ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sábado, 30 de janeiro de 2016

A CIVILIZAÇÃO DO LIXO!



As preocupações que, pelos seus efeitos cada vez mais evidentes, nos causam as alterações climáticas que, está comprovado, a acção do Homem tem acelerado, fazem-nos perder de vista outras consequências não menos graves da actividade humana no Ambiente.
Para além do solo, da água e do ar, cada vez mais poluídos e, assim, tornando o Ambiente cada vez mais desfavorável para a vida humana, também o Espaço é motivo de preocupação pelo lixo nele acumulado desde que, em 1957, para lá foi enviado o primeiro satélite, o Sputnik I que, na altura, a uns causou admiração, a outros incredibilidade e, a outros ainda, preocupação.
Era o começo de uma nova era de efeitos desconhecidos mas temíveis pela utilização bélica que faria de um só confronto, porventura o último de todos.
Felizmente e pelo que se possa saber, a "guerra das estrelas" não aconteceu ainda, mas nada a afastou definitivamente. 
Após milhares de lançamentos, ao longo de mais de cinquenta anos, o Espaço transformou-se num autêntico caixote do lixo que é muito difícil de despejar.
Aos poucos e enquanto se pensava que não seria muito difícil ir limpando os detritos que por ali vão sendo deixados, foram-se acumulando enormes quantidades de objectos inúteis e perigosos, criando uma situação de elevada periculosidade, mesmo dramática, como já o admitiu a Agência Espacial Europeia (ESA).
É uma questão que preocupa a Conferência sobre Lixo Espacial desde há diversos anos, a qual contabiliza em mais de trinta mil objectos com dimensões superiores a 10cm que se deslocam a mais de 25.000 km/hora, sendo que os de dimensões inferiores são já da ordem dos duzentos mil! Números que, naturalmente, tendem a crescer.
As colisões espaciais são cada vez mais prováveis de acontecer, delas podendo resultar danos diversos, desde a destruição de satélites importantes das redes de observação ou de comunicações, senão, mesmo, más interpretações que podem levar à suspeição de ataques, com consequências inimagináveis.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O NOVO CICLO



Gostava de ser um daqueles magos que conseguem retirar dos resultados eleitorais certas conclusões que, por mais que me esforce, não consigo entender o seu por que! E a noite de ontem foi fértil demais em coisas assim.
Saltando de canal em canal para não perder nenhuma dessas deduções fantásticas só ao alcance de mentes especiais, consegui entender que Marcelo ganhou as eleições e que será o novo Presidente da República e pouco mais do que isso porque por umas razões ganhou o Nóvoa e, por outras, foi Marisa a grande vencedora.
O resultado alcançado pelo candidato comunista terá sido uma desgraça, tal que obrigou Jerónimo, depois de umas explicações mal conseguidas pelo candidato, a debitar uma cassete inteirinha! O que talvez não tenha valido de grande coisa porque me parece que já pouco, a não ser o divórcio, poderá salvar o PCP das nefastas consequências do mau “casamento” que fez.
Depois eram os outros, começando por Maria de Belém que, se a campanha demorasse mais tempo talvez dela se tivessem esquecido, até aos que não terão tido mais votos do que as assinaturas que conseguiram para poder concorrer. Se tantos!
Mas acho injusto que se não fale no Tino de Rans e se lhe não reconheça o mérito que teve. Um autêntico homem do Norte que até poderia nem saber muito bem o que faria em Belém se fosse eleito, mas que apenas no Sul não conseguiu os votos que dele fariam a surpresa maior destas eleições. Mas teve bastantes votos, por certo de quem, tal como ele, também não soubesse muito bem o que o Presidente faz ou não faz.
Em resumo, Marcelo será o próximo Presidente. Disso parece não terem ficado dúvidas, apesar da azia que, muitos dos que por ali andaram a dizer coisas, não conseguiam disfarçar.
Nóvoa ganhou. Não sei bem o que, mas ganhou. À Maria de Belém ganhou com certeza.
A Marisa foi, sem dúvida, a menina do momento porque conseguiu mostrar ao PS que terá de andar na linha e ao PCP que ou se cuida ou terá de procurar outro brinquedo. Mas isso já está a ser tratado…
No meio de tanta coisa que foi dita, curiosamente Costa também ganhou, apesar de os seus candidatos terem perdido.
Esta é mais difícil de explicar, mas o homem consegue sempre ganhar e, mesmo quando perde eleições, ser o vencedor!
Alguma razão haverá que o justifique e, quem sabe, talvez ele consiga demonstrar que, aos inimigos, o melhor é tê-los por perto para não perder de vista o que fazem… Eu já penso que sim porque mais depressa se fica a saber a tareia que que nos vão dar se não fugirmos deles.
Sem dúvida, entrámos num novo ciclo, a ideia que Nóvoa não parece ter conseguido fazer passar.
Talvez porque o ciclo seja outro que não aquele de que falava.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

