ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

OS POLÍTICOS GANHAM MAL OU BEM DEMAIS?


Hoje, a questão de serem os políticos bem ou mal pagos foi-me recordada por alguém que, num comentário televisivo como outros que já ouvi também, defendeu a tese de que os políticos são mal pagos e, por isso, vão para a política os piores porque os que são bons facilmente conseguem melhores rendimentos noutras actividades.
A menos as excepções que não há regras que consigam evitar, também me não parece que a política seduza os melhores que ou dela se alheiam ou preferem manipulá-la dos bastidores onde se escondem mas exercem o seu poder.
Há por aí muitos “Richelieu” desconhecidos a par de outros que, como o gato escondido, têm o rabo de fora…

Assim, perante a afirmação de que vão para a política os piores, sou levado a concluir que, afinal, os políticos ganham até bem demais. A maioria, pelo menos...


O FUTEBOL, AS NOVAS TECNOLOGIAS E O OLHÓMETRO


É já ridículo o estrilho que se faz acerca de uma questão que, por tão simples que é, nem sequer deveria ser uma questão porque a avaliação correcta das faltas é uma consequência natural do regulamento de jogo que as define e apenas assim se cumpre um qualquer regulamento ou qualquer lei.
É, sem dúvida, um paradoxo definir faltas e proibir o melhor modo de as detectar! Só interesses estranhos podem justificar tal atitude.
Os que jogam o futebol, aqueles sem quem o futebol nem existiria, reclamam a introdução das novas tecnologias na avaliação imediata de pormenores duvidosos e até de outros que nem chagam a causar dúvidas, seja ao árbitro que os “vê” de um modo seja a todos os demais que os vêem de modo diferente.
Assim se marcam foras-de-jogo que não são ou se confirmam golos marcados fora-de-jogo, se decidem grandes penalidades que não aconteceram ou se deixam passar faltas que, claramente, mereciam que fosse marcada uma grande penalidade, se avalia a gravidade de uma falta ou de uma atitude! Em suma, assim se perverte a verdade do jogo que, deste modo, deixa de o ser para se tornar no móbil de outras actividades parasitas, sejam os comentadores que perderiam uma boa parte da sua razão de ser, os jogos de azar que voltariam a ser apenas isso ou os interesses de clubes e de organizações, de fundos e de empresários que invistam uma pequena parcela do que a perversão lhes valha na corrupção que lha faça valer.
Ficou claro que exagerei ao “meter no mesmo saco” todos os que jogam futebol porque se fosse assim outro remédio não haveria senão adoptar, mesmo, as “novas tecnologias” em vez do “olhómetro” que veja o que lhes convém.
Tornou-se já tão evidente que a arbitragem se presta a atitudes perversas que não adianta os “senhores do futebol” aduzirem mais razões para recusar o que tantas modalidades já fizeram e foi adoptar as medidas disponíveis para a avaliação das faltas praticadas, em conformidade com os respectivos regulamentos e, deste modo, evitarem a tradicional desculpa do erro humano, para além de outras causas das faltas indevidamente julgados, com benefícios e com prejuízos que já a ninguém passam despercebidos.
O que eu não entendo é que continue a ser um mundo aparte este do futebol a que o direito comum se não aplica e até fecha os olhos às maroscas já evidentes que, sob as mais variadas formas de “jogos”, de “fundos” ou de “agentes”, se possam fazer.

sábado, 29 de agosto de 2015

AS PREOCUPANTES MIGRAÇÕES


Previ há já alguns anos, numa crónica publicada num jornal a que, então, prestava a minha colaboração regular, que este fenómeno migratório mais cedo ou mais tarde teria de acontecer em força, pois não seria possível conter, por muito tempo mais, os efeitos perversos de uma descolonização que não teve por objectivo por fim a séculos de exploração, mas, em vez disso, prossegui-la de outro modo e com outros actores.
E foi isso que aconteceu, sem dúvida, com “testas de ferro” dos novos exploradores a “comandar” as “independências” de que os povos não sentem a realidade e, menos ainda, os benefícios económicos que, por elas, deveriam alcançar.
De resto, onde está a restauração cultural que deveria ser o objectivo maior da libertação?
Serão os modelos governativos adoptados pela “África Livre” uma prova de independência ou a evidência da continuação da sua subalternidade a poderes egoístas e manipuladores?
Era, pois, inevitável a acumulação de problemas que geram confrontos sangrentos, fome e desolação, do que, naturalmente, os mais fracos tentam escapar, dispostos a correr todos os riscos para atingir o eldorado que crêem que a Europa é.
Como estão equivocados!   
Naturalmente que as migrações que têm a Europa como destino são um drama que não pode deixar de preocupar pelos problemas humanos a que dão lugar, mas, mais do que isso, deveria fazer-nos reflectir sobre o que as causa e é, por isso, o verdadeiro problema a resolver.
É fácil mostrar consternação pelos dramas de que todos os dias nos chegam notícias e, mais ainda, criticar a atitude a que é fácil chamar falta de abertura da Europa para escancarar as suas portas às avalanches dos infelizes que a demandam.
Mas, será essa "abertura" a solução?
É muito mais fácil falar em termos de compaixão choramingueira que não leva em consideração os verdadeiros problemas deste fenómeno migratório do que procurar compreender as suas verdadeiras causas e, em conformidade, proceder.
Mas este é, apenas, um dos aspectos a considerar nesta "invasão" que pode ter e, por certo, a continuar terá outras implicações complicadas que não haverá "solidariedade" que resolva.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

FRASE LAPIDAR OU EPITÁFIO?


