ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

OS MUNDOS DO MUNDO


(de Google Earth)
Não seria difícil de prever que, perante a degradação acelerada da qualidade de vida para a maioria dos africanos, algum dia pudesse acontecer a invasão desumana que a Europa está a sofrer.
Depois de colonizar um Continente de onde acabou por se retirar em condições e por razões nunca muito bem esclarecidas, mas talvez porque os maiores colonizadores eram, em boa verdade, insaciáveis exploradores, a Europa é assaltada pelas misérias que deixou para trás, aumentadas ainda mais pela exploração que continua a fazer, de um modo não menos desumano, das riquezas que por lá continuam a existir.
Nem imagino como acabará a discussão sobre como repartir pelos diversos países da União Europeia as já centenas de milhar dos que procuram na Europa um pouco do que, na sua terra, não têm de todo.
Morrem aos milhares na travessia aventureira do Mediterrâneo ou no Túnel da Mancha a tentar alcançar a Inglaterra, o eldorado que sonharam. Morrem um pouco por todo o lado.
Uns, chamam-lhes bandos, outros enxames e, outros ainda, pragas que vêm complicar ainda mais os complicados problemas que já temos.
Apenas ainda não ouvi falar no que me pareceria mais natural que os políticos falassem, em resolver os problemas nos próprios lugares onde nascem, em África!
Estarão à espera de qual milagre?
Ou a ideia será fazer da Europa um albergue para indigentes que façam o trabalho duro que os “doutores” europeus julgam já indignos de si?
Não compreenderam, ainda, que o mundo é um todo e que, por ser assim, nele não poderão ficar compartimentadas, para sempre, a riqueza e a pobreza que distingue os vários mundos do mundo?


quinta-feira, 30 de julho de 2015

AS FANTASIAS DOS MANUAIS ESCOLARES


Mais uma vez, como desde há muitos anos acontece, aparece o terror da compra dos manuais e de mais material escolar, cujos custos arrombam os orçamentos de muitas famílias.
É um custo insuportável para alguns e muito difícil de suportar para muitos, aquele a que a compra dos manuais escolares obriga.
Não entendo, nunca entenderei, as alterações consecutivas dos manuais que outro efeito não têm senão garantirem lucros aos editores, para além de justificarem os salários de tantos “investigadores da vírgula” de que o Ministério da Educação está a abarrotar.
São aqueles que, sem nada de útil para fazer, se refugiam num suposto saber especial que em nada beneficia o saber vulgar que, se garantido a todos os portugueses, faria de Portugal um país bem melhor.
Faz muito tempo já que Portugal não tem um ministro que ponha ordem numa área tão importante como a da educação e num ministério que, ao longo dos anos, se vai tornando um depósito de sábios que alteram manuais e concebem acordos ortográficos ridículos, ao qual reforma alguma ainda atingiu, como seria bom que acontecesse.
Na Educação, tal como na Saúde, não seriam de consentir devaneios nem “negócios” em que alguns enriquecem à custa de um direito fundamental de muitos, o direito à educação.
Não é admissível que, pelo menos nos níveis de ensino obrigatório, a compra dos manuais escolares constitua um encargo absurdo e que um país sem recursos excessivos se dê ao luxo do desperdício que as constantes mudanças de manuais implica.



OS PARASITAS ILUMINADOS


Já a ninguém surpreende que quanto mais se aproximam as eleições mais se insiste em certos temas que, pelo que contêm, podem ser comprometedores para o governo, porque a intenção de quem os aborda não é analisar os problemas que Portugal tenha nem participar no empenhamento de todos para os resolver, mas sim criar uma opinião pública que possa garantir a tal “alternância democrática” que tanto interessa aos partidos e à própria “democracia dos interesses” que, em vez da democracia esclarecida, se instalou e que tantos sacrifícios custa a todos nós que somos quem paga os disparates que, em seu nome, são feitos.
É a atitude das oposições para as quais o governo é sempre o “inimigo” a abater nesta eterna “guerra civil” que acabará por causar fortes danos.
E continuam a querer que pensemos que, democraticamente, depois das eleições as querelas acabam e todos nos vamos empenhar na resolução dos problemas do país. Como poderei pensar que é assim se vejo que outros “interesses” que nada me interessam falam mais alto do que os de todos nós?
E como se não bastassem estes a quem pagamos generosamente os lugares e os privilégios que têm, sejam quais forem os disparates que digam, ainda há os outros iluminados cuja opinião acaba por ser a dominante pelo peso que têm naqueles que, decerto por dificuldades de audição ou de compreensão, sempre precisam de intérprete para entenderem o que seja dito!
E no ruído ensurdecedor dos comentaristas, autênticos parasitas do trabalho que não fazem, se perde o que possa dizer-nos quem algo de importante tenha para nos dizer! É neles que nos habituámos a acreditar. Porque não serão eles a governar-nos?
São os parasitas do trabalho que outros fazem e que jamais procuram a oportunidade de o poder fazer e, assim, por à prova, a “sabedoria” com que parece que falam das coisas!
Obviamente, ninguém gosta de beber do próprio veneno. Por isso se limitam a opinar.
Mas se todos nos habituarmos a observar, a ouvir com atenção e a pensar, tal como é nosso dever para participarmos na democracia em que desejamos viver, todos esses apêndices da “democracia” serão descartáveis, porque não valerão coisa nenhuma.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

