Passados
já vários dias, continua a falar-se muito sobre o drama que foi a cheia que submergiu
vastas áreas de Albufeira.
Depois
das descrições do que sucedeu, parece ser agora o tempo de fazer críticas e,
até, de culpar, de apontar causas e falar de soluções.
Custa-me,
deixa-me triste o que oiço, disparates enormes, reparos e exigências tão vagas como
“é necessário fazer alguma coisa”.
Eu
colocaria a questão de outro modo dizendo que seria melhor não ter feito tanta
coisa mal feita, como a ampliação desmedida da área urbana de um centro
populacional que nasceu no leito de uma linha de água onde cheias repentinas
podem ocorrer.
Quando
se levanta a questão de terem ou não sido feitos os avisos desta ou daquela cor
que poderiam minimizar os danos acontecidos, eu pergunto o que adiantaria, quanto às perdas materiais em Albufeira, um
aviso com pouco tempo de antecedência, o único possível, quando ocorre um
fenómeno meteorológico de tal amplitude.
Diz-se
que não há memória de uma cheia desta magnitude, o que significa tratar-se de
um fenómeno de muito baixa frequência média, tal como cientificamente se pode
deduzir das amplitudes das cheias registadas.
É
assim que se definem cheias anuais, dos dez anos, dos cem anos, dos mil anos e
por aí… que correspondem a “períodos médios de retorno” que, por isso, apenas
fazem sentido num período de tempo muito longo, mesmo milhares de anos. É por
isso que os conhecedores destas matérias dizem que a cheia dos mil anos pode
acontecer amanhã ou, como
diria Murphy, “se uma cheia assim pode acontecer, acontecerá”. Não importa quando.
Nem
imagino se esta cheia foi a dos quinhentos, dos mil ou mais anos, mas que
corresponde a um período de retorno elevado não tenho a mínima dúvida. Mas
nada me garante que se não possa repetir ou até ser superada amanhã ou no
próximo ano!
Fazer
alguma coisa? É preciso estudar bem o que e não atirar disparates para o ar!
E
há muito tempo já que é urgente faze-lo.
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