"Não é possível saber para onde estaremos a caminhar nos próximos anos, mas não estamos certamente a caminhar para esse crescimento económico que agora nos prometem como uma quase inevitabilidade em resultado das políticas de austeridade". Foi o que, segundo uma notícia que li, afirmou Pedro Marques, que fez parte do Governo de José Sócrates.
Uma afirmação com a qual, se pouco atentamente a leio, me sinto tentado a concordar.
Mas não concordo!
Não passa de mais um chavão manipulador das paixões, dos desagrados e das frustrações dos que foram enganados pelos que lhes prometeram e continuam a prometer um mundo que já não existe. Mas como é esse o mundo que desejam, é em afirmações torpes como aquela que os desprevenidos e os ambiciosos preferem acreditar.
Obviamente, a austeridade não gera crescimento económico! Controla-o para que não exceda os limites de que depende o equilíbrio que garante a satisfação perene das nossas necessidades. Verdade que faz parte do saber comum que os políticos não entendem, que está registada em mil ditos com que a experiência de vida se transmite. 
A outra via, aquela que, com as razões do seu tempo, Keynes apontou como o caminho para a retoma do crescimento, deixou de fazer sentido quando os recursos são escassos, quando o consumo das reservas deixou de ser um expediente oportuno para ser o modo oportunista de que fazer crer que os recursos são infinitos.
Não sei que alternativas a Economia pode ter quando as reservas se esgotam, para além da austeridade que as possa reconstituir para, depois, poder viver, de novo, em equilíbrio.
Mas, de facto, com os políticos encantados com o seu umbigo, empenhados na defesa dos seus interesses e alheados dos problemas mais sérios do mundo, quem poderá saber “por onde estaremos a caminhar nos próximos anos”?
Por bons caminhos não será, com certeza!


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A QUEM A VERDADE DÓI


Nos campeonatos do mundo que decorrem em Pequim, naquele Estádio Olímpico a que chamam “O Ninho”, uma atleta portuguesa praticante de Judo e muito conhecida pelas suas inúmeras vitórias, foi desclassificada por ter cometido uma falta grave que o controlo visual directo do combate não descortinou mas que os meios disponíveis pela “mesa” permitiram notar.
E a decisão foi tomada sem as reservas que qualquer dúvida poderia criar. Simplesmente!
Se há regras e são para cumprir, é natural que se adoptem os meios possíveis e mais credíveis para controlar o seu cumprimento. E há já diversos desportos profissionalizados em que tal acontece com a utilização de tecnologias adequadas.
Infelizmente, o futebol resiste estoicamente à sua adopção para o que haverá, sem dúvida, uma forte razão.
Por exemplo, se as “novas tecnologias” tivessem sido adoptadas, como teria continuado o Schalk 04 numa prova em que um dos juízes da partida resolveu castigar o Sporting com uma grande penalidade que não existiu, assim o desqualificando?
Se houvesse um meio irrefutável de não esconder as trapacices que podem ser feitas à conta da inimputabilidade dos árbitros, como teria sido validado o primeiro golo do CSKA marcado com a mão e se teria a quase impossível certeza que apenas o árbitro teve, de a bola ter ultrapassado ligeiramente os limites da área de jogo depois de marcado um canto, levando a anular o golo que daria a vitória ao Sporting?
Creio que a razão é muito simples e se prende com o poder, por certo rentável, que os árbitros não querem perder porque lhes permite tomar decisões que ninguém, nem a verdade, pode desfazer.
A não ser assim que outra razão poderá haver para preferir a dúvida ou a mentira à verdade?


OS DONOS DE TUDO E OS DONOS DE NADA


Quase todos os dias as notícias têm de prestar atenção às manifestações dos “lesados do BES” que, ora aqui ora acolá, nos vão mostrando a vergonha em que se tornou este episódio sórdido de “equívocos” bancários que, infelizmente, são tão comuns de acontecer.
Entre os “lesados” haverá quem, conscientemente, tenha corrido o risco. Mas esses nem serão a maioria dos que, naquela operação macaca que lhes propuseram, perderam as poupanças de uma vida!
Seja o papel o que for, comercial ou higiénico, é um produto que o BES vendeu aos seus clientes absolutamente consciente dos riscos que representava por ser de uma empresa detida pela mesma família que detinha o BES.
Parece ter havido, neste negócio, aproveitamento de ingenuidades que regras bem definidas deveriam proteger. Mas parece que não protegem.
Não entendo, por isso, por que razão a Justiça portuguesa não investiga a culpa que tenha havido e tome as providências necessárias para que “os donos disto tudo” venham a ressarcir os prejuízos dos que ficaram “donos de nada”.
Mas como poderá faze-lo quando, afinal, os “donos de tudo” parecem nada ter de seu?!