LIÇÕES QUE O TEMPO DÁ


(Nó do Carregado)

Depois de muitas infra-estruturas, sobretudo auto-estradas, das quais temos hoje a clara noção de que se não justificam nem pelo uso que têm, nem pelos custos financeiros excessivos que tiveram e têm ainda nem pelos objectivos de dinamização económica que não conseguiram promover, tornando-se num dos maiores “elefantes brancos” que o governo socrático nos legou pela dívida monstruosa que geraram, causa-me verdadeiros calafrios pensar como seria se outros projectos monstruosos, então idealizados, se tivessem realizado!
Todos sabemos como o sector da Obras Públicas era o motor potente de uma economia que se tornou virtualmente próspera mas que acabou na implosão que os seus excessos, inevitavelmente, lhe causaram.
Foi um sucesso enquanto durou.
Foi a árvore das patacas para muita gente que, depressa, enriqueceu, mas não passou de simples lugares de trabalho para muitíssimos mais que o desemprego depois lançou na pobreza.
Tornou-se um pesadelo para as instituições e para as famílias que, de um modo ou de outro, mas sempre com muito sacrifício, pagam e continuarão a pagar as consequências da megalomania delirante que, pelos vistos, era a riqueza do país. Ou seria, apenas, a riqueza de alguns?
A maior parte da austeridade que temos vivido tem as suas causas neste fenómeno que bem pode ser uma amostra de outras ruínas que acontecerão se os limites que qualquer crescimento necessariamente tem não forem respeitados.
O tempo provou a dimensão dos erros cometidos na euforia de um “crescimento” que foi o enriquecimento de alguns mas não passou de desperdício para o país porque o presente nos mostra como deveríamos ter sido comedidos e responsáveis, não nos metendo em aventuras que não pudéssemos suportar porque, ficou provado, ninguém, por nós, leva Portugal às costas!
Entretanto, ninguém deu conta de insuficiências no aeroporto de Lisboa (a não ser em tempos de greve) que justificassem a urgência de avançar para a construção do que, a norte ou a sul do Tejo, seria mais um desastre para a nossa tão sacrificada economia.
Aliás, é isso que diz o Secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações, para quem não será necessário um novo aeroporto durante os próximos cinquenta anos.

NOTA: Portugal está entre os quatro países do mundo com maior densidade de infra-estruturas rodoviárias de classe superior. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A VERDADE QUE MAIS CONVÉM


Para quem, ao longo da sua vida, apenas com rigor de pensamento pudesse ser bem sucedido naquilo que realizasse e do reconhecimento dos insucessos que tivesse fizesse a base sólida que torna maior o seu saber, a política é uma confusão delirante. E quem diga do amor que “tem razões que a razão desconhece” não consegue imaginar as que a política tem para fazer o que faz, por que o faz e como o faz!
Na breve passagem que, a contragosto, tive de fazer pelos meandros da política, confesso o quão incapaz me senti até entender um pouco dos tortuosos caminhos que o pensamento político percorre para encontrar a explicação para aquilo de que não é, assim passando a ser a verdade até que melhor razão aconteça para que deixe de ser.
Não aprendi a ser político porque tal contrariava todo o meu modo de ser, não sendo aquelas as “verdades” que me habituei a procurar.
A política é isto, a arte de fazer crer que é aquilo que convém que seja!
Por isso Salazar disse um dia que “em política, o que parece, é!” A arte é fazer parecer.
E continua a ser assim.
Nas “verdades” que vão mudando ao sabor das intenções, das necessidades ou dos interesses, encontram os ineptos as razões que fazem suas porque outras suas não têm, escolhendo as que para si julgam melhores. É a “verdade” inversa…
São assim as eleições.
Penso que, desde há muito, ninguém descobre nada de novo em política nem mudou o quer que fosse, porque ela continua a ser, apenas, a verdade que mais convém.



