É convicção expressa pelo governo grego de
que o “não” lhe dará mais força para negociar, mas sem garantir que cumprirá a
promessa eleitoral de acabar com a austeridade.
Porém, a recusa da Europa para continuar as
negociações antes de ser conhecido o resultado do referendo, não me parece de
bom agoiro e é uma lógica simples que me diz que o “não”, ao contrário do que
Tsipras afirma, as poderá inviabilizar ou tornar mais difíceis.
É assim a política, feita de truques e de malabarismos
que confundem a percepção das coisas para que, em cada momento, pareçam o que
mais convém.
Convém ao governo grego que pareça que é da
Europa a culpa de todos os males que acontecem como, por exemplo, os bancos
estarem fechados e os levantamentos no multibanco racionados. Convém à Europa
que pareça que o “estorvo” grego é bem vindo a uma comunidade à qual, desde o
início, sempre trouxe problemas!
A Grécia é como é e… pronto!
Que a situação da Grécia, mesmo depois de
um perdão de dívida de mais de 100.000 milhões de euros, superior ao resgate
feito a Portugal, é desesperada, já todos entendemos que é.
Mesmo os que, numa atitude de solidariedade
hipócrita, apoiam uma solução de excepção para com a Grécia, sabem só ser possível
uma união monetária se todos cumprirem as mesmas regras.
É evidente que a situação grega para além
de desesperada é insustentável e que pior, decerto, ficará depois do terceiro
resgate que, a continuar no euro, as circunstâncias mostram ser praticamente inevitável.
Por isso não vejo como evitar que a
Grécia tome conta dos seus destinos, adopte as regras mais de acordo com o seu
modo de ser e viva a vida que, por sua vontade, deseje viver. Porque, agora ou daqui a pouco tempo será isso que
vai acontecer.
Tsipras e Varoufakis estão muito longe dos
pensadores de outrora que, em discussões na “praça” pensavam a sério o mundo e a razão
de ser da vida.
Ao contrário, eles tentam moldar o momento como
lhes convém em vez de o acautelarem como a realidade recomendaria que fizessem.
Então, por que não preparar, com cuidado, uma saída controlada do euro se ela já se tornou inevitável e é, sem dúvida, a melhor solução para a Grécia e para a Europa?
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