ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

ENCHER BALÕES COM CREME DE BARBEAR…



Era evidente que o apoio dos partidos de extrema esquerda ao governo de Costa tinha implícitas contrapartidas às quais, com o decorrer do tempo, se vai tornando mais difícil corresponder, o que quer dizer que nos arames que ligam a geringonça se vai acumulando fadiga excessiva que podem levá-los a partir.
Creio que os partidos que se comprometeram a apoiar o governo do PS já se aperceberam de como andam as coisas e dos riscos que correm os quais, afinal, derivam da natural evidência de o PS se querer ver livre do incómodo que lhes causam, para além do limite, praticamente atingido, das cedências possíveis.
Costa sempre soube que este momento chegaria e, até, que seria por esta altura da elaboração do terceiro OE, altura em que, com as artes e manhas que tão bem sabe manejar, deveria já ter garantida a maioria absoluta que lhe permita governar sozinho.
No programa de Costa, este deveria ser o momento ideal para novas eleições legislativas que lhe dessem uma maioria.
Aliás, o Presidente da República já o percebeu também e talvez seja por isso que começa a falar na “bomba atómica” que não gostaria de usar, preferindo que com o próximo OE tudo corra tão bem como com os dois anteriores.
Não sei como o PS conseguirá continuar a disfarçar com cativações o que, logo à partida, são verdadeiros cortes, nem como justificará as carências variadíssimas de meios a que o desinvestimento público conduziu.
Será que os elogios vindos de fora e servem de bandeiras que o Geverno exibe, são sinceros? Eu não vejo razões para que o sejam, antes me parecem interesseiros pois, para além de circunstâncias que, na sua maioria serão passageiras e se desmoronarão com o desfazer dos equívocos em que o mundo se enredou, não vejo que Portugal tenha saído dos lugares fundeiros em que se atolou.
As sondagens fazem crer que o PS andará próximo do seu objectivo de governar sozinho, apesar da sensível quebra de popularidade do Chefe do Governo, a qual poderá cair ainda mais e ter nas sondagens a influência que, até, agora, ainda não reflectem.
As eleições autárquicas poderão ser um indicativo a ter em conta para o que será o período até às próximas legislativas.
Porém, o comportamento da Oposição ao longo destes mais de dois anos deixa-a numa situação de pré-aniquilação, a menos que uma nova dinâmica, vinda não sei de onde, ponha a nu as fraquezas da estratégia de Costa e do PS que os números do défice e algumas estatísticas matreiras não conseguirão continuar a encobrir.
Depois deste Verão entraremos num período conturbado cujas consequências me não atrevo a imaginar, tanto mais que o mesmo se passará em todo o mundo, onde os problemas urgentes de resolver se acumulam.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

OBAMACARE, O PESADÊLO DE TRUMP



Todos nos recordamos ainda, decerto, como foi difícil a Obama, fazer aprovar aquele mini serviço de saúde a que se passou a chamar Obamacare, ainda que a sua designação oficial seja Affordable Care Act, o qual ajuda mais de 20 milhões de cidadãos americanos, cerca de 15% da população, pouco bafejados pela sorte, a ter os seus cuidados de saúde garantidos.
É um seguro de saúde para pobres, para aqueles que não podem pagar os caros seguros de saúde, nem têm seguros de empresa, sem os quais não há hospital americano que os trate.
Através do Obamacare é possível aceder a seguros de saúde comparticipados pelo Estado, como parece justo que sejam.
Mas o Obamacare também altera as regras das seguradoras que excluíam dos seus seguros quem tivesse uma doença prévia, a menos que pagassem um seguro de custo exorbitante. As seguradoras obrigavam, também, os mais jovens, os menos necessitados de cuidados de saúde, a ter o respectivo seguro, o que tornava o negócio ultra rentável.
Com o Obamacare os seguros de doentes não podem ser recusados e os dos jovens até aos 26 anos são incluídos nos seguros dos pais.
É óbvio que o Obamacare não é agradável para as seguradoras cujo lobby depressa se moveu junto de Trump para que as coisas voltassem ao que eram antes.
É esta a guerra que tem sido travada pela maioria dos conservadores, os que elegeram Trump, que pretendem por fim ao Obamacare sem alternativa.
Felizmente, o ultracapitalista e desumano Trump não tem sido bem sucedido nesta campanha da qual fez ponto de honra da sua campanha e acabou, agora, derrotado com a ajuda de alguns conservadores, incluindo MCCaine que, apesar do seu crítico estado de saúde não deixou de participar na votação.