quarta-feira, 22 de julho de 2015

QUEM SE METE POR ATALHOS…


Quando se trata de escolher pessoas, há que saber escolher entre quem faça melhor ou pareça saber melhor como o fazer, entre quem mostra trabalho feito que é mister avaliar sem preconceitos e os que dele apenas dizem mal para o desqualificar e, desse modo, fazerem parecer melhor o que dizem ir fazer.
Teremos de escolher a referência com que avaliamos os méritos de cada um, se a dos que se afirmam pelo que fazem se a dos que fazem dos deméritos que apontam aos outros, os méritos que, de outro modo, jamais teriam.
E aproxima-se um momento em que teremos de fazer uma escolha assim. Será nas eleições legislativas do próximo Outono quando tivermos de escolher os que nos irão governar por mais quatro anos, pelo confronto entre o que uns fizeram e o que outros dizem que vão fazer. Porventura sem dizer como!
Estará nas nossas mãos continuar o caminho que estamos a percorrer ou alterá-lo, na presunção de que, assim, ao destino que desejamos chegaremos mais depressa.
A experiência que podemos ter de muitas das escolhas que antes fizemos não é, com certeza, penhor de muito boa consciência na contribuição que demos para este desígnio maior que é viver melhor e com mais tranquilidade.
Decerto porque não entendemos bem a situação ou porque nos deixámos levar por promessas que, depois e pelos resultados que alcançaram, nos obrigaram a escolher diferente pensando que escolheríamos melhor, alterámos a escolha na vez seguinte!
E mais uma vez corremos o risco de, por uma má análise que fizermos da situação em que nos encontramos, escolher mal o rumo que, em vez de nos levar ao céu, nos pode levar, de novo, às portas do inferno onde já estivemos.
E de escolha em escolha vamos perdendo o tempo que cada vez mais escasseia porque são cada vez mais graves as consequências dos erros que praticamos, sem que vejamos cumpridas as intenções de fazer de Portugal um melhor país para viver.
Esquecemo-nos das realidades vividas, das experiências que tivemos, algumas bem dolorosas, por conta de um vanguardismo irrealista que nos faz crer ser sovinice ou até roubo a sobriedade com que as condições de vida, cada vez mais degradadas, nos obrigam a viver.

No fervor do clima que sempre é próprio de momentos eleitorais, pela ansiedade que as dificuldades que vivemos nos despertam e o encantamento das promessas que são feitas mais aguçam, esquecemos o bom senso e vamos atrás da ilusão sem nos recordarmos do que a experiência já nos ensinou e nos deveria lembrar de que “quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos”. 


É INTELIGENTE PERDOAR O MAL QUE FAZ PELO BEM QUE SABE?


No passado dia 6 de Julho, era assim que a Terra podia ser vista do Espaço.
A fotografia foi obtida pelo Satélite DSCOVR (Deep Space Climate Observatory), que a NASA colocou em órbita a 1,6 milhão de km da Terra.
As cores da imagem que mostra o nosso Planeta Azul envolvido pela “escuridão” do Espaço, foi captada pela pela câmara Epic (Earth Polychromatic Imaging Camera) que utiliza diferentes filtros e resulta da combinação de três fotos.
Em breve, o satélite enviará imagens diariamente para que, em tempo real, sejam observadas as variações que aconteçam no planeta e a forma como este interage com o sistema solar.
Esta “pequena esfera azul” é o planeta em que viajamos pelo Espaço, cujo destino será o nosso destino também e de cujo estado resultará o modo como nela vivemos ou poderemos, um dia, deixar de viver, podendo a Humanidade ser mais uma das espécies que o habitaram e se extinguiram. 
Por isso, merece todos os cuidados que lhe dediquemos, o que, até hoje e desde a “Revolução Industrial” não temos feito, em nome de um “desenvolvimento” que não tem passado do “crescimento” económico que enriquece alguns e a outros deixa a tarefa de trabalhar para que enriqueçam.
Outros, ainda, vivem ardilosamente de não fazer nada e são o lixo de uma sociedade que pode ter os dias contados à conta dos disparates que faz quando se preocupa mais com o dinheiro que a exploração gera do que com os prejuízos ambientais que causa!
Já é alarmante o estado a que o Ambiente que consente a nossa vida chegou pela utilização descuidada que dele se faz. 
Mas é cada vez maior a dificuldade em alterar os hábitos perigosos que temos, parecendo valer aquela desculpa estúpida de se “perdoar o mal que faz pelo bem que sabe”!
E depois, como será o tormento que viveremos quando sentirmos que nos envenenámos a nós próprios?



segunda-feira, 20 de julho de 2015

A DÍVIDA PÚBLICA


Uma das acusações do PS ao governo de Passos Coelho é que, apesar da austeridade, a dívida pública subiu em vez de baixar, como se esperava que acontecesse!
Mas por que se esperava que a dívida baixasse no curto prazo se tínhamos que pagar juros altíssimos de uma dívida enorme (superiores a 17%) pelas quantias muito avultadas com que o governo socialista de Sócrates financiou as suas loucuras e, naturalmente, um défice orçamental enorme que a faz subir??
Obviamente, tais leviandades produziram uma falsa sensação de riqueza e bem-estar da qual não poderia resultar senão o aumento da dívida enquanto não for equilibrada com o controlo das despesas, com o decréscimo do défice orçamental, com o crescimento económico e com a redução muito significativa das taxas de juro.
Em contrapartida, a austeridade que as circunstâncias nos impuseram geram uma sensação de pobreza que resultou da inevitável sobriedade com que os nossos recursos tiveram de passar a ser usados.
Hoje, quando Portugal já se financia nos mercados a taxas de juro inferiores às do próprio resgate financeiro, começa, finalmente, a decrescer a dívida que, de outro modo, subiria indefinidamente, em consequência da situação herdada.
Para além disso, a dívida pública é acrescentada em consequência de alterações na sua contabilização que passa a incluir valores que antes o não eram. Como se pode ler num relatório do Banco de Portugal, “o aumento da dívida pública resulta, assim, da contabilização da dívida destas entidades. Destacam-se os casos da Parpública – Participações Públicas, SGPS, SA e da Sagestamo – Sociedade Gestora de Participações Sociais Imobiliárias, SA, anteriormente classificadas no setor das SF, e da CP - Comboios de Portugal, EPE, da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, SA, da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis, EPE, e dos Hospitais EPE, que, em SEC95, estavam classificados no sector das SNF”.
Do efeito conjugado dos fortes decréscimos das taxas de juro da dívida e os significativos aumentos do PIB, a redução da dívida pública é agora uma realidade que, em consequência dos valores elevados que atingiu, levará mais 10 a 15 anos a regressar aos desejados níveis de 60%, como acontecia antes dos governos socialistas que faliram Portugal!


sábado, 18 de julho de 2015

ALELUIA!