AFINAL QUEM VAI VENCER? EU JÁ ESCOLHI!



Ainda não será desta que deixarei de cumprir o dever cívico de votar que exerço há mais de quarenta anos.
É verdade! Votei enquanto outros o não faziam porque estavam longe, deixando nas mãos de poucos o dever de se mostrar e de dizer presente, sem necessidade de perguntar ao vento o que se passava por aqui!
Não fui um mártir da PIDE. Fui, apenas, um que, votando, afirmava da minha vontade. Como outros o foram também.
Não votarei desta vez com a esperança com que o fiz em outras ocasiões, quando pensei que o meu voto poderia ajudar a mudar alguma coisa, mas vou faze-lo, para evitar aquela sensação desagradável que a abstenção me deixaria, a de perder a minha voz e abdicar de afirmar a minha vontade.
Mas tenho vontade e tenho voz, uma voz que não vai longe mas que é a que eu sempre quero ouvir, avaliar, comentar, criticar e corrigir para que seja, sempre, a voz da minha da minha consciência, da minha verdade, aquela que o meu entendimento das coisas construiu, não copiada de ninguém e ainda menos imposta à fraqueza do meu espírito pela lenga-lenga dos ambiciosos que se aproveitam da minha estupidez.
Não me afectam chavões e, ainda menos, a vontade indisfarçável que, em discursos inflamados que não me convencem, alguns mostram que apenas querem ser alguém.
Apesar do pouco interesse que me despertou a campanha que fizeram, não deixei de ouvir, aqui e ali, o que diziam os candidatos à mais alta magistratura da nação, a ser aquele que, na cena internacional, é o mais significativo representante de todos nós, cuja palavra deve ser escutada com respeito e jamais vítima do sarcasmo, como tantos humoristas sem graça o fazem por aí. Quando não está fácil de ganhar a vida, até o ridículo serve. Mas mesmo assim…
Mas, curiosamente, sobra a cena internacional, como se que o que se vai passando no mundo nada tivesse a ver connosco, pouco ou mesmo nada ouvi. Penso, até, que disso nem nada alguns saberiam.
Foi de uma pobreza fransciscana tudo quanto disseram. Porque não souberam dizer mais ou porque o não quiseram dizer. Foi preciso ler por outras linhas.
E vou votar em quem, então?
Sem me esquecer daquele velhíssimo ditado que diz “em Roma sê romano”, ou por este princípio que defini para orientar as minhas decisões “não deixes que te impinjam o que tu não queres”, vou votar Marcelo que me parece ser o que melhor saberá adaptar-se às circunstâncias difíceis que se aproximam, sem os preconceitos que outros não conseguem disfarçar e com os quais jamais as enfrentariam.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

