ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ENTRE PREVENIR E REMEDIAR



A aposta na procura interna, como tem sido a tónica deste governo é um apelo à autofagia se, porventura, lhe não corresponder um aumento de produção nacional que a suporte.
E não corresponderá porque à urgência colocada no seu crescimento para fazer face ao elevadíssimo acréscimo de despesa, cerca de onze mil milhões de euros, que diversas decisões governativas já provocam, não corresponderá, em tempo útil, o aproveitamento de recursos nacionais que o aumento de produção interna requereria para a equilibrar.
Há muito que somos um país de desperdícios, rendido ao encanto do que outros produzem para nos seduzir.
Sem reservas de recursos naturais que nos rendam, de imediato, os proveitos de que necessitamos para prosseguir esta política do gasto fácil em que se tornou a nossa, como os que tem, por exemplo, a Arábia Saudita a quem a venda de petróleo tem permitido comprar tudo o que necessita sem ter de o produzir, será necessário um vasto e trabalhoso aproveitamento de recursos antes de aumentar o consumo interno que, sem isso, nos esvaziará os bolsos até uma nova e próxima falência.
Portugal é o país que é, tem os recursos que tem e o seu futuro depende do modo como os aproveitar.
Não há engenharia financeira que lhe valha se não condicionar os seus gastos ao valor do aproveitamento inteligente dos seus recursos.
Em vez disso parece-me ver apenas negociatas que favorecem alguns em prejuízo de muitos.
Por exemplo, não sei que resultado seria o da conta que se fizesse para comparar os recursos que se perdem a cada ano nos incêndios florestais com os gastos que se fazem a combate-los. Mas duvido que uma política de prevenção não fosse vantajosa pelos empregos que criaria e pelas perdas enormes que evitasse, mas tem como inconveniente, politicamente grave, prejudicar os negócios vultuosos que a política de combate proporciona, de tal modo que, por vezes, dou comigo a pensar quais são as razões que levam tanta gente a atear incêndios, se serão todos pirómanos ou se outros interesses os moverão.
Mas haverá outros domínios em que idêntica alternativa se coloca, a decisão entre prevenir e remediar que, a decidir-se em conformidade com o tradicional bom senso, reduziria drasticamente os custos dos dispendiosos remedeios que, curiosamente, contribuem mais para o PIB do que a prevenção!
E de modo semelhante me surge a ideia de pensar a quem mais aproveitará esta política de aumento brusco do consumo interno, se a quem consome se a quem intermedeia as vendas porque nada me faz crer que estejam planeados os trabalhos de aproveitamento dos recursos nacionais que substituiria as importações que desequilibram permanentemente a nossa balança de pagamentos.


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