Depois
do desastre que foram as consequências das últimas cheias em Albufeira, com
vultuosos prejuízos causados e, segundo o que se vai sabendo, a perda de uma
vida humana, foram acusados de impreparação e de incompetência os Serviços de
Protecção Civil que os não conseguiram evitar.
Há
sempre algo melhor que pode ser feito quando algo de mau acontece, mas não
creio que, neste caso e no momento, fosse possível fazer muito melhor numa zona de elevado
risco de inundação como o é a zona central de Albufeira.
Estas
cheias muito intensas não são fenómenos de ocorrência frequente mas são
previsíveis e, quando acontecem, têm efeitos danosos.
Ocorrem
em bacias hidrográficas de pequena extensão e com tempos de concentração curtos, quando
fenómenos pluviais de grande intensidade e duração acontecem.
São
as chamadas cheias repentinas que a desmatação e a urbanização intensiva
agravam, originando picos de cheia que são atingidos em pouco tempo, com
velocidades de escoamento elevados.
Albufeira,
edificada no vale de uma ribeira com perfil bastante inclinado, tem sido
sujeita, por diversas vezes, aos efeitos destes tipos de fenómenos que a
ampliação da zona urbana tem agravado.
O
que ocorreu em Albufeira não é uma novidade e continuará a acontecer,
porventura com maior frequência e maior intensidade, à medida que as alterações
climáticas decorrentes do aquecimento global se intensificarem.
Muita
gente se recordará das cheias intensas que ocorreram em meados do século
passado em Albufeira, quando fenómenos semelhantes aos de agora aconteceram,
por sua vez idênticos a outros que aconteceram antes, com uma frequência média de
uma em várias dezenas de anos.
E
não haverá modo de evitar que voltem a acontecer com tamanha intensidade ou
maior ainda, não havendo grandes soluções para minimizar os seus efeitos quando
a causa é a própria localização da zona atingida e que é, precisamente, o troço
final da ribeira em cheia.
Em
Novembro de 1949, um temporal de grande intensidade assolou o Algarve e atingiu
fortemente Albufeira, sobre o que “O Século” noticiou “Em Albufeira, na
noite passada (29/11) e todo o dia de hoje, também choveu torrencialmente. As
águas da ribeira sobrepuseram-se aos dois diques e fizeram levantar alguns
cascões da canalização das águas para o mar. A parte baixa da vila voltou a ser
inundada pela cheia da ribeira, registando-se prejuízos materiais em diversas
casas”.
Não
se trata, pois, de melhor ou pior funcionamento dos Serviços de Protecção
Civil, mas de um erro básico que terá de ser olhado de um modo mais conveniente, actuando
em toda a bacia hidrográfica, já que está fora de questão mudar Albufeira de lugar.
E Albufeira não é caso único...
E Albufeira não é caso único...
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