Perante
as circunstâncias, pelo menos inéditas entre nós, a que os resultados das eleições
de 4 de Outubro conduziram, para além do que em campanha eleitoral foi dito e
jamais poderia fazer prever o desfecho que Costa agora deseja, parecem cuidados
normais os que o Presidente da República toma para formar o juízo que, em
consciência plena, orientará a sua decisão final.
É
um direito constitucional do Presidente do qual infiro, pelos cuidados de que
se rodeia, que se fosse outro o momento do seu mandato dissolveria a Assembleia
da República para que, perante as “informações” que a campanha eleitoral não
deu e das quais só tardiamente teve conhecimento, o povo ratificasse ou
corrigisse o seu voto, como seria de sua competência e constituiria o “tira-teimas”
ideal sobre o que, realmente, desejam os portugueses.
A
proximidade de eleições não lhe permite esta que seria a atitude que desfaria
todas as dúvidas e, por isso, são outros os cuidados dos quais se deve rodear.
Não
me parece, pois, que Cavaco Silva exorbite dos seus poderes presidenciais
quando tudo faz para esclarecer as coisas e decidir entre as duas decisões que
a Constituição ainda lhe permite que tome.
Igualmente
me parece despropositada, mesmo sem nexo, a pergunta que, pela primeira vez,
ouvi da boca de Constança Cunha e Sá, na TVI, se o Presidente fez a Passos
Coelho, quando lhe pediu para formar governo, as mesmas exigências que agora
fez a Costa.
Não
valerá a pena, decerto, dar-lhe aqui a explicação disto que afirmo porque,
sendo ela tão óbvia, cometeria a indelicadeza de desmerecer da inteligência da
senhora…
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