Muito
ao jeito do que, num passado ainda mais longínquo, a lepra o fora, a
tuberculose era quase uma doença de proscritos e uma doença temível, muitas vezes
a última que muitos tiveram.
Não
estava, ainda, disponível, a penicilina que resultara de um acaso numa
experiência que Alexander Fleming fazia com estafilococos
aureus cuja reprodução um fungo, do tipo penicillium, inibiu. Apenas em 1941 ficou disponível como o
primeiro fármaco do tipo antibiótico, a penicilina, capaz de curar doenças infecciosas como a
tuberculose o era.
Não
tive eu a sorte de estarem disponíveis antibióticos quando, em 1936 tive a
minha broncopneumonia de que as tórridas “papas de linhaça” da minha avó e os
cuidados intensivos da minha mãe na minha alimentação foram o tratamento que
contrariou o diagnóstico médico que preconizava o meu fim. O mais natural
então.
A
tuberculose obrigava ao recolhimento em sanatórios que se multiplicavam em
climas de altitude e, muitas vezes, a cirurgias dolorosíssimas.
Foi
na escola primária o meu primeiro contacto com tal doença quando me fizeram o
teste da tuberculina e, depois, uma micro-radiografia, cuidados que o Estado
disponibilizava a toda a gente através do Instituto de Assistência Nacional aos
Tuberculosos (IANT), criado em 1953, a partir da ANT criada pela rainha
Dª Amélia, pela Lei de 17 de Agosto se 1899, quando a doença matava quase 400 em
cada 100.000 habitantes.
Os
esforços feitos fizeram baixar a taxa de modo tão significativo que quase se
acreditou na irradicação da doença. O que não é verdade porque, infelizmente,
ainda hoje, em Portugal, é da ordem de cerca 20 por cada 100.000 habitantes, mesmo assim uma das
mais elevadas da Europa.
Actualmente
e a nível mundial, a ameaça da tuberculose aumenta, agravada pelo fenómeno da
multirresistência das bactérias aos antibióticos, difícil de controlar
devido à extrema escassez de meios nos países mais afectados.
Por
excessos, por descuidos cometidos e por práticas erradas no uso de
antibióticos, existe um verdadeiro perigo de regresso à era pré-antibióticos,
que a descoberta, em criações de animais no sul da China, de um gene que torna todas as bactérias resistentes ainda mais vem agravar.
Eu
não vivi a era das mortandades brutais que, naqueles tempos, as epidemias causavam.
Ouvi falar muito da “pneumónica” que tanta gente matou em finais do século XIX
e no começo do século XX. Como ouvi falar dos seus efeitos que, lá para os lados
onde nasci, fez muitas vítimas, de tal modo que a uma minha tia-avó morreram
todos os filhos que tivera!
É
um passado que pode voltar porque nem sempre o Homem encontra solução para os
problemas que cria.
Infelizmente, os políticos, aqueles nas mãos de quem dizem que depositamos o nosso poder natural para de nós cuidarem, andam damasiadamente ocupados com a conquista do poder e não têm tempo para cuidar do que é mais importante.
Infelizmente, os políticos, aqueles nas mãos de quem dizem que depositamos o nosso poder natural para de nós cuidarem, andam damasiadamente ocupados com a conquista do poder e não têm tempo para cuidar do que é mais importante.
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