ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O POLITIQUÊS



Decididamente, está cada vez mais distante o tempo em que quem andava pela política me merecia uma especial consideração porque, afinal, se tratava de quem escolhíamos para nos governar.
Mas agora, depois de tantos mau-caracter revelados, de tantos disparates feitos, daqueles que todos nós pagamos caro e outros dos quais apenas eles muito tiram proveito, tornei-me um completo céptico daquelas “inteligências” que algum deus louco escolheu para serem quem comanda as nossas vidas.
Começaram por arranjar um vocabulário muito próprio com o qual dizem o que querem mesmo sem o dizer ou, mais habilidoso ainda, conseguem dizer, ao mesmo tempo, uma coisa e o seu contrário, como facilmente demonstram aos papalvos e aos comprometidos que os escutam e levam a sério ou têm de fingir que levam.
Mas que estranha linguagem é essa, o politiques, que só os iluminados políticos entendem? 
Na verdade, ela não existe porque não passa de um modo especial de dizer as coisas para a qual, afinal, todos fomos avisados no tempo em que, entre outras coisas, nos ensinavam o valor da pontuação ou de como a traduzíamos em pausas, mais curtas ou mais longas, quando falamos.
“Um caçador tinha um cão e a mãe do caçador era também o pai do cão”! Lembram-se desta frase maluca? Afinal, um ponto final faz toda a diferença, pois colocado depois de “mae”, faz-nos saber que o caçador tinha um cão e os pais desse cão!
Como podemos recordar algumas brincadeiras de uma matemática falada que consegue demonstrar, por exemplo, ser uma garrafa cheia igual a uma garrafa vazia, partindo da realidade de serem iguais uma garrafa meio cheia e outra meio vazia, à conta do princípio de não se alterar uma igualdade quando se multiplicam ambos os membros pelo mesmo valor.
É mais ou menos isto o “politiques” que também se serve de outros truques como nesta declaração de Maria Elisa Ferreira que diz que “um governo só do PS dá mais garantias a Bruxelas”!
Mas o que quer dizer? Mais garantias do que um governo com elementos do PS, do PCP e do BE ou mais garantias do que um governo formado pela força política que venceu as eleições?
Mas, no final, bem interpretadas as coisas no português que todos falamos, a verdadeira questão que aquele modo de dizer pretende sonegar é esta: que garantias pode dar um governo que apenas existirá enquanto for apoiado por partidos com ideologias que nada têm a ver com a sua?

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