A MINHA BOLA DE CRISTAL


Não me parece que a responsabilidade de conduzir Portugal pelos caminhos certos neste momento tão delicado para a Humanidade seja a inspiração da maior parte do que se passa e se diz nesta pré-campanha eleitoral.
Sobretudo, não me dou conta de que, nas propostas anunciadas ou nas “contas” que dizem ter feito para as justificar, conste, das premissas consideradas, a realidade do mundo que mostra tendências bem diversas das que o optimismo dos candidatos ao poder revelam nas promessas que fazem.
Não lhes interessa decerto, reconhecer que o “sonho que comandou a vida” desapareceu da dormência que uma realidade estrondosa acordou e, ainda estremunhados, não conseguem encontrar soluções para os inúmeros perigos que, ao longo do seu sono, se acumularam nem para os novos que, agora, lhes vão entrando porta adentro.
Num país mal informado e com baixo nível de conhecimento sobre as grandes questões mundiais, cujos efeitos perniciosos sobre Portugal não podem ser ignorados, as promessas generosas dos que ambicionam conquistar o poder serão, sem dúvida, aliciantes para os que ainda alimentem o sonho da vida airada que o passado consentiu mas que não tem lugar no futuro que as circunstâncias nos impõem.
É tudo isto e muito mais que me preocupa, como me preocupa também a leviandade com que as “personalidades” deste país encaram as questões ou, melhor dizendo, fogem delas, o que me faz temer pelo futuro de um país quase milenar que parece querer deixar vergar-se ao peso do longo tempo que já tem vivido.
Apesar do pouco significado que atribuo às sondagens, tive a curiosidade de ir ver como têm elas evoluído ao longo deste tempo em que, do Oriente, se aproxima o “mago salvador” deste país que continua a sonhar com a grandeza que já não tem, e verifiquei que a única mudança sensível desde então foi que a “boa nova” não parece seduzir mais do que quem nela veja nela a oportunidade que sempre tem quando o “seu” partido é poder.
Desde uma vantagem significativa nas intenções de voto que colocava o PS próximo da maioria absoluta e se suporia ir crescendo com o tempo pelos efeitos de uma "austeridade" por todos contestada, a evolução foi diferente, esbatendo-se a diferença até uma igualdade que os efeitos da campanha eleitoral e outras realidades podem influenciar também, porventura desfazendo os mitos de uma rotunda vitória anunciada.
Pelas tendências que revelam, as sondagens dizem que podemos estar à beira de problemas muito sérios, de erros lamentáveis e de um futuro desastroso.
Mas a minha bola de cristal é muito opaca e não me mostra mais do que o bom senso me pode dizer também.
Não vai ser fácil o futuro de um país que não compreende os verdadeiros problemas que tem e pensa ser com simples mudanças de governo que os resolve.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

AS CARTAS DE COSTA E OS LEILÕES DE MILHÕES


Tenho “recebido” as cartas que António Costa envia a toda a gente e surpreende-me a leviandade com que fala de coisas que não passam de questões menores ou mesmo “não questões” neste mundo global onde, por mais que se esforce, não tem voz.
Esquece o que se passa à sua volta no país e no mundo, invoca teorias que a realidade já desqualificou e pensa ser com truques de magia e voluntarismo que os problemas deste mundo se resolvem.
Só pode ser assim porque, quando já a ninguém pode passar despercebida a hecatombe que enormes esforços vão retardando mas a teoria do caos instalado teima em confirmar, falam as cartas de questões sem nexo, fazem promessas que ninguém cumprirá, baseadas em “contas” em que só a prova dos nove bate certo porque não levam em conta o mais importante do momento que vivemos.
Pensará Costa que o mundo se reduz a esta Lisboa que nem bem soube gerir, que a vida se decide neste cantinho que muitos nem sabem onde fica ou que a “democracia” pode continuar a ser o equívoco que tem sido por não atender à realidade que a tornou caduca?
Acreditará Costa que mudar por mudar, com promessas insensatas ou pela necessidade de “alternância” que a ninguém já convence, é solução seja para o que for?
Junte-se a tudo isto o ridículo dos que prometem cem quando outros dizem dar um e torna semelhante ao despique dos aldrabões de feira o que deveria ser esclarecedor para os que terão o dever de votar em consciência.
Mas, seja o que for que eu pense dos disparates que se fazem, não é de mim que depende o resultado das eleições que haverá e vão testar, como nunca antes o fizeram, o bom senso de um povo que terá ou não aprendido com erros semelhantes que outros ainda há bem pouco tempo cometeram!
Interessante será ver, depois, quais serão as queixas ou as razões que ditarão a alternância seguinte...


terça-feira, 25 de agosto de 2015

A TEORIA DO CAOS


Tenho poucas dúvidas, se algumas, de que estamos a viver tempos de profunda mudança.
É impossível não reparar na instabilidade própria das situações limites que antecedem a derrocada inevitável do que já não é sustentável, pois é essa a situação que vivemos ao longo dos últimos anos.
A persistência no erro prolonga o sofrimento e atrasa o refazer da vida se for nossa intenção continuá-la.
A “Segunda-Feira negra” que, a partir da China, pintou de vermelho todas as “bolsas” do mundo, é o sinal mais óbvio da elevada tensão que, a qualquer instante, pode fazer rebentar a bolha da grande ilusão que é a de sermos capazes de ultrapassar limites intransponíveis e sairmos vencedores da batalha que resolvemos travar contra a Natureza, porventura no convencimento bíblico de que David sempre vence Golias!
Na que, em breve, seria a maior economia do mundo, o céu parece estar a cair, arrastando consigo os outros céus.
É curioso notar que na explicação mais popularizada da “teoria do caos” se diz que “se uma borboleta bater as asas em Pequim, acabará por desencadear uma tempestade em Nova Iorque”. Porque foi o que sucedeu quando, após o afundamento da bolsa de Xangai, apesar dos desmedidos esforços do governo chinês para a evitar, Wall Street sentiu a dureza da queda desamparada que os seus malabaristas financeiros não conseguiram, de todo, evitar.
Parece tudo estar a voltar a 2008 para recomeçar a batalha inglória de tentar vencer a crise financeira que veio para ficar e me parecer ser a “manobra de diversão” que nos distrai de outras crises bem mais perigosas a que não prestamos a devida atenção.
Valerá a pena manter a ilusão de acreditar numa economia cansada de tanto esforço para não cair porque é cada vez mais difícil manter a atitude de usar e deitar fora que a alimenta mas que a realidade, cada vez melhor conhecida, revela ser impossível?