Não posso deixar passar em claro a inusitada notícia de estar o Hospital de Santo António a fazer mais cirurgias e, assim, a reduzir significativamente as listas de espera, utilizando menos recursos, sem por em risco a segurança que os procedimentos cirúrgicos devem garantir.
Novos procedimentos meticulosamente planeados e um clima de concentração que se inicia num encontro matinal no qual se analisa toda a actividade do dia, permitem um aproveitamento de recursos optimizado que já é alvo do reconhecimento internacional.
Apraz-me registar esta atitude que tão diferente é do tradicional choradinho da falta de meios para justificar o que, por incúria ou incompetência se não faz.
Mas não deveria ser a atitude dos profissionais de saúde do Hospital de Santo António a que todos deveríamos ter perante a exiguidade de meios a que as circunstâncias nos obrigam, em vez das desculpas para menos fazer?


SAUDADES DAS CONVERSAS DE CAFÉ


Por que será que nas tertúlias, entrevistas, painéis de críticos ou de “especialistas” e outras manifestações de “inteligência e saber” que a comunicação social profusamente difunde e de pouco mais do que do óbvio fazem motivo de reflexão, jamais oiço falar das questões verdadeiramente importantes para a Humanidade, das quais depende o futuro de cada um de nós, do mundo em que vivemos e até, provavelmente, a sobrevivência da espécie que somos?
Não conseguirão as inteligências que nos “comandam” enxergar para além do tempo em que os seus interesses pessoais se esgotam nem os críticos capazes de mais do que uma reprodução grosseira das saudosas conversas de café?
Decerto seriam capazes se o desejassem ou, para eles, o bem comum fosse mais importante do que os interesses pessoais ou, mesmo até, do que a vaidade de exibir, perante uma numerosa assembleia, a tacanhez das suas preocupações.  
No lugar dos amigos com quem antes discutíamos os problemas do dia a dia, pessoais, do país ou do mundo, está agora um estúpido ecrã de onde os “sábios” debitam as sentenças às quais não podemos manifestar apoio ou contrapor desacordo, numa condição de resignada subalternidade que a uns deixa irritados e a outros convencidos de serem aquelas as verdades acabadas sobre as quais não terão mais de reflectir. “Verdades” que tantas vezes são as únicas e inquestionáveis razões de tantos que gostam de se ouvir naqueles programas de antena aberta em que fazem as suas críticas ao mal que tudo está, sem entenderem que, muitas vezes, falam do que não sabem, criticam o que não conhecem e mais não fazem do que revelar os preconceitos que os “sábios” em quem acreditam lhes sugerem.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

O MILAGRE DOS CABRITOS


Hoje, a minha reflexão nem chega a sê-lo. É mais uma proposta para reflectir, sugerida pela notícia de estar a ser investigado mais um que, no exercício do alto cargo que já teve, pode ter cometido desmandos condenáveis.
Se os salários dos políticos nem são assim tão elevados que permitam, só por si, constituir grandes pés-de-meia, como será que muitos deles ficam tão ricos e os que trabalham no duro ficam cada vez mais pobres?
Claro que isto me faz pensar sobre como alguns, em pouco tempo, conseguiram amealhar tanto dinheiro ou arranjam amigos que, discricionariamente, lho “emprestam” sem prazo nem condições!
Penso nos muito bem remunerados empregos que alguns ex-ministros conseguem e no por que de os conseguirem, no rápido sucesso financeiro de familiares de tantos políticos, aqui e em muitos lugares do mundo, naqueles onde a corrupção mais prolifera.
Mas também há países onde os presidentes e os ministros não ficam, necessariamente, ricos… Gostava que Portugal fosse um desses...
Talvez todos saibamos como conseguem tais proezas, já que, até hoje, ainda ninguém explicou o mistério dos que, sem terem cabras, vendem cabritos.
Não teríamos de ser mais rigorosos e estarmos mais atentos ao modo como enriquecem os políticos e os ex-ministros? Alguns, obviamente!
Por isso me parece bem que, por esse mundo fora, deixe de ser tabu confrontar quem, nos altos cargos que exerceu, possa ter feito o que não devia.
Todos nós que vivemos do nosso trabalho merecemos que seja esclarecido o que não entendemos e que sejam exemplarmente condenados os prevaricadores, abusadores da nossa confiança!



