ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 26 de julho de 2017

PERDOA-SE O MAL QUE FAZ PELO BEM QUE SABE?



Uma das consequências do intenso aquecimento global médio que os registos de temperaturas tornam cada vez mais evidente e a Ciência, já sem dúvidas, associa à actividade económica humana, é, para além da subida da temperatura média global, a alteração das características dos fenómenos meteorológicos, sobretudo a precipitação e a dinâmica atmosférica.
Como temos notado ao longo dos últimos anos, a evolução climática ao longo do ano modificou-se sensivelmente, tornando-se os fenómenos menos regulares e de extremos mais intensos, quer em secas quer em cheias.
No que diz respeito à temperatura que, na média global, vai aumentando, ocorrem variações severas que causam, ao longo do ano, diversas vagas de frio e de calor que se tornaram mais intensas e frequentes.
As precipitações mais intensas e menos frequentes, cada vez menos correspondem ao Ciclo Hidrológico Natural que há muito se mantinha estável, assim como apresentam características de intensidade, duração e frequência sensivelmente diferentes dos que eram habituais, alteram profundamente o balanço hidrológico.
Das precipitações mais intensas resultam menores infiltrações porque a capacidade de infiltração é menor do que a intensidade da precipitação, o que aumenta a escorrência superficial. Serão, consequentemente, mais intensas as erosões e mais reduzidas as reservas de água no solo.
Também outro “reservatório natural” se está a reduzir sensivelmente, os glaciares, provocando o acréscimo de um outro, o maior de todos, os oceanos cujo nível se eleva, inundando áreas terrestres importantes e fazendo desaparecer muitas ilhas, se o fenómeno do aquecimento global não for travado ou, melhor dizendo, a intensidade da sua evolução reduzida.
A dinâmica atmosférica já se encontra sensivelmente alterada em relação ao que era mais habitual, como pode observar-se nas variações bruscas da intensidade do vento, como as cartas de isobáricas comprovam.
É natural que, todas estas alterações – temperaturas elevadas, secura do solo e rajadas de vento variáveis – concorram para incêndios florestais mais frequentes, mais intensos e, assim, de combate mais difícil, para o que os meios tradicionais começam a ser pouco adequados.
Juntando a tudo isto uma cobertura florestal desregrada e um território globalmente desordenado, será de esperar que, ano após ano, as situações de tragédia sejam mais graves.
Mas não vejo que os políticos entendam esta situação e aceitem as suas causas que preferem não considerar nas suas preocupações em que apenas o que a causa, o crescimento económico, constitui o objectivo que, prioritariamente, prosseguem.
É estranho! Não terão eles filhos?
E nem me parece que seja de aplicar aqui o velho dito “perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe” quando está em causa o futuro da Humanidade.
Nada do que os políticos fazem faz sentido!
Acordem enquanto é tempo.



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