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A RAZÃO DA MAIORIA E A MAIORIA DA RAZÃO


Quando o mundo vive problemas muito sérios que podem por em causa a sobrevivência da própria Humanidade que habita este planeta há muitos milhões de anos mas que, ao longo de pouco dos mais de dois séculos de “revolução industrial”, delapidou os recursos naturais, degradou profundamente o Ambiente de que necessita para viver e acelerou e as alterações climáticas naturais de um modo que, quase por certo, lhe virá a criar condições de vida muito difíceis de enfrentar, é necessário e urgente rever os procedimentos de tomada das decisões políticas, porque são agora outras e bem diferentes as razões para as tomar.
É um modo de viver comprometido pelos danos profundos que causou e continua a causar, ultrapassando já os que sem más consequências, porventura até irreversíveis, a Terra pode suportar.
Os políticos não conseguem já evitar reconhecer esta verdade, mas não são capazes de a enfrentar com os procedimentos que a realidade mostra indispensáveis para evitar males maiores.
E de “boas intenções” continua a encher-se o inferno…
A capacidade do nosso planeta, baseada em ciclos naturais de reposição e de regeneração de recursos, tem limites que a observação científica verificou estarem ultrapassados pela intensidade do consumo, de tal modo que a “produção anual” já mais não dá do que para meio ano, a partir do que consumimos as reservas que, sem dúvida e pelo ritmo crescente que as últimas décadas revelaram, rapidamente chegarão ao fim.
É a falência de um tipo de vida que, apesar disso, continua a ser a ilusão que todos perseguem em migrações desesperadas que parecem querer concentrar o mundo exactamente onde, apesar das aparências, ele começa a morrer.
A visão curta da política, habituada a não pensar o amanhã e incapaz de se dar conta das mudanças que acontecem, apesar de a cada dia serem mais evidentes, cava cada vez mais fundo o buraco em que se enterra e torna cada vez mais difícil a vida dos vindouros, até ao dia dos que se aperceberão que, inevitavelmente, o fim da Humanidade é uma certeza.
Perdeu-nos a “razão da maioria” que escolheu este caminho.
Poderá aliviar os nossos males a “maioria da razão” que possa entender a necessidade de rigor de comportamentos onde outros direitos não cabem para além dos que se conformem com o respeito pela Natureza da qual somos, cada vez mais, uma parte insignificante.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

ESTUDOS OU CONTAS?


Ainda há quem se deslumbre com os “estudos” em que alguns políticos dizem basear as suas previsões, sobretudo as que nos querem fazer crer num sucesso que as circunstâncias não suportam.
“Estudo” sempre faz pensar em algo de muito sério e fora do alcance do comum dos mortais, algo de misterioso a que só os mais dotados têm acesso e de cujos resultados se não pode duvidar.
Mas duvidar como? Um estudo é um estudo e ponto! Se o for.
Diz o PS serem estudos macroeconómicos as “contas” que faz e que têm por base as políticas optimistas de “crescimento económico” que propõe e dos quais resulta a “convicção” da criação de mais de 200.000 empregos em quatro anos, a par da redução do défice até pouco mais de 1% do PIB.
Contas simples que têm por base parâmetros que não dominam, taxas de crescimento que, por certo, jamais irão acontecer.
Não conheço forma de fazer “estimativas certas” como são as que resultam das “contas” que o PS diz poder mostrar, ao contrário das que, dizem, outros escondem.
Afinal os “estudos” não passam de “contas” que, certas ou erradas, não são mais do que as hipóteses em que se baseiem. E as hipóteses do PS quais são? Precisamente as que conduzem aos resultados que convêm.
É aqui que está a questão se coloca, nas premissas que fazem com que as contas, ainda que aritmeticamente certas, possam conduzir a resultados falhados, bem diferentes daqueles que a realidade mostrará mais tarde.
E mais uma vez se provará que a política não é aritmética e que a demagogia não pode substituir a realidade na qual as contas devem basear-se mas que, por interesse ou ignorância, jamais é considerada.
Transformar a política num computador estúpido que com uma rapidez insuperável faz as contas que lhe mandam fazer, parece ser a tendência desta política que está a viver os seus últimos dias. Dias de desespero.
Cá por mim, não vejo que "contas" nos poderão salvar da estupidez de pensar que é no consumismo que estará a solução a que apenas uma racionalidade sóbria nos pode levar.



quinta-feira, 20 de agosto de 2015

TODO O BURRO COME PALHA...