quinta-feira, 16 de julho de 2015

UMA ESTRANHA ALQUIMIA


Ainda me recordo daquela telenovela brasileira em cujo final o sonhador Atílio entrou no seu sono eterno a remexer a bosta de vaca que acumulou na velha banheira, na esperança de que, um dia, se transformasse em ouro reluzente.
É o que me parece esta novela grega em que uma alquimia estranha depressa transformou um “não” em “sim”, baralhando as contas de eleições das quais, ao contrário do que todos críamos e para lá da enorme confusão que lançou a Grécia num profundo caos, nenhuma mudança real resultou, pois foram os que as eleições derrotaram que decidiram o futuro, do modo como os vencedores rejeitavam que viesse a ser! A continuação da austeridade a que a falta de inteligência obriga.
É confuso, decerto. É, mesmo, uma enorme trapalhada como muitas que estão para acontecer num mundo que teima em não compreender o seu destino.
Foram cinco meses de espectáculos deprimentes, com ministros, primeiros-ministros e presidentes preocupados em resolver o que, nem sequer, são os maiores problemas que o mundo enfrenta, a procurar soluções que não existem, para problemas que não têm solução.
Entretanto continua o monopólio gigante que os meninos da Wall Street, da City e de outras bolsas não se cansam de jogar, como se ali se decidisse o futuro do mundo.
Quando será que acordamos e aprendemos que nunca seremos capazes de transformar em ouro a bosta de vaca?
Os tempos são outros, tal como as soluções devem ser.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

DE VOLTA AO MUNDO…


Depois de uns brevíssimos dias fora do ambiente do costume, os quais não foram além de um fim-de-semana alargado durante o qual evitei ler jornais, ver noticiários na televisão ou ter conversas que fossem além de banalidades, regressei ao “doce mundo da confusão” onde parece que nada de bom aconteceu e apenas as “desgraças” são notícia.
Obviamente, quis saber o que se passava com a Grécia, uma das charadas mais idiotas dentre as muitas que a política tem produzido.
Entre o esperado “grexit” e um também provável acordo que nunca poderia estar conforme com as promessas que levaram o Syrisa ao poder e, se possível, menos ainda com o resultado do referendo que alguma cabeça brilhante julgou ser a forma de a Grécia ter mais força para “convencer” a Europa, aconteceu o que uns consideram o melhor para a União Europeia e para a Grécia, outros acham ter sido a humilhação da nação grega e Tsipras não acredita que resolva seja o que for mas que teve de aceitar para evitar uma catástrofe!
E recordei-me do que havia escrito quando o referendo foi anunciado e eu pensei que ele não teria resultado que não conduzisse ao términus da curta carreira política do “amador” Tsipras, pois não vejo como se irá abrigar da tempestade que os ventos que semeou geraram.
Depois de, pelos vistos sem qualquer sucesso, tudo ter feito para que a Rússia o apoiasse, não restou a Tsipras senão a União Europeia com a qual entrou em rota de colisão, pelo que lhe não restava mais do que tentar reduzir os danos de um acordo que aceitasse ou dispor-se ao caos que seria o regresso ao “dracma”, o que muitos economistas gregos pareciam preferir. Não por quaisquer razões que certezas cientificas expliquem mas, apenas, porque “depois da tempestade sempre vem a bonança”. Não se sabe é o que, depois da destruição, o sol terá para iluminar...
Este mundo da política faz-me lembrar aquele idiota que martela a cabeça do dedo para sentir o alívio nos intervalos…
As coisas irão agora precipitar-se e todos nos interrogamos sobre quais serão as “cenas dos próximos capítulos” nesta história que “está para pêras” enquanto outros dramas mais graves se preparam sem que ninguém lhes preste atenção.
Cá por casa acontecia uma entrevista ao Primeiro-Ministro que teve a arte de dominar a impetuosidade da jornalista que o confrontou com as questões mais quentes do momento, mas às quais “deu a volta” de um modo seguro e claro, porventura mostrando ser o político mais esclarecido e determinado dos que por aí andam à caça de poder.
Esperava que fosse o “pontapé de saída” para a refrega dura que a campanha eleitoral vai gerar, mas não o foi de todo!
Na convicção de que, ao contrário do que muita gente pensa, está longe de ter a batalha perdida, Passos Coelho adiou o confronto que, por um pormenor ou outro que não pode deixar de transparecer, creio que será bem mais duro do que esperava.
Duas “novelas” a juntar às muitas que a TVI passa a toda a hora. Uma talvez com um final à vista, a dos gregos, e outra com os capítulos mais quentes adiados até melhor oportunidade.
Hoje espero conhecer as críticas e as previsões dos "sábios" que, infelizmente para todos nós, nunca se dispõem a colocar o muito que sabem ao serviço deste mundo tresloucado que tanto necessita de muito saber para evitar cair no mais fundo do buraco em que se meteu!
Ou aquilo é só palavreado?


