Ainda me recordo daquela telenovela brasileira
em cujo final o sonhador Atílio entrou no seu sono eterno a remexer a bosta de
vaca que acumulou na velha banheira, na esperança de que, um dia, se transformasse
em ouro reluzente.
É o que me parece esta novela grega em que
uma alquimia estranha depressa transformou um “não” em “sim”, baralhando as
contas de eleições das quais, ao contrário do que todos críamos e para lá da enorme
confusão que lançou a Grécia num profundo caos, nenhuma mudança real resultou,
pois foram os que as eleições derrotaram que decidiram o futuro, do modo como os
vencedores rejeitavam que viesse a ser! A continuação da austeridade a que a falta de
inteligência obriga.
É confuso, decerto. É, mesmo, uma enorme trapalhada
como muitas que estão para acontecer num mundo que teima em não compreender o
seu destino.
Foram cinco meses de espectáculos deprimentes,
com ministros, primeiros-ministros e presidentes preocupados em resolver o que,
nem sequer, são os maiores problemas que o mundo enfrenta, a procurar soluções
que não existem, para problemas que não têm solução.
Entretanto continua o monopólio gigante que
os meninos da Wall Street, da City e de outras bolsas não se cansam de jogar,
como se ali se decidisse o futuro do mundo.
Quando será que acordamos e aprendemos que
nunca seremos capazes de transformar em ouro a bosta de vaca?
Os tempos são outros, tal como as soluções
devem ser.
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