É um modo muito antigo o de dizer que se acha
graça ao que não tem graça nenhuma.
É por isso que digo que acho graça a estes
políticos que, talvez por não saberem fazer outra coisa para além de uma
contabilidade “cativante” que brinca aos impostos, aos subsídios, a um Serviço
Nacional de Saúde ultra carente de meios e outras coisas assim, passam a vida a
brigar uns com os outros ou a dizer o que devia ser feito mas nunca o chega a
ser.
A mesma coisa digo de uma Justiça que há
séculos ainda não encontra outro modo de castigar criminosos do que metê-los em
prisões onde refinam a “arte” e adquirem vícios, sem que, como seria de
esperar, do cumprimento das penas resultasse uma reinserção social que deles
fizesse cidadãos normais.
E que dizer dos Sindicatos que tudo pretendem
resolver com greves, como se os seus “direitos” tivessem de ser respeitados
sejam as circunstâncias quais sejam, nem que, com isso, os seus postos de
trabalho naturalmente desapareçam.
Enfim, acho graça a esta incompreensão do
mundo em que vivemos que a cada dia se transforma e, por isso, nos deveria
levar a pensar em novos modos de fazer as coisas.
Mas tudo quanto é política há muito que não
conhece outra via senão o carreirinho do cego no qual um modo sempre igual de
fazer as coisas, o politicamente correcto, com uma linguagem que há muito se
distanciou daquela que, de um modo claro, procura traduzir factos e ideias,
fazem dela um jogo cujas regras só os políticos conhecem, aquele que faz
parecer que é o que lhes convém que seja. E há sempre tolos que os acompanham.
Decerto na esperança de vantagens.
E as novidades não são nenhumas como me
mostra a vivência de muitas dezenas de anos, ao longo dos quais na política
nada muda, desde a ambição do poder ao modo de o tentar manter ou conquistar.
Em ciclos mais ou menos longos, é sempre o
mesmo o modo de fazer, sendo o grande mérito da democracia o de apressar o faz
e desfaz que com as transições sempre acontecem, porque nada do que o que os
outros fizeram está bem feito…
Disso encontramos o expoente máximo em Trump
que parece desejar aos tempos, não assim tão distantes, em que a poluição e a
miséria eram as alternativas para o nosso modo de viver.
Escolhemos a poluição fingindo que a
controlamos, mas que nos conduz para um via que pode não ter regresso e que
fortes danos nos causará e talvez nos obrigue a regressar ao “tempo das
cavernas”.
Já imaginaram, por exemplo, os nossos
pescadores quinze anos sem pescar sardinha porque o excesso de capturas colocou
o peixe mais abundante em vias de extinção?
Vejo nisto um retrato fiel do que nos poderá
acontecer a propósito de tudo.
Onde estão aqueles cardumes enormes que
entravam até no estuário do Tejo, tão densos que quase se apanhava sardinha à
mão?
Onde estará a nossa floresta dentro de muito
pouco tempo, se continua a arder com a intensidade com que arde, em fogos na
sua maioria ateados por pirómanos porventura a soldo de interesseiros.
Que sucederá com o nosso interior que, na
pior das hipóteses não fica a mais de trezentos quilómetros do mar (!), se fica
cada vez mais deserto?
As recentes tragédias em Portugal puseram a
nu várias realidades, o desinteresse, a ignorância e a incapacidade dos que
dizem governar-nos.
Para a política fica a contabilidade dos
interesses, para o povo resta a caridade que a política não sabe, sequer, depois
gerir.
A guerra continua e dizem os falsos arautos
da concórdia que as tragédias não deveriam ser aproveitadas para guerras
políticas e que todos nos devíamos unir para resolver os nossos mais sérios
problemas!
Mas como, se a luta da laternância democrática é feita desses conflitos?
Mas como, se a luta da laternância democrática é feita desses conflitos?
Afinal o que é governar?
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