quarta-feira, 8 de julho de 2015

A ENCRUZILHADA


Não sou analista político nem possuo dons divinatórios e, por isso, nem faço ideia do que poderá resultar desta confusão em que a questão grega se tornou.
Apenas, uma vez mais, verifico que as coisas são mais olhadas com paixão do que com razão e, por isso, não espero qualquer boa saída, seja qual for a solução que venha a ter.
Em vez das verdadeiras, são outras as razões pelas quais será uma ou outra a saída a dar a esta crise que conseguiu quase fazer esquecer a crise autêntica e muito grave que vivemos e põe o futuro de todos nós em grave risco.
Continuamos a insistir em soluções de efeitos que satisfaçam as preocupações do presente, ignorando as consequências que possam ter no futuro.
Dentre as várias questões que este modelo de economia consumista coloca, é oportuno destacar três aspectos que são particularmente importantes pelos seus efeitos desastrosos a prazo que não será longo, o uso excessivo de plásticos que já provoca problemas ambientais e de saúde gravíssimos, a rápida extinção de espécies a que se assiste e o aquecimento global que já dificilmente poderá ser controlado de modo evitar que sejam excedidos os valores que perturbarão profundamente o modo de viver.
É a mensagem que cerca de dois mil cientistas reunidos em Paris pretendem transmitir aos políticos que, como é seu hábito, preferem acreditar mais na capacidade do Homem para ultrapassar os problemas que cria do que para os evitar.
Foram assumidos compromissos para limitar o aquecimento global a dois graus centígrados acima dos níveis da era pré-industrial, mas a investigação científica mostra que a Terra está a atingir o dobro ou mais ainda, em consequência das emissões intensas de gases com efeito estufa. Por isso, o Secretário Geral das Nações Unidas afirma que se encontra o mundo numa encruzilhada.
Mas eu creio que os problemas que a própria Humanidade cria a si própria ultrapassaram já a sua capacidade para os resolver, porventura atingindo o ponto sem retorno que os cientistas receiam que aconteça.
É pena porque a Natureza não brinca e acaba, sempre, por impor as suas leis.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

O “NÃO” E O FUTURO


Não me admirou a vitória do não que ontem aconteceu na Grécia, porque era o mais natural de acontecer. Para além de outras coisas terá sido, até, a resposta de um povo às “provocações” e ao “terrorismo” que, dizem os seus governantes, vêm da Europa.
É a bem conhecida estratégia de unir a casa acenando com o perigo que vem de fora, independentemente da medida que o perigo possa ter. E pode ter sido essa a maior razão de ser do "não". Não sei.
A verdade, porém, é que o referendo não resolveu problema algum mas, por certo, irá apressar o esclarecimento que, em meses, não foi conseguido e o andar das coisas que, seja qual for o caminho que levem, jamais serão as mesmas, na Grécia e na Europa.
O que vai mesmo suceder eu não sei, como o não sabem os opinadores oficiais da desinformação maciça com que a comunicação social nos presenteia quando foca os holofotes num ponto e esquece todos os demais. Não sabem porque se soubessem todos diriam a mesma coisa e não dizem!
Seja como for, o que sucedeu dará que pensar mas não me parece crível que esteja a Europa disponível para fazer o que não pode, assim como a manifestação de força democrática que o referendo possa ter sido, condicione o que se passará num grupo muito mais vasto que tem igualmente querer e cuja consulta global seria, essa sim, a manifestação de que os “democratas” primários se esqueceram.
Agora teremos de esperar para ver o que, realmente, acontece.

  

domingo, 5 de julho de 2015

NUMA ECONOMIA PRESA POR ARAMES, REBENTAM BOLHAS, ESVAZIAM-SE BALÕES!


Poucas dúvidas podem restar de que um certo modo de viver está a chegar ao fim, sendo a Grécia o “laboratório” onde se faz a prova de não haver soluções neste caminho de equívocos que vimos trilhando.
Infelizmente para o povo grego, é ele a cobaia que o seu próprio governo submete à mais dura das provas, a de uma miséria anunciada, por ora só possível de amenizar com uma qualquer ajuda humanitária de urgência, como acontece nos casos de catástrofes.
Seja o resultado do referendo de hoje qual for, vença o sim ou vença o não, não vejo como poderá a Grécia sair do buraco onde o Syrisa mais a enterrou, nem como poderá ser ajudada por uma Europa cheia de fraquezas que não levará muito tempo a serem ainda mais evidentes.
A situação parece-me um problema sem uma boa solução.
Tsipras e Varoufakis fizeram mal as contas, escolheram mal a estratégia para tentar resolver o grave problema grego enfrentando a Europa, esquecendo-se do perigo que é acossar o “gato” lá no canto sem saída.
Depois da estratégia falhada para provocar, por essa Europa fora, uma onda de “revolta” contra a austeridade, Tsipras refugia-se no desespero de um referendo que lhe não pode abrir uma saída onde, todos já o vimos, a não há. E já, nem sequer, pode contar com o entusiasmo dos que vibraram com a sua vitória. Enquanto uns se resguardam em atitudes mais discretas, outros decidem, mesmo, criticá-lo e considera-lo imprudente, todos na esperança de verem minimizados os maus efeitos políticos do regozijo que a vitória do Syrisa lhes causou e do exemplo que dela pretenderam fazer para a que eles próprios se propunham alcançar em eleições próximas.
Apelam Obama, Jacques Delors e muitos outros para que a Europa dê a mão à Grécia para que não caia, apontando os maus efeitos que a sua queda provocaria. Mas ninguém diz como fazê-lo sem que seja por actos voluntariosos que de boa política nada têm porque não são solução para coisa alguma!
Perdoa-se a dívida, dá-se mais dinheiro e depois? Terá de perdoar-se mais dívida e dar mais dinheiro também, porque é isso que já aconteceu no passado e o bom senso nos diz que voltará a acontecer!
Ao contrário de tudo isto, há um trabalho de reflexão profunda a fazer, há mitos a desmontar e há, sobretudo, que reconhecer as más consequências das políticas consumistas de que a “economia” necessita para não morrer, para que o mundo escolha outros caminhos que possa percorrer nas condições e ao ritmo que a Natureza lhe impõe. Seja a bem ou seja a mal, porque é a Natureza que tem a força perante a qual somos bem pouco!


sábado, 4 de julho de 2015

CONTINUAR FANTASIANDO OU MÃOS À OBRA?


