ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BREVES CONSIDERAÇÕES A PROPÓSITO DE CONFERÊNCIAS SOBRE O AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS (I)



Começa hoje, em Paris, uma Cimeira sobre as Alterações Climáticas, a COP21, a vigésima depois da primeira ocorrida em Estocolmo em 1972, cujo objectivo é um acordo para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa responsável pelo aumento da temperatura média do planeta, à qual se atribuem efeitos dramáticos para a Humanidade.
É mais uma de muitas que já aconteceram desde que a Ciência começou a advertir sobre as possíveis consequências dos excessos que se tornavam cada vez mais evidentes na poluição que causavam mas eram aceites pela miséria que, dizia-se, evitavam.
Poluição ou miséria eram, então, as alternativas depois da revolução Industrial, em relação às quais e desde então, a sensatez dos que alertam para os perigos das agressões ambientais não conseguiu impor-se.
Dentre as conferências realizadas, merece destaque a do Rio de Janeiro de 1992, pomposamente designada por CIMEIRA DA TERRA e da qual se esperavam os resultados que as preocupações já então sentidas reclamavam.
Infelizmente, vinte anos mais tarde, na Conferência que ficou conhecida por Rio+20, a verificação dos fracos progressos conseguidos e da profunda degradação ambiental atingida foi a conclusão mais notável.
Mas, antes de tudo isto, foi em Fontainebleau que, em 1948, aconteceu uma reunião em que foi criada a União internacional para a Conservação da Natureza.
Foi em 1966 que, em Roma, teve lugar uma reunião de pessoas ilustres preocupadas com a degradação ambiental que já se fazia sentir e, por isso, se propuseram, entre outros temas políticos, debater as questões do Meio Ambiente e o desenvolvimento sustentável, o que levou Aurelio Pecci e Alexander King a fundar, nesse ano também, o Clube de Roma que encomendou a uma equipa de investigadores do MIT, chefiada pelo Professor Meadows, um estudo sobre os impactes do crescimento económico, do qual resultou um relatório que se celebrizou como “Os Limites do Crescimento” cujas conclusões parecem corresponder cada vez mais ao que, de facto, acontece, o que só pode ser motivo de ainda maiores preocupações.
Muitas reacções adversas provocou este documento ainda hoje um marco na luta contra a destruição da Humanidade, as quais a realidade foi silenciando com a iniludível realidade que vivemos e, finalmente, levou um dos governantes mais poderosos do mundo, Barak Obama, a afirmar não ser possível retardar por mais tempo as atitudes necessárias para evitar a catástrofe que os estudos científicos afirmam que acontecerá se o aquecimento global, acelerado pelas emissões de gazes com efeito de estufa, não for contido.
Mas não se pode esquecer que foi nos países com maior crescimento económico e, por isso, mais responsáveis pela degradação ambiental verificada, com os EU à cabeça, que as conclusões do relatório do Clube de Roma mais foi contestado, até por “cientistas” que, porventura ao serviço dos grandes interesses económicos, se prestaram à infame atitude de negar a Ciência que, mostram-no os factos, tem razão.
(continua)

domingo, 29 de novembro de 2015

HISTÓRIAS QUE A BÍBLIA ME CONTOU



Depois da provação que Cristo terá imposto a si próprio com um jejum pelo deserto da Galileia para se preparar para a sua missão no mundo, conta-se nos evangelhos que, tentando tirar partido da fraqueza física que, naturalmente, depois sempre se sente, o Diabo apareceu para o tentar.
Que, pelo seu poder, transformasse em pão as pedras do deserto para saciar a fome que sentia; que se atirasse do pináculo do Templo pois os seus anjos viriam para o salvar; que, de joelhos, o adorasse pois, em troca, lhe daria todos os reinos do mundo!
Não sei se se trata de uma fantasia se de um modo místico de contar uma realidade, assim como tantas outras que, para além desta, a Bíblia também conta.
Não cedeu Cristo às tentações do Diabo e quanto à que dele faria o dono do mundo terá respondido “de que servirá ao Homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?
Porventura, nos meus tempos de menino, eu lia a Bíblia com o mesmo fascínio e admiração com que, tantas e tantas vezes, mais tarde li as aventuras de Sandokan, do Tim-Tim, do homem-aranha, do homem-morcego ou de qualquer outro herói.
É nas recordações que ainda me restam desse tempo de empolgamento juvenil que agora, já bem maduro, vejo tantas semelhanças com muito do que se passa no mundo, sobretudo neste tempo de reflexão, que agora é mais preocupada do que antes jamais o fora, sobre as consequências graves das alterações climáticas a que o estulto desejo de ser donos do mundo nos levou.
E vendo que, ao mesmo tempo, com a intenção de combater as “forças do mal”, as supostas “forças do bem” se concentram nas margens do Rio Eufrates, exactamente onde Jeremias disse que aconteceria a “batalha final” de que o Apolcalipse dá conta, eu fico muito preocupado, mesmo não levando à letra as histórias fantásticas que a Bíblia me contou, como não levei a sério profecias de Nostradamus, do Bandarra e outras que já previram enormes desgraças, porque ainda quero acreditar que o verdadeiro Homem se encontrará para salvar a Humanidade. 

