A
aposta na procura interna, como tem sido a tónica deste governo é um apelo à
autofagia se, porventura, lhe não corresponder um aumento de produção nacional
que a suporte.
E
não corresponderá porque à urgência colocada no seu crescimento para fazer face
ao elevadíssimo acréscimo de despesa, cerca de onze mil milhões de euros, que
diversas decisões governativas já provocam, não corresponderá, em tempo útil, o
aproveitamento de recursos nacionais que o aumento de produção interna requereria para a equilibrar.
Há
muito que somos um país de desperdícios, rendido ao encanto do que outros
produzem para nos seduzir.
Sem
reservas de recursos naturais que nos rendam, de imediato, os proveitos de que
necessitamos para prosseguir esta política do gasto fácil em que se tornou a
nossa, como os que tem, por exemplo, a Arábia Saudita a quem a venda de
petróleo tem permitido comprar tudo o que necessita sem ter de o produzir, será
necessário um vasto e trabalhoso aproveitamento de recursos antes de aumentar o
consumo interno que, sem isso, nos esvaziará os bolsos até uma nova e próxima
falência.
Portugal
é o país que é, tem os recursos que tem e o seu futuro depende do modo como os
aproveitar.
Não
há engenharia financeira que lhe valha se não condicionar os seus gastos ao
valor do aproveitamento inteligente dos seus recursos.
Em
vez disso parece-me ver apenas negociatas que favorecem alguns em prejuízo de
muitos.
Por
exemplo, não sei que resultado seria o da conta que se fizesse para comparar os
recursos que se perdem a cada ano nos incêndios florestais com os gastos que se
fazem a combate-los. Mas duvido que uma política de prevenção não fosse
vantajosa pelos empregos que criaria e pelas perdas enormes que evitasse, mas
tem como inconveniente, politicamente grave, prejudicar os negócios vultuosos que
a política de combate proporciona, de tal modo que, por vezes, dou comigo a
pensar quais são as razões que levam tanta gente a atear incêndios, se serão
todos pirómanos ou se outros interesses os moverão.
Mas
haverá outros domínios em que idêntica alternativa se coloca, a decisão entre
prevenir e remediar que, a decidir-se em conformidade com o tradicional bom senso,
reduziria drasticamente os custos dos dispendiosos remedeios que, curiosamente,
contribuem mais para o PIB do que a prevenção!
E
de modo semelhante me surge a ideia de pensar a quem mais aproveitará esta
política de aumento brusco do consumo interno, se a quem consome se a quem
intermedeia as vendas porque nada me faz crer que estejam planeados os trabalhos
de aproveitamento dos recursos nacionais que substituiria as importações que
desequilibram permanentemente a nossa balança de pagamentos.
Sem comentários:
Enviar um comentário