O famoso Krugman, prémio Nobel da Economia, tem procurado ser um oráculo nesta crise global que, desde que a comparou à grande depressão, não tem deixado de fazer afirmações que a realidade vem, sistematicamente, desmentindo.
Agora que fala da Grécia que compara com outros países diferentes como a Finlândia, a Dinamarca e outros do norte da Europa em fim de ciclo, refere o “fracasso” da Espanha com a sua elevadíssima taxa de desemprego e de Portugal diz “"o país implementou obedientemente a dura austeridade e está 6% mais pobre do que era antes".
Parece-me que o omnisciente Krugman desconhece que a Espanha, mesmo antes da crise, tinha já um desemprego muito elevado, da ordem dos 13% e que Portugal criou artificialmente uma riqueza que não tinha, da qual a austeridade que as circunstâncias impuseram, obrigou a anular.
Portugal, como qualquer outro país, tem a riqueza que os seus recursos e o seu trabalho lhe possam granjear mas que os artifícios da economia moderna desvirtuam, majorando-a artificialmente, habilidade que, naturalmente, tem mos seus limites que foram largamente ultrapassados.
Ficámos ricos com o desmantelamento da nossa frota de pesca, com os condicionamentos à agricultura e outras coisas com que se quis contornar a “condenação” de comer o pão amassado com o suor do rosto” que a Natureza nos impõe sem dó nem piedade.
Portugal não está mais pobre. Tem a riqueza que tem mas que pode engrandecer retomando o esforço que a falsa condição de rico esmoreceu e aproveitando os inúmeros recursos que desaproveita em, pelo menos, dois terços do seu território.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

UMA RONDA PELAS NOTÍCIAS…

A situação grega é, sem a menor dúvida, uma preocupação para todos nós pela influência que possa ter no nosso futuro próximo.
Mas a situação tornou-se incompreensível perante as atitudes de que nos damos conta e pelas notícias desencontradas que chegam até nós.
Respiguei algumas dos últimos noticiários e sinto-me incapaz de fazer um juízo que não seja o de que alguém enlouqueceu!

- O Eurogrupo garantiu que as negociações apenas prosseguiriam depois de conhecido o resultado do referendo.
 - O referendo pode até ser inconstitucional, conforme algumas entidades gregas consideram, quer pelo prazo da convocatória quer pelas próprias questões que colocam, o que poderá fazer com que seja anulado.
- O governo grego afirma que o referendo acontecerá nem que tenha de ser adiado.
- O primeiro-ministro grego pede aos gregos para votarem no “não” para que tenha maior margem de manobra e mais força nas negociações que se seguirão.
- O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu hoje que uma vitória do 'não' no referendo de domingo na Grécia vai “enfraquecer dramaticamente” a posição negocial grega, e, mesmo em caso de triunfo do 'sim', as negociações serão “difíceis”. “O programa expirou, não há negociações em curso. Se os gregos votarem 'não', terão feito tudo menos fortalecer a posição negocial grega.
- O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, assegurou hoje que um acordo com os credores está "mesmo à mão" e que as negociações com as instituições europeias têm estado a desenrolar-se, apesar da anunciada suspensão das mesmas. "Um acordo está em vista seja a resposta 'sim' ou 'não'" no referendo, declarou o ministro do partido de esquerda radical Syriza à rádio pública irlandesa RTÉ.
…..

Será que alguém se entende com isto?