DEPOIS DE CASA ROUBADA… TRANCAS NA PORTA! UM PROVÉRBIO BEM PORTUGUÊS.




É um modo muito antigo o de dizer que se acha graça ao que não tem graça nenhuma.
É por isso que digo que acho graça a estes políticos que, talvez por não saberem fazer outra coisa para além de uma contabilidade “cativante” que brinca aos impostos, aos subsídios, a um Serviço Nacional de Saúde ultra carente de meios e outras coisas assim, passam a vida a brigar uns com os outros ou a dizer o que devia ser feito mas nunca o chega a ser.
A mesma coisa digo de uma Justiça que há séculos ainda não encontra outro modo de castigar criminosos do que metê-los em prisões onde refinam a “arte” e adquirem vícios, sem que, como seria de esperar, do cumprimento das penas resultasse uma reinserção social que deles fizesse cidadãos normais.
E que dizer dos Sindicatos que tudo pretendem resolver com greves, como se os seus “direitos” tivessem de ser respeitados sejam as circunstâncias quais sejam, nem que, com isso, os seus postos de trabalho naturalmente desapareçam.
Enfim, acho graça a esta incompreensão do mundo em que vivemos que a cada dia se transforma e, por isso, nos deveria levar a pensar em novos modos de fazer as coisas.
Mas tudo quanto é política há muito que não conhece outra via senão o carreirinho do cego no qual um modo sempre igual de fazer as coisas, o politicamente correcto, com uma linguagem que há muito se distanciou daquela que, de um modo claro, procura traduzir factos e ideias, fazem dela um jogo cujas regras só os políticos conhecem, aquele que faz parecer que é o que lhes convém que seja. E há sempre tolos que os acompanham. Decerto na esperança de vantagens.
E as novidades não são nenhumas como me mostra a vivência de muitas dezenas de anos, ao longo dos quais na política nada muda, desde a ambição do poder ao modo de o tentar manter ou conquistar.
Em ciclos mais ou menos longos, é sempre o mesmo o modo de fazer, sendo o grande mérito da democracia o de apressar o faz e desfaz que com as transições sempre acontecem, porque nada do que o que os outros fizeram está bem feito…
Disso encontramos o expoente máximo em Trump que parece desejar aos tempos, não assim tão distantes, em que a poluição e a miséria eram as alternativas para o nosso modo de viver.
Escolhemos a poluição fingindo que a controlamos, mas que nos conduz para um via que pode não ter regresso e que fortes danos nos causará e talvez nos obrigue a regressar ao “tempo das cavernas”.
Já imaginaram, por exemplo, os nossos pescadores quinze anos sem pescar sardinha porque o excesso de capturas colocou o peixe mais abundante em vias de extinção?
Vejo nisto um retrato fiel do que nos poderá acontecer a propósito de tudo.
Onde estão aqueles cardumes enormes que entravam até no estuário do Tejo, tão densos que quase se apanhava sardinha à mão?
Onde estará a nossa floresta dentro de muito pouco tempo, se continua a arder com a intensidade com que arde, em fogos na sua maioria ateados por pirómanos porventura a soldo de interesseiros.
Que sucederá com o nosso interior que, na pior das hipóteses não fica a mais de trezentos quilómetros do mar (!), se fica cada vez mais deserto?
As recentes tragédias em Portugal puseram a nu várias realidades, o desinteresse, a ignorância e a incapacidade dos que dizem governar-nos.
Para a política fica a contabilidade dos interesses, para o povo resta a caridade que a política não sabe, sequer, depois gerir.
A guerra continua e dizem os falsos arautos da concórdia que as tragédias não deveriam ser aproveitadas para guerras políticas e que todos nos devíamos unir para resolver os nossos mais sérios problemas!
Mas como, se a luta da laternância democrática é feita desses conflitos?
Afinal o que é governar?