UM LAR DE IDOSOS COM VISTA DE MAR



Estou convencido de que já não é a chamada coisa pública a preocupação de quem governa ou finge que o faz, tantas são as questões importantes que os políticos ignoram nas decisões que, dia a dia, tomam como se estivessem a salvar o mundo que, pelo contrário, parece desmoronar-se à sua volta.
Para os problemas que a Ciência aponta como graves, capazes, até, de exterminar, em prazo geologicamente já muito curto, a própria Humanidade que tem o seu tempo no tempo em que muitas outras espécies também tiveram o seu, os políticos não têm respostas, adiando sucessivamente o que, de vez em quando, dizem que vão fazer em função das decisões que vão tomando conferência a conferência, cimeira a cimeira que, desde meados do século passado fazem aqui e ali sem resultados práticos que se possam considerar mais do que atamancamentos de uma situação complexa e potencialmente letal que não tem solução na via por que continuam a desenvolver as suas políticas.
Não tentam mais do que compatibilizar o incompatível, tirar da cartola o coelho que já lá não está.
O tempo do ilusionismo acabou, chegou ao fim e é a realidade nua e crua, aquela que vemos e não há contas que valham para a iludir.
Comecei a minha vida quando todo o mundo, mal saído de uma guerra cruel a que chamaram a 1ª Grande Guerra Mundial, se preparava para uma outra bem mais violenta, tão violenta que matou muitas dezenas de milhões de pessoas e levou ao genocídio mais hediondo de que a Humanidade tem notícia.
O “diabo” que se julgava nascido para dominar o mundo acabou regado com gasolina, queimado e enterrado num buraco frio, sem a dignidade a que qualquer pobre mortal teria direito.
Vivi tempos de euforia económica a que se seguem tempos de grandes preocupações por desgraças anunciadas pelos que, olhando o mundo como deve ser olhado, previram o “apocalipse” que, tudo faz crer, que se aproxima mais rapidamente do que a inteligência que o pode evitar.
Segundo uma das últimas previsões de que ouvi falar para a terra onde nasci, é bem provável que acabe os meus dias no asilo para idosos mais ensolarado do mundo que muitos consideram como o melhor para viver a reforma e alguns economistas vão entendendo ser esse o melhor futuro que pode ter uma terra onde fazer nada é o sonho da maioria dos que lá vivem!
Com os cuidados que os cada vez mais intensos raios UV recomendam, a coisa pode até nem correr muito mal porque, afinal, mais cedo ou menos cedo, a vida tem de acabar.

 


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ENTRE PREVENIR E REMEDIAR



A aposta na procura interna, como tem sido a tónica deste governo é um apelo à autofagia se, porventura, lhe não corresponder um aumento de produção nacional que a suporte.
E não corresponderá porque à urgência colocada no seu crescimento para fazer face ao elevadíssimo acréscimo de despesa, cerca de onze mil milhões de euros, que diversas decisões governativas já provocam, não corresponderá, em tempo útil, o aproveitamento de recursos nacionais que o aumento de produção interna requereria para a equilibrar.
Há muito que somos um país de desperdícios, rendido ao encanto do que outros produzem para nos seduzir.
Sem reservas de recursos naturais que nos rendam, de imediato, os proveitos de que necessitamos para prosseguir esta política do gasto fácil em que se tornou a nossa, como os que tem, por exemplo, a Arábia Saudita a quem a venda de petróleo tem permitido comprar tudo o que necessita sem ter de o produzir, será necessário um vasto e trabalhoso aproveitamento de recursos antes de aumentar o consumo interno que, sem isso, nos esvaziará os bolsos até uma nova e próxima falência.
Portugal é o país que é, tem os recursos que tem e o seu futuro depende do modo como os aproveitar.
Não há engenharia financeira que lhe valha se não condicionar os seus gastos ao valor do aproveitamento inteligente dos seus recursos.
Em vez disso parece-me ver apenas negociatas que favorecem alguns em prejuízo de muitos.
Por exemplo, não sei que resultado seria o da conta que se fizesse para comparar os recursos que se perdem a cada ano nos incêndios florestais com os gastos que se fazem a combate-los. Mas duvido que uma política de prevenção não fosse vantajosa pelos empregos que criaria e pelas perdas enormes que evitasse, mas tem como inconveniente, politicamente grave, prejudicar os negócios vultuosos que a política de combate proporciona, de tal modo que, por vezes, dou comigo a pensar quais são as razões que levam tanta gente a atear incêndios, se serão todos pirómanos ou se outros interesses os moverão.
Mas haverá outros domínios em que idêntica alternativa se coloca, a decisão entre prevenir e remediar que, a decidir-se em conformidade com o tradicional bom senso, reduziria drasticamente os custos dos dispendiosos remedeios que, curiosamente, contribuem mais para o PIB do que a prevenção!
E de modo semelhante me surge a ideia de pensar a quem mais aproveitará esta política de aumento brusco do consumo interno, se a quem consome se a quem intermedeia as vendas porque nada me faz crer que estejam planeados os trabalhos de aproveitamento dos recursos nacionais que substituiria as importações que desequilibram permanentemente a nossa balança de pagamentos.