ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 3 de julho de 2015

AI SE ARISTÓTELES E PLATÃO VOLTASSEM


Está cada vez mais confusa a actuação do governo grego que apela ao “não” no referendo em que pergunta aos eleitores se aprovam o acordo com as “instituições” ao mesmo tempo que, à Europa, diz aceitá-las com alguns pequenos ajustamentos.
É convicção expressa pelo governo grego de que o “não” lhe dará mais força para negociar, mas sem garantir que cumprirá a promessa eleitoral de acabar com a austeridade.
Porém, a recusa da Europa para continuar as negociações antes de ser conhecido o resultado do referendo, não me parece de bom agoiro e é uma lógica simples que me diz que o “não”, ao contrário do que Tsipras afirma, as poderá inviabilizar ou tornar mais difíceis.
É assim a política, feita de truques e de malabarismos que confundem a percepção das coisas para que, em cada momento, pareçam o que mais convém.
Convém ao governo grego que pareça que é da Europa a culpa de todos os males que acontecem como, por exemplo, os bancos estarem fechados e os levantamentos no multibanco racionados. Convém à Europa que pareça que o “estorvo” grego é bem vindo a uma comunidade à qual, desde o início, sempre trouxe problemas!
A Grécia é como é e… pronto!
Que a situação da Grécia, mesmo depois de um perdão de dívida de mais de 100.000 milhões de euros, superior ao resgate feito a Portugal, é desesperada, já todos entendemos que é.
Mesmo os que, numa atitude de solidariedade hipócrita, apoiam uma solução de excepção para com a Grécia, sabem só ser possível uma união monetária se todos cumprirem as mesmas regras.
É evidente que a situação grega para além de desesperada é insustentável e que pior, decerto, ficará depois do terceiro resgate que, a continuar no euro, as circunstâncias mostram ser praticamente inevitável.
Por isso não vejo como evitar que a Grécia tome conta dos seus destinos, adopte as regras mais de acordo com o seu modo de ser e viva a vida que, por sua vontade,  deseje viver. Porque, agora ou daqui a pouco tempo será isso que vai acontecer.
Tsipras e Varoufakis estão muito longe dos pensadores de outrora que, em discussões na “praça” pensavam a sério o mundo e a razão de ser da vida.
Ao contrário, eles tentam moldar o momento como lhes convém em vez de o acautelarem como a realidade recomendaria que fizessem.
Então, por que não preparar, com cuidado, uma saída controlada do euro se ela já se tornou inevitável e é, sem dúvida, a melhor solução para a Grécia e para a Europa? 


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