos mais velhos era dever dos que eles trouxeram ao mundo.
Hoje as coisas são diferentes. Por força da dureza da vida que assim o impõe, diz-se por aí. Por força de falsas necessidades que a ganância criou, digo eu.
A falta da solidariedade que novos objectivos colocaram no plano inferior das preocupações, destrói os laços de família. Os idosos tornaram-se inutilidades que perturbam carreiras; são despesa excessiva no orçamento familiar; são gastos que muitas futilidades disputam; ocupam espaços pelos quais os mais novos impacientemente esperam; são um fardo para quem deles tem de cuidar, um estorvo para aqueles de quem, durante muito tempo, eles cuidaram; são uma obrigação que os mais abastados podem cumprir pagando a quem, melhor ou pior, deles cuide e os menos abonados podem abandonar na rua, nos hospitais, seja lá onde for.
Um Relatório de Prevenção contra os Maus-Tratos a Idosos da OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma que, em Portugal, quase 40 por cento de idosos são vítimas de abusos. A maioria sofre abusos psicológicos, quase um terço é vítima de extorsão e de violação de direitos, além de outros que são vítimas de negligência, de abusos sexuais e físicos. São factos preocupantes que, em mais um aspecto infeliz, colocam o nosso país nos lugares cimeiros das estatísticas europeias. Também não são poucos os que, sentindo-se sós e inúteis, desistem de viver.
São ditames de um tipo de vida em que a ambição sufoca o amor, o dinheiro pode comprar a ilusão do dever cumprido, a insensibilidade e o desespero inspiram barbaridades, a solidão faz apressar o fim.
Também as crianças sofrem as agruras de uma sociedade permanentemente atarefada e sem tempo para elas. Os filhos deixaram de ser fruto de um momento de amor ao qual nada se sobrepôs para se tornarem num empecilho que um desleixo causou e se pode descartar ou, pelo melhor, num evento fixado num ponto preciso de um plano de vida cuidadosamente definido em função de valores que outros objectivos ditaram. Decide-se se devem ou não nascer, quando nascem e quantos serão os filhos de quem lhes consente que nasçam. Podem atrapalhar a vida a quem cada vez menos pode descuidar-se na competição feroz em que se envolve e, tal como aos idosos acontece, são, eles também, vítimas de tenebrosos desmandos. Abandono, maus-tratos, inenarráveis abusos…
Nascem menos crianças nas sociedades que a competição controla que, por esta razão, se não conseguem renovar. É o que se passa em Portugal onde, desde 1982, se atingiu um índice de envelhecimento excessivo. Depois de termos sido mais de dez milhões, estima-se que no final deste século não sejamos mais de seis, o que é pouco mais do que éramos no início do século que passou. Uma óbvia recessão!
Seja pelo que for, a vida mudou. Mudou muito, por certo! Mas irá mudar ainda muito mais, não tanto por iniciativa do Homem como pelas consequências de decisões que já tomou e não consegue reverter.
Quando aquela história do João era contada, os idosos não passavam de uma bem pequena parcela da população total, mesmo da população jovem, e apenas se tornavam inúteis quando já não podiam trabalhar e pouco tempo mais viviam depois disso.
Agora, aumentada a longevidade e controlada a natalidade, os idosos são uma parte cada vez maior da população total e o seu número ultrapassa já, em Portugal e desde 2000, o que corresponde aos jovens! É uma alteração que, aos poucos, dá à “pirâmide etária” uma forma que cada vez mais se afasta de um triângulo para se assemelhar a uma “árvore” com o tronco cada vez mais longo.
A extrapolação que a evolução dos diversos “índices” demográficos permite não nos pode deixar sossegados porque a redução sucessiva da faixa etária ativa coloca em causa a suficiência dos meios indispensáveis à solidariedade social de que tanto os jovens como os idosos necessitam. Em consequência, uns e outros enfrentam problemas muito sérios, o que significa que toda a sociedade os enfrenta também.
Aos mais velhos será cada vez mais difícil assegurar a qualidade de vida que a sua contribuição no passado tornou devida, enquanto aos mais novos não será fácil garantir a formação e o trabalho que o seu direito ao futuro reclama.
O número de jovens sem emprego, sem perspectivas, cresce a cada dia. Os efeitos puderam ver-se nos gravíssimos distúrbios em França e, mais recentemente, na Inglaterra e levaram a já muito célebre “troika” a considerar escandaloso o número de jovens sem emprego em Portugal.
São sintomas doentios que denunciam a insistência irracional num modelo sócio-económico irrecuperavelmente falido porque não pode ser estável uma sociedade sem a solidariedade que não consegue gerar.
Rui de Carvalho
17 Julho 2011
Notas: 1. Consideram-se idosos os indivíduos com idade acima de 65 anos;
2. O índice de envelhecimento mede-se pelo número de idosos por cada 100 jovens (menos de 15 anos);
3. O índice de envelhecimento médio da Europa é idêntico ao de Portugal.

