Depois
da provação que Cristo terá imposto a si próprio com um jejum pelo deserto da
Galileia para se preparar para a sua missão no mundo, conta-se nos evangelhos
que, tentando tirar partido da fraqueza física que, naturalmente, depois sempre
se sente, o Diabo apareceu para o tentar.
Que,
pelo seu poder, transformasse em pão as pedras do deserto para saciar a fome
que sentia; que se atirasse do pináculo do Templo pois os seus anjos viriam
para o salvar; que, de joelhos, o adorasse pois, em troca, lhe daria todos os
reinos do mundo!
Não
sei se se trata de uma fantasia se de um modo místico de contar uma realidade,
assim como tantas outras que, para além desta, a Bíblia também conta.
Não
cedeu Cristo às tentações do Diabo e quanto à que dele faria o dono do mundo terá
respondido “de que servirá ao Homem
ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?”
Porventura,
nos meus tempos de menino, eu lia a Bíblia com o mesmo fascínio e admiração com
que, tantas e tantas vezes, mais tarde li as aventuras de Sandokan, do Tim-Tim,
do homem-aranha, do homem-morcego ou de qualquer outro herói.
É
nas recordações que ainda me restam desse tempo de empolgamento juvenil que
agora, já bem maduro, vejo tantas semelhanças com muito do que se passa no
mundo, sobretudo neste tempo de reflexão, que agora é mais preocupada do que
antes jamais o fora, sobre as consequências graves das alterações climáticas a
que o estulto desejo de ser donos do mundo nos levou.
E
vendo que, ao mesmo tempo, com a intenção de combater as “forças do mal”, as supostas
“forças do bem” se concentram nas margens do Rio Eufrates, exactamente onde
Jeremias disse que aconteceria a “batalha final” de que o Apolcalipse dá conta,
eu fico muito preocupado, mesmo não levando à letra as histórias fantásticas
que a Bíblia me contou, como não levei a sério profecias de Nostradamus, do Bandarra e
outras que já previram enormes desgraças, porque ainda quero acreditar que o
verdadeiro Homem se encontrará para salvar a Humanidade.
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