Ainda
não será desta que deixarei de cumprir o dever cívico de votar que exerço há
mais de quarenta anos.
É
verdade! Votei enquanto outros o não faziam porque estavam longe, deixando nas
mãos de poucos o dever de se mostrar e de dizer presente, sem necessidade de
perguntar ao vento o que se passava por aqui!
Não
fui um mártir da PIDE. Fui, apenas, um que, votando, afirmava da minha vontade. Como outros
o foram também.
Não
votarei desta vez com a esperança com que o fiz em outras ocasiões, quando
pensei que o meu voto poderia ajudar a mudar alguma coisa, mas vou faze-lo,
para evitar aquela sensação desagradável que a abstenção me deixaria, a de
perder a minha voz e abdicar de afirmar a minha vontade.
Mas
tenho vontade e tenho voz, uma voz que não vai longe mas que é a que eu sempre quero ouvir,
avaliar, comentar, criticar e corrigir para que seja, sempre, a voz da minha da
minha consciência, da minha verdade, aquela que o meu entendimento das coisas
construiu, não copiada de ninguém e ainda menos imposta à fraqueza do meu
espírito pela lenga-lenga dos ambiciosos que se aproveitam da minha estupidez.
Não
me afectam chavões e, ainda menos, a vontade indisfarçável que, em discursos
inflamados que não me convencem, alguns mostram que apenas querem ser
alguém.
Apesar
do pouco interesse que me despertou a campanha que fizeram, não deixei de
ouvir, aqui e ali, o que diziam os candidatos à mais alta magistratura da nação,
a ser aquele que, na cena internacional, é o mais significativo representante de
todos nós, cuja palavra deve ser escutada com respeito e jamais vítima do sarcasmo,
como tantos humoristas sem graça o fazem por aí. Quando não está fácil de ganhar a vida, até o ridículo serve.
Mas mesmo assim…
Mas,
curiosamente, sobra a cena internacional, como se que o que se vai passando no
mundo nada tivesse a ver connosco, pouco ou mesmo nada ouvi. Penso, até, que
disso nem nada alguns saberiam.
Foi
de uma pobreza fransciscana tudo quanto disseram. Porque não souberam dizer
mais ou porque o não quiseram dizer. Foi preciso ler por outras linhas.
E
vou votar em quem, então?
Sem
me esquecer daquele velhíssimo ditado que diz “em Roma sê romano”, ou por este princípio
que defini para orientar as minhas decisões “não deixes que te impinjam o que tu não queres”,
vou votar Marcelo que me parece ser o que melhor saberá adaptar-se às
circunstâncias difíceis que se aproximam, sem os preconceitos que outros não conseguem disfarçar e com os quais jamais as enfrentariam.
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