AI SE ARISTÓTELES E PLATÃO VOLTASSEM


Está cada vez mais confusa a actuação do governo grego que apela ao “não” no referendo em que pergunta aos eleitores se aprovam o acordo com as “instituições” ao mesmo tempo que, à Europa, diz aceitá-las com alguns pequenos ajustamentos.
É convicção expressa pelo governo grego de que o “não” lhe dará mais força para negociar, mas sem garantir que cumprirá a promessa eleitoral de acabar com a austeridade.
Porém, a recusa da Europa para continuar as negociações antes de ser conhecido o resultado do referendo, não me parece de bom agoiro e é uma lógica simples que me diz que o “não”, ao contrário do que Tsipras afirma, as poderá inviabilizar ou tornar mais difíceis.
É assim a política, feita de truques e de malabarismos que confundem a percepção das coisas para que, em cada momento, pareçam o que mais convém.
Convém ao governo grego que pareça que é da Europa a culpa de todos os males que acontecem como, por exemplo, os bancos estarem fechados e os levantamentos no multibanco racionados. Convém à Europa que pareça que o “estorvo” grego é bem vindo a uma comunidade à qual, desde o início, sempre trouxe problemas!
A Grécia é como é e… pronto!
Que a situação da Grécia, mesmo depois de um perdão de dívida de mais de 100.000 milhões de euros, superior ao resgate feito a Portugal, é desesperada, já todos entendemos que é.
Mesmo os que, numa atitude de solidariedade hipócrita, apoiam uma solução de excepção para com a Grécia, sabem só ser possível uma união monetária se todos cumprirem as mesmas regras.
É evidente que a situação grega para além de desesperada é insustentável e que pior, decerto, ficará depois do terceiro resgate que, a continuar no euro, as circunstâncias mostram ser praticamente inevitável.
Por isso não vejo como evitar que a Grécia tome conta dos seus destinos, adopte as regras mais de acordo com o seu modo de ser e viva a vida que, por sua vontade,  deseje viver. Porque, agora ou daqui a pouco tempo será isso que vai acontecer.
Tsipras e Varoufakis estão muito longe dos pensadores de outrora que, em discussões na “praça” pensavam a sério o mundo e a razão de ser da vida.
Ao contrário, eles tentam moldar o momento como lhes convém em vez de o acautelarem como a realidade recomendaria que fizessem.
Então, por que não preparar, com cuidado, uma saída controlada do euro se ela já se tornou inevitável e é, sem dúvida, a melhor solução para a Grécia e para a Europa? 


quinta-feira, 2 de julho de 2015

O REFERENDO


Na Grécia ou em qualquer outro lugar, o rigor da resposta a qualquer pergunta depende da clareza desta. Como responder se não se souber exactamente a quê?
É o drama das eleições e, muito particularmente, dos referendos que alguém faça com uma intenção determinada.
É difícil que uma pergunta num referendo possa conter toda a informação de que a resposta necessita. E a campanha que o antecede não é mais credível do que a de qualquer acto eleitoral onde os chavões e as razões capciosas valem mais do que a verdade.
Já aconteceu assim entre nós e vai acontecer no referendo do próximo Domingo na Grécia onde os cidadãos são constantemente confundidos com informação contraditória e não têm fácil acesso ao esclarecimento de que necessitariam para responder em consciência.
Não deveria um político fazer como faz Tsipras que tem um discurso interno diferente do que tem com as “instituições” como ele chama à Troika.
Não é com habilidades semânticas que os problemas se resolvem e muito menos aqueles que têm a ver com a vida das pessoas a quem o discurso mais recente do líder grego enganou.
Será mesmo que o OXI (não) que Tsipras e Varoufakis recomendam como resposta no referendo dará mesmo mais força ao governo grego para negociar com o Eurogrupo? Duvido mesmo.
Será que afirmar que são os pequenos países que mais dificuldades têm criado nas negociações com a Grécia, como o fez o ministro das finanças do falhado governo francês, influenciará alguma coisa o resultado que vai acontecer? Eu creio que apenas tenta livrar as costas da França, como grande país que é, das responsabilidades que tem.
Será que o entendimento negativo que tanta gente expressa de ser o comportamento do governo português nas negociações corresponde à realidade? Não me parece e só me dá conta da desinformação causada pelos que esperam, aqui, tirar algum partido da infelicidade grega.
É uma situação complicada a que se vive, tão complexa que não se presta a uma resposta tão simples como aquelas que se fazem nesses programas desinformativos na rádio ou na televisão.
Duvido que venha a ser a melhor a solução de tudo isto. Mas gostaria que, pelo menos, fosse uma lição que abrisse os olhos para um futuro que, a continuar assim, não será muito feliz.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

OXI OU CONTINUAR NA EUROPA?


Está cada vez mais confusa a política do governo grego que parece querer fazer do referendo do próximo Domingo um reforço do seu programa eleitoral em que declarava não aceitar as condições da Troika para a ajuda financeira sem a qual o futuro da Grécia será um tormento, ao mesmo tempo que se propõe aceitá-las com alguns pequenos ajustamentos.
É assim a política, feita de truques e de malabarismos que confundem a percepção das coisas para que, em cada momento, pareçam o que mais convém, como esta atitude de pedir aos gregos para, no referendo, dizerem não à aceitação das condições que às “instituições” informam aceitar!
Que a situação da Grécia é desesperada, já todos entendemos que é, mesmo os que, numa atitude de solidariedade hipócrita, apoiam uma atitude de ruptura que sabem impossível numa união monetária em que é imperioso que todos se rejam por regras comuns.
É evidente que a situação grega, além de desesperada, é insustentável também e que mais o será depois do terceiro resgate que as circunstâncias mostram ser inevitável.
Não compreendem os leigos como eu nem, porventura, os especialistas também, como se sairá deste imbróglio que parece não se resolver como as soluções comuns.
Seria tempo de procurar caminhos novos que não serão, estou certo, variações daqueles que não levam a lado algum, mas sim outros que a realidade aponta como os que melhor permitem caminhar num mundo que cada vez pior resiste aos impactes violentos do consumismo feroz de que a economia necessita para sobreviver.
Uma questão essencial se coloca neste momento de todas as dúvidas: será, no referendo do próximo Domingo, o “não” a resposta a partir da qual tudo recomeça ou a ruptura que afaste a Grécia do euro e da União Europeia.