(Fotografia: NASA)

Não fazem qualquer sentido nem, sequer, revelam bom senso, as "estimativas" da campanha eleitoral do PS que prometem centenas de milhar de empregos dentro de quatro anos e, com isso, nada mais fazem do que criar falsas expectativas naqueles para quem a vida é mais dura e que são a maioria!
Quando o mundo está em plena perda, exaurido pelos excessos de uma economia consumista e a Humanidade confundida com as promessas de paraíso que a Terra jamais será, valeria mais que os políticos tomassem conta da realidade que é o drama que o mundo vive em vez de fazerem promessas que jamais poderão cumprir porque tal já nem está nas suas mãos.
Em Portugal, irá o António Costa contratar mais 200.000 novos funcionários públicos ou nacionalizará todas as empresas para nelas "criar" os empregos que promete?
Não sei, mas seria uma forma de cumprir. Porventura a única. Depois... logo se vê.
Talvez muita gente se recorde da promessa um pouco mais comedida com que Sócrates convenceu o eleitorado e, de todo, não cumpriu!
Terá António Costa copiado as "estimativas" daquelas que o Syrisa fez e saíram furadas?
Não é possível ignorar os encómios que Costa lhes teceu quando pensava que os novos vencedores gregos iriam mudar a Europa, esquecendo o “cavalo de Tróia” que lhes poderia entrar em casa.
Há um velho ditado que diz que "todo o burro come palha..."
Mas quantos burros há e, até, se haverá palha para todos, isso o ditado não diz! Mas talvez as eleições o digam.
Reparem neste texto que tem a data de 13 de Agosto passado e, depois, pensem um pouco sobre as maravilhas que estes “socialistas” prometem:

“A PARTIR DE AMANHÃ COMEÇAREMOS A VIVER ACIMA DAS POSSIBILIDADES DA TERRA
por Bárbara Cruz, 13 agosto 2015http://www.dn.pt/Common/Images/img_ciencia/icn_comentario.gif
Em oito meses, a humanidade consumiu os recursos renováveis que o planeta consegue produzir durante um ano. Depois do dia 13 de agosto, estamos a delapidar as reservas da Terra.
Há 20 anos que a Global Footprint, uma organização não governamental ligada à conservação da natureza, faz o cálculo: com dados fornecidos pelas Nações Unidas, a ONG compara a pegada ecológica do Homem - que mede a exploração dos recursos naturais do planeta Terra pelo ser humano - com a capacidade do planeta de se regenerar, renovando os seus recursos e absorvendo os resíduos. Perante as informações recolhidas, a Global Footprint determina o dia em que a exploração humana ultrapassa a chamada biocapacidade da Terra. Em 2015, esse dia assinala-se esta quinta-feira, 13 de agosto.
A data é cada vez mais precoce: em 2005, o homem começava a explorar as reservas do planeta só a partir de Setembro. Em 1975, os recursos renovados a cada ano terminavam apenas em Novembro. A vertigem do consumo é cada vez maior e a humanidade, conforme indica a organização, vive cada vez mais tempo "a crédito", com a dívida ecológica a crescer e a tomar proporções preocupantes. A desflorestação, escassas reservas de água, poluição e o efeito de estufa são o preço que o Homem já está a pagar pelo consumo desenfreado dos recursos terrestres, num ciclo vicioso que, daqui em diante, só pode piorar caso não sejam tomadas medidas urgentes.
A poucos meses da conferência mundial sobre as alterações climáticas - prevista para Dezembro, em Paris - o vice-presidente da Global Footprint, Sebastian Winkler, disse ao Le Monde que as negociações que se avizinham serão determinantes para reduzir a pegada ecológica do homem, porque são as emissões de carbono as principais responsáveis pela degradação do ambiente e dos recursos terrestres.
"É um ciclo vicioso. A nossa forma de consumo degrada os ecossistemas dos quais dependemos. Lança gases com efeito de estufa para a atmosfera e o aquecimento global agrava ainda mais esta situação", realça Diane Simiu, a directora dos programas da WWF, organização dedicada à preservação do ambiente, em França. A continuar a tendência de sobreexploração dos recursos do planeta, em 2030 serão necessários os recursos gerados por dois planetas Terra para responder às necessidades do homem.
A boa notícia, segundo Sebastian Winkler, é que basta que os 195 países que vão participar na reunião de Paris cheguem a acordo para a redução em 30% das emissões de CO2: assim, em 2030, a humanidade viveria das reservas da terra só a partir de 16 de Setembro, verificando-se uma maior poupança dos recursos do planeta. Caso nada mude, o dia chegará a 28 de Junho.”

Para terminar, apenas digo que, pelo que o passado mostra e o presente promete, Sebastian Winkler é um optimista! Não está em campanha eleitoral e mesmo assim...