(Publicado no número de Setembro do Notícias de Manteigas)

domingo, 18 de setembro de 2011

UM DOLOROSO ESTERTOR

Nesta fase infeliz da vida do Sporting CP, os “sportinguistas” parecem-me divididos em cinco grupos: os dominadores, os acomodados, os oportunistas, os revoltados e os desiludidos. Poderia acrescentar os que, num faz-de-conta por certo dolorido, tecem loas ao que apenas a imaginação suporta ou procuram na “piada rasca” o conforto que um clube cada vez mais longe dos seus valores não consegue proporcionar-lhes.
O Sporting CP está, hoje, muito longe de ser a grande família que foi até que os interesses financeiros se instalaram quando foi posto em prática o mais danoso projecto para o que foi o maior clube desportivo português e um dos maiores do mundo.
Hoje, o Sporting CP é uma pálida sombra de si mesmo, um enfermo exausto à espera de ser salvo. Talvez inutilmente…
Sem juízos de intenções a que me não permito, parece-me que tudo foi congeminado para despertar cobiças e satisfazer interesses que não são os do Sporting CP e, assim, fazer germinar “sportinguismos” serôdios cuja genuinidade anteriores condutas desmentem.
O Sporting CP deixou de ser dos que o trazem no coração para se tornar presa de dominadores a que uma complexa máquina garante a continuidade, que amorfos acomodados consentem e alguns oportunistas suportam.
Não há “revolta” que valha quando aqueles factores se conjugam para encenar, deixar andar e confundir, enquanto o Clube se afunda em défices insuportáveis e os sócios vão perdendo o domínio do muito que, desde a fundação, foi construído.
Onde estão tantos valores materiais e morais acumulados? Por onde anda a “glória” que tantos esforços, dedicações e devoções permitiram alcançar?
Tecnicamente falido, com o dia a dia suportado por “engenharias financeiras” que não podem deixar de ter um triste fim, o Sporting CP está dramaticamente fora do caminho que para ele traçaram os que com tanto amor o fundaram e fizeram crescer ao longo de muitos anos.
Louvo e desejo a melhor sorte aos que, por certo com enormes sacrifícios e muita dedicação, ainda alimentam a esperança de um Sporting CP com a grandeza de outrora e, por isso, se revoltam e o desejam reconstruir.
Mas, talvez porque a longa vida me permite medir a enorme distância entre o sofrimento de agora e a glória que lhe conheci e ele me permitiu viver, só posso ter lugar no grupo dos desiludidos.

sábado, 17 de setembro de 2011

MAS QUE OPOSIÇÃO!

Em democracia espera-se das “oposições”, consoante as circunstâncias, um papel de fiscalização e de cooperação que me não parece ser o que Seguro é capaz de desempenhar, tanto quanto posso julgar das intervenções que tem tido.
Como um “serafim imaculado”, descarta os erros crassos que o seu partido cometeu, como se nada lhe dissesse respeito e, como político incapaz que revela ser, agarra-se a coisas de somenos importância e em nada participa na cooperação necessária para aliviar os graves problemas que, por sua responsabilidade também, o país enfrenta.
Desde que é Secretário-Geral do PS, Seguro apenas tem revelado o sonho de ser Primeiro-Ministro em 2015 apoiado por um partido cuja incompetência governativa, atitude autoritária e espírito de esbanjamento não poderão ser esquecidos tão cedo.
Os erros cometidos com o seu apoio foram demasiadamente graves para poderem ser ignorados, a menos que o povo português os queira ver repetidos.
Relativamente à Madeira, onde um governante megalómano se comportou do mesmo modo como o governo socialista da República o fez, pareceu-me ridícula a sua atitude de considerar Passos Coelho cúmplice da fraude que o governo do seu partido não foi capaz de controlar.
Seguro tem-me parecido a prova cabal de que os políticos incapazes não conseguem perder de vista o próprio umbigo, ocupando o tempo a engendrar patranhas para denegrir os adversários em vez de o aproveitar para encontrar soluções que ajudem a resolver os problemas para os quais eles próprios contribuíram. Como é seu dever que façam.
Seguro faz-me lembrar aqueles meninos chorões que até tarde mijam na cama mas não ajudam a mãe nem a mudar os lençóis!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CARAS DE PAU!