sábado, 28 de novembro de 2015

CADA TERRA COM SEU USO…



Pelo que vejo, também na política internacional o cinismo e a hipocrisia são os “dons” maiores dos políticos, pelo que, tal como na política nacional, nada é o que parece ser.
Depois da revanchista e insensata invasão total do Iraque que, segundo George W. Bush, tinha por objectivo "desarmar o regime iraquiano, encerrar o apoio de Saddam Hussein a organizações terroristas e libertar o povo iraquiano", do que o resultado mais evidente foi o reacender dos conflitos irreparáveis entre povos secularmente desavindos, pergunto-me se será a imposição da “democracia ocidental” a solução para a boa convivência entre estes povos ou se, pelo contrário e como a lógica não descarta, é no seu falhanço que melhor se comprova o velho dito “cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso”.
Senão, perguntemo-nos se serão hoje os iraquianos mais felizes do que antes eram, apesar do regime que os oprimia. Não sei comparar nem encontro valores em que me baseie numa ou noutra situação, mas que o Iraque não é um país de felicidade, isso não é. Com certeza!
E sê-lo-ão aqueles onde a chamada “primavera árabe” deu lugar à confusão com que, por vezes, se confunde a liberdade? Em qual deles a democracia, de facto, se implantou?
Como sempre acaba por acontecer, um dia começam a revelar-se as verdadeiras intenções com que se fazem as coisas que, assim, começam a ficar mais fáceis de entender.
Depois de tudo o que, desde então, se passou, a Al-Qaeda não se desfez e, pior do que isso, surgiu o movimento jihadista que se considera um estado e tantas atrocidades tem cometido perante a quase indiferença dos que, por interesses que não revelam, desfizeram equilíbrios naturais que séculos estabeleceram, criando situações que não controlam e se tornam, dia após dia, mais perigosas.
Mesmo assim, por que razão os Estados Unidos, a Rússia e a Turquia se não entendem na luta difícil que dizem ser comum e, em vez disso, persistem em diferendos que não permitirão que a vençam?
Entretanto, para ali vão convergindo as suas forças. Só não sei, ainda, se para combaterem, juntos, os mestres da degola, se para marcar a sua posição de força, sabe Deus com que consequências.
Afinal, quem fornece aos jihadistas as armas e as munições que usam mas não fabricam?
Quem lhes compra o petróleo que lhes garante os fartos meios financeiros de que dispõem?
Eu não creio que a Rússia ou os Estados Unidos comprem petróleo do Daesh ou que a Turquia lhes forneça armas a menos que, com os curdos de permeio, tal seja de sua conveniência.
Também não faço ideia de em quais mãos vão cair as armas que os EU e a Rússia para ali enviam...
Vi publicado um mapa da região que mostra onde se extrai e se refina o petróleo, a grande riqueza do “daesh”, as rotas que segue, onde é negociado e os pontos por onde sai da Síria. E constato que, estranhamente, os jihadistas fazem a maior parte dos seus negócios de venda em território dominado pelos opositores ao regime de Al Assad, de onde, depois, segue para a Turquia.
Aí evapora-se ou é a Turquia quem o utiliza?


terça-feira, 24 de novembro de 2015

NO LIMIAR DA FELICIDADE



Agora é tempo de desejar que tudo corra bem e que António Costa possua o segredo do sucesso que nos fará, a todos, felizes, com a maldita austeridade bem longe de todos nós.
Vou recuperar a pensão que me cortaram, deixo de pagar o Complemento Especial de Solidariedade, a sobretaxa do IRS e as taxas moderadoras nos Serviços de Saúde aos quais, naturalmente, recorro cada vez com mais frequência.
Verei, à minha volta, um país feliz e a economia crescer.
Mais carros novos a rodar nas ruas, os restaurantes outra vez cheios, os cinemas e os teatros.
De novo, o dinheiro vai deixar de acabar antes do fim do mês!
E tudo sem aumentar os impostos.
Espero que seja mesmo assim, como prometeram e por muito tempo, senão eu terei a razão que, sinceramente, desta vez gostaria de não ter tido quando disse não acreditar em milagres.
Só ninguém prometeu que a corrupção iria acabar...
Irá? 

OS CUIDADOS DO PRESIDENTE



Perante as circunstâncias, pelo menos inéditas entre nós, a que os resultados das eleições de 4 de Outubro conduziram, para além do que em campanha eleitoral foi dito e jamais poderia fazer prever o desfecho que Costa agora deseja, parecem cuidados normais os que o Presidente da República toma para formar o juízo que, em consciência plena, orientará a sua decisão final.
É um direito constitucional do Presidente do qual infiro, pelos cuidados de que se rodeia, que se fosse outro o momento do seu mandato dissolveria a Assembleia da República para que, perante as “informações” que a campanha eleitoral não deu e das quais só tardiamente teve conhecimento, o povo ratificasse ou corrigisse o seu voto, como seria de sua competência e constituiria o “tira-teimas” ideal sobre o que, realmente, desejam os portugueses.
A proximidade de eleições não lhe permite esta que seria a atitude que desfaria todas as dúvidas e, por isso, são outros os cuidados dos quais se deve rodear.
Não me parece, pois, que Cavaco Silva exorbite dos seus poderes presidenciais quando tudo faz para esclarecer as coisas e decidir entre as duas decisões que a Constituição ainda lhe permite que tome.
Igualmente me parece despropositada, mesmo sem nexo, a pergunta que, pela primeira vez, ouvi da boca de Constança Cunha e Sá, na TVI, se o Presidente fez a Passos Coelho, quando lhe pediu para formar governo, as mesmas exigências que agora fez a Costa.
Não valerá a pena, decerto, dar-lhe aqui a explicação disto que afirmo porque, sendo ela tão óbvia, cometeria a indelicadeza de desmerecer da inteligência da senhora…