domingo, 16 de agosto de 2015

SONDAGENS


Um texto publicado  hoje num jornal, fala sobre sondagens, das que dizem respeito a actos políticos, e questiona a sua importância.
Terão elas o rigor bastante que qualquer indicativo deve ter para servir de orientação fiável? Afinal as sondagens reflectem uma realidade ou influenciam-na?
Quanto ao rigor destas sondagens, tenho sérias dúvidas por diversas razões.
Uma sondagem pretende determinar as características de um todo extenso através de uma amostra reduzida, porém escolhida de tal modo que possua as características médias do todo, porque só assim será uma amostra significativa.
A escolha da amostra é a grande dificuldade pelo que exige técnicas que são definidas consoante a natureza do todo que se pretende caracterizar, as quais serão tanto mais complexas e difíceis quanto mais heterogéneo ele for. Mais difícil ainda se o todo não for contínuo.
No que diz respeito aos eleitores, o todo não é nem homogéneo nem contínuo, além de não ser inerte porque se trata de seres humanos que têm vontade própria, conhecimentos e convicções que evoluem com o tempo.
Segundo a Pordata e a SGMAI, em 2014, o número total de eleitores era 9.457.671, dos quais apenas 3.278.481 foram votantes. 
A abstenção atingiu, pois, o elevadíssimo número de 6.179.190.
Dos valores disponíveis verifica-se que a abstenção tem aumentado.
Independentemente das dúvidas a que os números dos recenseamentos sempre dão lugar, as suas ordens de grandeza serão estas e a primeira coisa que salta à vista é o elevadíssimo número de abstenções, quase 60% do total de eleitores que, atendendo a um indesmentível abaixamento da popularidade dos políticos e das desconfianças que, alguns deles, geram, só pode ter tendência a aumentar.
Não vejo que as sondagens traduzam tal fenómeno nas percentagens que apresentam nem que uma amostra de pouco mais de 1000 pessoas possa representar um universo tão maior e tão complexo como é o dos milhões de eleitores dispersos por milhares de aglomerados populacionais.
A escolha da amostra baseia-se no conhecimento de tendências verificadas no passado que mudanças claras na compreensão da realidade certamente cada vez mais alteram.
Decerto por isso se têm verificado, em diversos países, profundas discrepâncias entre os valores indicados pelas sondagens e os realmente apurados.
Também acontecimentos políticos recentes e as suas consequências não deixarão de ter influência na decisão dos eleitores na hora de votar.
Veremos o que vai passar-se nas próximas eleições legislativas em Portugal.
Apenas me resta esperar que, em vez de preconceituosos, os portugueses sejam racionais no modo como vão decidir em momento de tamanha importância para o futuro porque, afinal, a tal "alternância democrática" não é a solução que o nosso correcto entendimento das coisas deve ser.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

ENTRE AS CONVERSAS NA PRAÇA E O PLANETA DOS MACACOS


Do folhetim grego, mais uma fase está prestes a ver o fim! Apenas mais uma…
Faltarão uns pormenores e aprovações que, sem dúvida, acabarão por ser acertados para que esta Grécia siga o seu caminho, aquele que desde há muito está traçado.
Em tudo quanto se passou, não surgiram ideias novas nem propostas diferentes que pudessem trazer algum alívio a um mal que, só o não vê quem não quer, não é apenas grego.
Em boa verdade, tudo me pareceu semelhante àquela vigorosa e democrática “revolta” estudantil do “não pagamos” que acabou com as propinas a serem pagas nas secretarias das faculdades e o número de estudantes reduzido.
Pouco, muito pouco mais do que isto foi aquilo que se passou, o que é de menos perante as necessidades que, mesmo que as queiramos ignorar, são uma realidade que, mais cedo do que tarde, inevitavelmente enfrentaremos.
Depois da rebeldia vanguardista com que enfrentou a austera e desgastada Europa, a Grécia terá o seu 3º resgate que uma parte do Syrisa e a Oposição aprovaram numa Sessão parlamentar que fez um longo serão.
Foi, deste modo, uma maioria estranha a que aprovou uma decisão que, tudo o faria crer, seria impossível no quadro político actual, uma estranha “coligação” entre os destroços de um grande vencedor que garantia o fim da austeridade e os derrotados que dela eram acusados.
Mas mais uma vez, como em tantas outras vezes que também já vi, um governo que o povo elegeu para fazer diferente do que outros antes fizeram, faz diferente daquilo com que se comprometeu, talvez porque as coisas não são bem como pareciam ser nem existem as soluções miraculosas que, dizem, a “democracia” sempre tem e realiza nas “alternâncias que faz.
Depois de mais de meio ano de “insubordinação” que levou a Grécia da desgraça às ruas da amargura, chegou a hora de limpar os cacos e de tentar salvar aquilo que restou.
O que não certo de que vá acontecer…
Em tempos já muito distantes, numa praça como aquela que a tantas manifestações tem assistido, num “parlamento” aberto que se servia dos bancos do jardim, ilustres filósofos discutiram os regimes políticos, entre os quais não encontraram aquele que, isento de defeitos, evitasse os vícios que a própria democracia tem.
Talvez, numa nova “praça” rodeada pelos destroços que a estupidez humana acumulou, outros filósofos se reúnam um dia, tranquilos, a discutir o que poderão fazer para salvar o mundo, antes que chegue o "planeta dos macacos"!


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

CALAMIDADES, NEGÓCIOS OU O QUÊ?


Sempre existiram pirómanos, mas talvez nunca tantos como agora.
Por iniciativa própria ou, quem sabe, por conta de outrem, cada vez mais pirómanos andam por aí a atear fogos nas matas, como se depreende do número de detenções por suspeita de fogo posto!
São já 67 os que, segundo as notícias, foram detidos por suspeita de serem causadores de incêndios florestais.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, no seu último relatório, regista que no primeiro semestre deste ano se registaram 10.340 incêndios que alastraram por quase 30.000 hectares. O número de incêndios mais do que duplicou em relação ao mesmo período de ano anterior, enquanto a área ardida mais do que triplica.
São, pois, cada vez maiores os prejuízos causados por estas ocorrências que parece ninguém ser capaz de conter, apesar de serem cada vez maiores os custos para as combater, atingindo, mesmo, valores que melhores resultados produziriam em muitas outras aplicações para as quais são muito escassos.
Tudo isto faz pensar por que se não investe tanto dinheiro, possivelmente menos até, em projectos de prevenção destas catástrofes que, para muitos, correspondem à perda de todos os seus bens.
E fica a ideia de que algo não corresponde ao que seria a atitude lógica em casos assim.
São já demasiados os interesses envolvidos nestes acontecimentos, o que nos permite pensar se, realmente, haverá um desejo autêntico de os evitar.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CONTRA-SENSOS