Eu sabia que só um povo muito estúpido – que o português não pode ser – permitiria a Sócrates continuar a rebaldaria despesista que nos colocou neste inferno de sacrifícios a cada dia mais insuportáveis. Mais ainda, eu sabia que o Partido que foi responsável pelo individamento insustentável de Portugal ao longo dos últimos quinze anos não poderia continuar a ter a responsabilidade da governação, a menos que todos estivéssemos loucos!
Assim chegámos a um governo que nada de populista pode fazer pois lhe foi deixada por herança uma tarefa duríssima de levar a bom termo, bem como um processo de governação com medidas impopulares bem definidas.
Custa-me a crer que, apesar de tudo isso, tantos portugueses votassem, ainda, em Sócrates, quase todos os que agora o enjeitam!
Estranho povo ou estranho Partido este que agora, com Seguro que tem a seu lado a grande maioria que fez de Sócrates um “herói”, se considera limpo de culpas para criticar seja o que for que o governo faça e pretende governar já em 1915!
Num Congresso de pura “entronização”, o entronizado desfiou um rol de lugares comuns que nada de novo trouxeram, nem poderiam trazer para a salvação do país que arruinaram. É natural, também, porque sempre foram assim os “socialistas” que nada mais alguma vez fizeram do que delapidar o que outros amealharam, porque fazem o socialismo “novorriquista” e não o socialismo que as nossas capacidades nos permitem ter.
Veja-se, por exemplo, o que fizeram do Serviço Nacional de Saúde que agora dizem ser outros quem o quer destruir. Construíram um modelo insuportável que, por isso, se arruinou. Agora outros têm de o salvar.
Não sou um modelo de capitalista, nem poderia sê-lo, e menos ainda sou um consumista que contribui para submergir o mundo numa imensa montanha de lixo e de resíduos que intoxicam o meio ambiente de que depende a nossa vida!
Não sou de Direita nem de Esquerda porque me não deixo conduzir por cardápios fantasistas que pretendem sobrepor-se à minha inteligência ou, até, à minha consciência, nem compreendo como é possível não entender as alterações de valores e de circunstâncias que tornaram obsoletas estas designações que a Revolução Francesa originou. Parece-me tempo de rever ideias, de ter coragem para evoluir.
Mas enfim… a estupidez é a marca dos tempos que vivemos, quando a “esperteza saloia” ofusca a inteligência e leva Seguro a acusar Passos Coelho de nada dizer sobre o “buraco da Madeira” que não passa de um minúsculo buraquinho se comparado com o triplo buracão em que os socialistas enterraram o país!
É, deste modo, que os socialistas pretendem repor a sua credibilidade e serem governo em 2015?

domingo, 4 de setembro de 2011

É PRECISO RECUPERAR O SECTOR PRIMÁRIO

Seis mil milhões em importações de bens alimentares, milhares de hectares de terrenos agrícolas desactivados e o atraso do “plano do Alqueva” para irrigar e tornar mais produtivas algumas áreas alentejanas, são apenas algumas das razões por que Portugal anda pelas ruas da amargura e se tornou um “pedinte” da Europa e do FMI.
Se alguma coisa há que seja imprescindível é a alimentação, pelo que ser equilibrado neste sector é condição básica para a sobrevivência de um país.
Porém, movidos por interesses que não eram os nossos e a troco de umas quantas ajudas financeiras que fizeram alguma gente rica, deslumbrados pela perspectiva de uma abastança que não podíamos ter mas que esperávamos a Europa nos proporcionasse, olhámos com desdém para o chamado “sector primário” que considerámos coisa de pobres que não seríamos mais!
Aceitámos os limites de produção que nos foram impostos e, alegremente, destruímos barcos, abandonámos terras e colheitas para nos dedicarmos aos “negócios” que nos colocariam, definitivamente, no “clube dos ricos”.
O que mais me dana é que sejam alguns dos que mais culpas tiveram no disparate que fizemos quem agora eleva a voz para dizer que temos de voltar à terra e ao mar de onde nunca deveríamos ter saído.
Não valerá a pena sonhar com o regresso aos bons tempos de boa-vida porque eles não voltarão. Agora, ou produzimos ou não temos!
O crescimento económico atingiu o “pico” há já bastante tempo, ao que se seguiram as acrobacias financeiras para o disfarçar e de que resultaram as “bolhas” que, aos estoirarem, geraram a “crise” que parece ter-se tornado permanente ou pior até.
Começou por ser o Banco Mundial a alertar para uma desaceleração da economia mundial, no que agora é seguido pelo FMI que chega a falar de recessão!
Vão mal os tempos e pior irão se não entendermos as razões desta crise tão especial.

