ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 27 de julho de 2015

LIÇÕES QUE O TEMPO DÁ


(Nó do Carregado)

Depois de muitas infra-estruturas, sobretudo auto-estradas, das quais temos hoje a clara noção de que se não justificam nem pelo uso que têm, nem pelos custos financeiros excessivos que tiveram e têm ainda nem pelos objectivos de dinamização económica que não conseguiram promover, tornando-se num dos maiores “elefantes brancos” que o governo socrático nos legou pela dívida monstruosa que geraram, causa-me verdadeiros calafrios pensar como seria se outros projectos monstruosos, então idealizados, se tivessem realizado!
Todos sabemos como o sector da Obras Públicas era o motor potente de uma economia que se tornou virtualmente próspera mas que acabou na implosão que os seus excessos, inevitavelmente, lhe causaram.
Foi um sucesso enquanto durou.
Foi a árvore das patacas para muita gente que, depressa, enriqueceu, mas não passou de simples lugares de trabalho para muitíssimos mais que o desemprego depois lançou na pobreza.
Tornou-se um pesadelo para as instituições e para as famílias que, de um modo ou de outro, mas sempre com muito sacrifício, pagam e continuarão a pagar as consequências da megalomania delirante que, pelos vistos, era a riqueza do país. Ou seria, apenas, a riqueza de alguns?
A maior parte da austeridade que temos vivido tem as suas causas neste fenómeno que bem pode ser uma amostra de outras ruínas que acontecerão se os limites que qualquer crescimento necessariamente tem não forem respeitados.
O tempo provou a dimensão dos erros cometidos na euforia de um “crescimento” que foi o enriquecimento de alguns mas não passou de desperdício para o país porque o presente nos mostra como deveríamos ter sido comedidos e responsáveis, não nos metendo em aventuras que não pudéssemos suportar porque, ficou provado, ninguém, por nós, leva Portugal às costas!
Entretanto, ninguém deu conta de insuficiências no aeroporto de Lisboa (a não ser em tempos de greve) que justificassem a urgência de avançar para a construção do que, a norte ou a sul do Tejo, seria mais um desastre para a nossa tão sacrificada economia.
Aliás, é isso que diz o Secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações, para quem não será necessário um novo aeroporto durante os próximos cinquenta anos.

NOTA: Portugal está entre os quatro países do mundo com maior densidade de infra-estruturas rodoviárias de classe superior. 

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