Mal passou uma semana neste mês de Agosto, o tradicional mês de férias para a grande maioria dos portugueses.
E numa época para o descanso merecido por um ano de trabalho duro e para descompressão de todo o estresse acumulado numa vida em que os problemas parecem multiplicar-se, numa altura em que a descontracção e o sossego deviam ser a norma, é um verdadeiro contra-senso ler notícias como esta “Catorze pessoas morreram em acidente nas estradas portuguesas, na primeira semana de Agosto, totalizando 291 vítimas mortais desde o início do ano, indicou hoje a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
A ANSR adianta que a GNR registou, de 01 a 07 de Agosto, na sua área de actuação, 12 mortos e 51 feridos graves, enquanto os acidentes rodoviários nas zonas patrulhadas pela PSP causaram dois mortos e cinco feridos graves.
Segundo a ANSR, o número de mortos nas estradas portuguesas aumentou este ano quase 13 por cento em relação ao mesmo período de 2014.
Infelizmente, nesta economia oportunista em que vivemos, as perdas de uns são os ganhos de outros, pelo que todos estes acontecimentos que são desgraças para uns, são uma excelente oportunidade para os que deles tiram proveito.
Talvez por isso seja tão difícil um combate sério a esta sinistralidade provocada por um sector que tem os maiores reflexos na economia para a qual contribui com a indústria automóvel, com os combustíveis, com as indústrias de manutenção e de reparação, todas envolvendo vultosas quantias que geram enormes receitas para o Estado!
A verdade é que tantas desgraças contribuem, em Portugal como em todo o mundo, para o aumento do PIB!


terça-feira, 11 de agosto de 2015

NÃO BRINQUEM COM AS PESSOAS E RESPEITEM OS NÚMEROS...


A NOTÍCIA: “Maria João diz que não estava desempregada e que não disse o que está no outdoor. Mais, acrescenta que quando tirou a fotografia…prestava até serviços à Junta de Freguesia de Arroios (socialista)”






Ao um primeiro cartaz, nada feliz, que se prestou a críticas pouco lisonjeiras, desagradáveis até, outro se seguiu, porventura menos feliz ainda. Um autêntico tiro no pé que recorda as dores provocadas pelos disparates de um governo megalómano e sem o correcto sentido dos problemas sociais que, prioritariamente, seriam de resolver.
Procuram-se culpados que ninguém assume ser porque, naturalmente, ninguém poderá sentir-se bem com as críticas feitas a um trabalho sem ponta por onde se possa pegar.
Num país de grandes artistas no domínio da publicidade, não seria de esperar que falhanços sucessivos e de tamanha dimensão acontecessem, o que aguça a curiosidade de procurar a sua verdadeira razão de ser.
E teremos de começar por questionar o que fará ser tão má esta publicidade ou, dito de um modo decerto melhor, se será possível, mesmo com a melhor arte, tornar apetecível um produto sem qualidade ou tirar de um vazio de ideias alguma mensagem à qual valha a pena prestar atenção.
O primeiro cartaz pretendia, pelos vistos, chamar a atenção para a revelação que António Costa seria. Mas apenas revelou um vazio que nada mais do que isso pode significar e, por isso, se prestou ao que a imaginação de cada um nele julgou encontrar.
O vazio das ideias e dos procedimentos concretos que simples e vagos propósitos de “por fim à austeridade” não permitem, seja a publicidade a melhor, fazer esquecer o que a realidade já tão definitivamente provou. A escassez é uma realidade que só muito trabalho pode atenuar.
Os tempos das conquistas já lá vão e será bom que não volte o que nos fez julgar donos de uma riqueza que não tínhamos e que só com muito trabalho poderemos ter.
Foram bem claras as provas dos maus resultados do voluntarismo aventureiro que, em vez de bem, tanto mal faz.
O segundo cartaz teve o “mérito” de recordar o que António Costa mais tem necessidade de fazer esquecer, um passado um pouco mais distante, do qual provêm os males que atribui ao governo que se propõe substituir, mas que, afinal, são fruto do passado do qual fez parte, também.
Mas os políticos, que sempre arranjam maneira de dar o dito por não dito, decerto arranjarão outros cartazes que colem por cima daqueles.
Mas o que nem a melhor publicidade consegue é tornar bom um produto que o não é!


