Era evidente que o apoio dos partidos de
extrema esquerda ao governo de Costa tinha implícitas contrapartidas às quais,
com o decorrer do tempo, se vai tornando mais difícil corresponder, o que quer
dizer que nos arames que ligam a geringonça se vai acumulando fadiga excessiva
que podem levá-los a partir.
Creio que os partidos que se comprometeram a
apoiar o governo do PS já se aperceberam de como andam as coisas e dos riscos
que correm os quais, afinal, derivam da natural evidência de o PS se querer ver
livre do incómodo que lhes causam, para além do limite, praticamente atingido,
das cedências possíveis.
Costa sempre soube que este momento chegaria
e, até, que seria por esta altura da elaboração do terceiro OE, altura em que,
com as artes e manhas que tão bem sabe manejar, deveria já ter garantida a
maioria absoluta que lhe permita governar sozinho.
No programa de Costa, este deveria ser o
momento ideal para novas eleições legislativas que lhe dessem uma maioria.
Aliás, o Presidente da República já o
percebeu também e talvez seja por isso que começa a falar na “bomba atómica”
que não gostaria de usar, preferindo que com o próximo OE tudo corra tão bem
como com os dois anteriores.
Não sei como o PS conseguirá continuar a
disfarçar com cativações o que, logo à partida, são verdadeiros cortes, nem como
justificará as carências variadíssimas de meios a que o desinvestimento público conduziu.
Será que os elogios vindos de fora e servem de bandeiras que o Geverno exibe, são
sinceros? Eu não vejo razões para que o sejam, antes me parecem interesseiros pois, para além de
circunstâncias que, na sua maioria serão passageiras e se desmoronarão com o
desfazer dos equívocos em que o mundo se enredou, não vejo que Portugal tenha saído dos lugares fundeiros em que se atolou.
As sondagens fazem crer que o PS andará
próximo do seu objectivo de governar sozinho, apesar da sensível quebra de popularidade
do Chefe do Governo, a qual poderá cair ainda mais e ter nas sondagens a influência
que, até, agora, ainda não reflectem.
As eleições autárquicas poderão ser um
indicativo a ter em conta para o que será o período até às próximas
legislativas.
Porém, o comportamento da Oposição ao longo
destes mais de dois anos deixa-a numa situação de pré-aniquilação, a menos que
uma nova dinâmica, vinda não sei de onde, ponha a nu as fraquezas da estratégia
de Costa e do PS que os números do défice e algumas estatísticas matreiras não
conseguirão continuar a encobrir.
Depois deste Verão entraremos num período
conturbado cujas consequências me não atrevo a imaginar, tanto mais que o mesmo
se passará em todo o mundo, onde os problemas urgentes de resolver se acumulam.
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