sábado, 3 de setembro de 2011

AS CAUSAS DAS COISAS


Sempre achei interessante ouvir o que dizem ex-governantes ou, mesmo, os apoiantes de ex-governos quando outros estão no “poder”. É prestando atenção a estas coisas que se aprende o que a política realmente é, um jogo de faz-de-conta em que o povinho, ingenuamente ou não, participa.
Quando se tem a obrigação de governar tem que se justificar o que se faz, enquanto os que se lhe opõem podem ser irresponsáveis no que afirmam, dizendo apenas o que lhes parece que a maioria do povo gostaria de ouvir.
Por isto é muito mais fácil ser oposição do que ter a responsabilidade de governar porque, diga-se o que se disser, apenas os que estão de acordo se manifestam e ficam felizes.
São muitas as barbaridades que se dizem e que, apenas porque se trata de política, não têm, para quem as diz, as consequências que teriam se tivessem de falar a sério! Digo bem, falar a sério e perante quem tivesse capacidade para criticar.
Mas o “jogo” político é e sempre foi isto, fazer parecer que é o que conviria que fosse! Daí que os políticos nem precisem de ser grandes conhecedores seja do que for, bastando que tenham a “arte” de, em cada momento, perceberem o que mais sensibilizará as suas “vítimas” e fazer-lhes crer que seria assim que fariam se detivessem o poder. É o que fazem nas campanhas eleitorais e o que fazem quando não têm de governar. Por isso presto tanta atenção ao que os ex-governantes dizem, sobretudo quando, com a mais cândida desfaçatez, criticam os outros pelos males que eles próprios fizeram. E não abro aqui qualquer excepção!
Foram estes os pensamentos que me assaltaram quando li declarações do actual secretário-geral do PS, afirmando que “estão a dar cabo da classe média em Portugal”, referindo-se ao que o actual governo está a fazer quando aumenta impostos. O que Seguro não diz, porque os políticos nunca o dizem, é por que o governo tem de proceder assim.
Para tudo o que se faz existem dois tipos de causas, as remotas e as próximas, sendo estas últimas as que toda a gente recorda quando as coisas acontecem apesar de as mais importantes serem as primeiras. Por isso, Seguro apenas disse aquilo com que todos ou a maioria de nós está de acordo e, para ele, são as mais convenientes: as medidas do governo para combater a crise estão a deixar-nos cada vez mais pobres! É uma verdade para a maioria de nós. É, por isso, uma verdade que leva os incautos a aplaudi-lo incondicionalmente, sem cuidar de saber de mais nada.
Se estivesse no poder, Seguro diria que as razões destas medidas e, consequentemente, do nosso progressivo empobrecimento estão no estado de falência em que o anterior governo, emanado do partido que agora dirige, deixou o país depois de uma política incautamente despesista que duplicou a dívida nacional em pouco mais de cinco anos, para além de deixar muito lixo debaixo dos tapetes.
É esta a causa que Seguro omitiu mas que é a verdadeira causa dos sacrifícios que teremos de suportar. Outro qualquer político talvez fizesse igual. Naturalmente!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NÃO SE PODE TER TUDO

Há um princípio na vida que nunca vi desmentido: não se pode ter tudo, nem para além do que se pode ter! Todos os que o não respeitaram acabaram por sofrer os efeitos do erro cometido que será o que centenas de milhares de famílias portuguesas cometeram, instigadas por instituições que lhes fizeram crer que tudo estaria ao seu alcance através do crédito que lhes concediam.
Não preciso aqui dizer como este equívoco está causando dores a tanta gente, para além das que terão de sofrer também porque o país cometeu o mesmo erro!
Descobrimos, depois, que as facilidades de crédito nos levaram a gastar mais do que podíamos pagar e, como consequência, a falência foi inevitável, tal como ficámos a saber, também, que para a ultrapassar, temos de pedir dinheiro que aos falidos se não empresta com tanta facilidade e custa bem mais caro.
O remédio é o óbvio: baixar o nível de vida que nos levou à falência para tentar regularizar a situação.
Não é fácil de aceitar esta situação, tal como não é fácil ao governo dizer claramente que terá de ser assim. Diz que sim, que não, que talvez, fazendo crer que, apesar de tudo, tudo será melhor.
Foi o que notei na entrevista de hoje do dr Paulo Macedo, ministro da saúde, que não conseguiu dizer claramente que o Serviço Nacional de Saúde baixará, inevitavelmente, a quantidade dos serviços que tem vindo a prestar, ainda que tente manter a qualidade, porque não tem dinheiro para mais.
Não adianta que a Constituição diga que todos temos direito à saúde se não temos como o garantir, como diz que temos outros direitos não garantidos também.
Não será o agravamento das taxas moderadoras que resolverá a questão, ainda que seja inevitável.
Enfim, passaremos a ter o Serviço de Saúde que podemos ter se quisermos ter algum!
Temos auto estradas a mais e comodidades a menos, porque não se pode ter tudo.