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A BOMBA DE HIROSHIMA


Era, eu, muito jovem ainda.
Como, naquelas terras de pouca gente onde vivia, poderia fazer ideia do que fossem 150.000 pessoas a quem apenas uma bomba, de uma só vez, tirou a vida, deixando em cacos a enorme cidade onde viviam?
Era, para mim, qualquer coisa tão fantasiosa e irreal como as que aconteciam nas histórias de Júlio Verne que, perdido em projectos de grandioso futuro, passava horas e horas a ler, imaginando-me o herói de grandes proezas.
Mas eram as notícias que chegavam lá de longe porque ali, no meio daquelas montanhas que me aconchegavam, graças a Deus a guerra não chegara.
Mesmo assim, foram enormes as dificuldades que tempos muito duros nos fizeram viver, que um quase imenso espírito de solidariedade conseguiu vencer, aquele que, depois, vi perder-se nos caminhos mal traçados desta vida que, desde então, dia a dia percorro.
Está de resto a geração que sentiu na pele aquela dureza da vida e com ela aprendeu que é cada um responsável por si próprio, sem esperar que outros façam por si o que apenas a si compete fazer.
Passaram 70 anos, dos quais já poucos viveram os tormentos e outros só conhecem a fantasia de uma vida que não é como crêem que seja, porque será sempre dura como é.
Hoje apetece-me pensar o que a Humanidade terá aprendido com a tragédia que viveu. Talvez nada ou muito pouco, tão levianamente a vejo correr para outra ou outras que não gostará de viver.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DESEMPREGO, UM MOMENTO HISTÓRICO?


 Que pode interessar a um desempregado, sem condições para ganhar a vida, que a taxa de desemprego seja esta ou aquela? Aparentemente nada, porque continua desempregado!
Porém, não é indiferente se a taxa é alta ou é baixa, se aumenta ou se decresce porque o bem-estar de cada um também depende do bem-estar geral, ao qual o nível de emprego não é indiferente.
Não faz, pois, sentido algum que ao natural regozijo de ver a taxa de desemprego baixar e, até a partir de um valor que permita perspectivar melhores dias, considerar o momento “histórico”, contrapor o sofrimento que sintam os que, mesmo assim, continuam desempregados.
Não passa de demagogia rasteira, pranto de carpideira barata que mostra o incómodo que, em alguns, causa o sucesso que outros possam ter nesta tarefa dura de governar um país cheio de problemas.
O desemprego subiu em Portugal desde o início deste século, quando era da ordem de 4%, sendo já superior a 12% quando, em 2011, o Governo português, chefiado por José Sócrates, solicitou um resgate financeiro internacional que evitasse a bancarrota iminente.
As medidas a que, de seguida, a reversão da situação criada obrigou, explicitamente os cortes profundos na despesa, fez crescer ainda mais o desemprego que, em 2013, atingia valores da ordem dos 16%, após o que teve início uma recuperação do emprego que faz descer a taxa para cerca de 14% em 2014.
Uma boa notícia actual é que “a taxa de desemprego caiu 1,8 pontos percentuais no segundo trimestre de 2015, passando de 13,7% para 11,9%, mostram os dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística”.
Tal significa que foi atingido um nível de desemprego semelhante ao que se verificava a quando do pedido de resgate, mas desta vez com tendência decrescente, ao invés do que, então, se verificava.
Se é um momento histórico? Com certeza, mesmo que tal não signifique mais do que a esperança de que continue a decrescer porque a economia do país se dinamizou e se inverteu a tendência que nos levou à austeridade da qual queremos libertar-nos.
Seja como for, sinto-me feliz por ver o desemprego baixar.

ESTÁ PROVADO, NÃO HÁ ALMOÇO DE GRAÇA


(Milton Friedman)

Mostrou-me a vida e toda a experiência que me deu que quando a demonstração é complexa, a verdade que pretende revelar é, pelo menos, duvidosa.
O aldrabão de feira é palavroso no modo como que assedia e convence os compradores das suas “mentiras”, o político envolve em raciocínios acrobáticos a demonstração do que pretende que pareça “verdade”, o professor ignorante faz parecer difíceis as coisas simples que não sabe…
É por raciocínios descomplicados que as verdades mais certas se alcançam e, depois, é em afirmações simples também que se transmitem para que sejam, por todos, compreendidas.
Assim é a verdade, Simples e clara!
Não é raro que uma grande verdade comece num despretensioso dito popular que observações sucessivas refinaram. Estou a lembrar-me de um que a própria Ciência adoptou por conter em si uma verdade irrefutável: “não há almoço de graça”.
Foram economistas quem primeiro utilizou esta verdade em suas obras. Foi, mesmo, atribuído a um deles este dito que, pelo que se diz e o célebre Rudyard Keepling confirma, nasceu dos almoços grátis bem salgados que, nos bares do Oeste americano, faziam beber muita cerveja que era bem paga!
De qualquer modo foi Milton Friedman quem popularizou a expressão e lhe deu o sentido que, apesar de bem entendido, ninguém respeita nesta “economia” de ilusão em que preferimos viver.
Friedman terá sido o primeiro e mais incisivo adversário do keynesianismo que outros e mais recentes Prémios Nobel querem ressuscitar agora, numa tentativa patética de reanimar esta economia moribunda que ainda não compreendeu que ultrapassou todos os limites possíveis do equilíbrio que, afinal, seria sua missão garantir: a satisfação bastante das necessidades básicas do Homem, em vez de ser o jogo preferido dos gurus das “bolsas” ou dos aldrabões da banca.
Deveria esta verdade estar bem presente sobretudo em épocas de eleições quando, para ganhar os favores do eleitorado se fazem promessas tão generosas que a realidade não permite que se cumpram. Como baixar a TSU e manter as pensões...
Foi sempre assim. Mas não continuará a ser porque o fundo do tacho já está a descoberto e continuar a rapá-lo não nos dará mais comida.
Se não há almoço de graça, por que insistimos em querer continuar a almoçar de borla?