(O incêndio de Pedrógão visto do Espaço - NASA)
O tempo vai passando e não se calam as vozes
que criticam o modo como estão a ser tratadas as questões de falta de segurança
em Portugal que a tragédia dos incêndios florestais de Pedrógão Grande e do
furto de armamento em Tancos puseram a nu.
Primeiro a confiança transmitida, quer pelo
Presidente da República quer pelo Primeiro-Ministro, quanto às atitudes e aos
meios que estavam a ser utilizados que não foram, ao contrário do que consideraram
ser, os mais adequados às circunstâncias.
Depois, a rapidez da determinação “exacta” da
causa do incêndio, o que deu uma sensação de falso sossego mas que, afinal, não
resultou de um raio que não aconteceu, mas que a acontecer até teria sido
posterior ao início do incêndio!
Perante a hipótese de o incêndio ter origem
criminosa, foram avançadas hipóteses fantasmagóricas como a possibilidade da
formação de um arco voltaico que, em conjunto com uma dinâmica atmosférica
invulgar e não detectada, também, por quaisquer serviços especializados, seriam
as causas da evolução rápida da invulgar, inevitável e mortífera tragédia.
E como se não bastassem os danos de toda a
ordem que o incêndio causou, a solidariedade para com os que tudo ou quase tudo
perderam espera fechada em tendas ou em contas bancárias de várias entidades, sem
que cumpra o urgentíssimo fim a que se destina, com a celeridade que o pêso da
desgraça acontecida exige.
Pelas atitudes e pela tranquilidade que
aparenta, para o Governo o mau tempo terá passado, bastando que o continue a
ser para aqueles “de quem menos se fala”, como diz o Presidente, e em quem
menos se pensa, como as circunstâncias mostram.
E como se tudo isto não bastasse, acontece
(?) o assalto aos paióis de Tancos, de onde saiu (ou não saiu?) armamento com o
qual, dizia-se, se poderia começar uma pequena guerra que, podemos estar tranquilos,
jamais seria dentro do nosso pacato país, mas que, afinal, não teria sido mais
do que material destinado a ser abatido à carga e não valeria mais do que cerca
de 30.000 euros!
É surpreendente como, mal as coisas começam,
logo os juízos estão prontos, os quais, por razões de circunstância são os mais
tranquilizadores
Surpreendeu-me a rapidez inconsciente com
que, em qualquer dos casos se procurou serenar os juízos que se pudessem fazer sobre
o que acontecia, mas não me surpreende a confusão que as explicações dadas acabaram
por criar, ainda sem qualquer certeza acerca do que, na realidade, tenha
acontecido e por que razão.
Está provado que estas questões da maior
importância para a segurança dos cidadãos “de quem menos se fala”, os que, longe
da alta finança apenas procuram viver, tranquilos, o seu dia a dia, é aquilo que, aos
políticos, menos dores de cabeça causa, porque a guerra do défice, essa continua,
tal como o défice de atenção que se presta ao que, de mais importante, neste
país acontece!
E como é habitual, seja qual for o governo, a culpa é do anterior.
E como é habitual, seja qual for o governo, a culpa é do anterior.
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