ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

QUANDO SE DÁ O TIRO NO PÉ


Pierre Moscovici, ministro da Fazenda do governo socialista francês até 2014 e agora na Comissão Europeia, parece querer afirmar-se aqui de um modo que não conseguiu enquanto participou no governo de França.
Nas suas declarações públicas sobre “desequilíbrios” a que é necessário que a UE preste atenção e que tanto jeito deram ao PS para uma manobra de diversão no momento em que o seu “chefe” não foi feliz em declarações que fez, Moscovici perdeu uma boa oportunidade para estar calado porque, para além de não dizer nada de novo, nada que não fosse conhecido e não estivesse já controlado e fizesse parte dos efeitos próprios de uma gestão de recuperação dos danos causados pelo governo Sócrates, acaba por criticar-se a si próprio por aquilo que, afinal, antes não fez no seu país!
Mas esta é uma atitude normal que sempre me levou a estar atento ao que dizem os ex-governantes que, aproveitando-se da desatenção generalizada dos cidadãos, se prestam a ser os críticos mais ridículos da suas próprias incompetências.
Mas o que mais me parece digno de realçar nesta altura em que é dever de todos nós estar atento e informado para que, lá mais para o final do ano, possamos votar em consciência, é a atitude do Partido Socialista que revela a sua total incapacidade de opinião própria, fazendo da de outros a que não consegue ter.
Que terá dito Moscovici que o PS não soubesse já?
Há críticas e não poucas que, decerto, podem ser feitas ao governo de Passos Coelho. Mas nada que se compare às que são cada vez mais óbvias de fazer às razões que o PS e outros apontam para terem os favores dos eleitores distraídos.
Não será nestas críticas que encontraremos as respostas aos problemas que teremos de superar para que continuar o processo de recuperação que, não há como desmenti-lo, conseguimos já percorrer em parte.
Porque não coram de vergonha os que colocam os seus interesses próprios acima do bem comum do qual jamais deveriam esquecer-se?
Porque precisam, urgentemente, de recuperar o poder que lhe permitirá satisfazer as clientelas que esperam, de novo, a sua vez, os “jobs for the boys” que o PS celebrizou.


OS SINAIS DA INTELIGÊNCIA


Agora fazem-se estudos por tudo e por nada ou, talvez melhor dizendo, chama-se estudo a qualquer coisa que se faça, da qual se tira uma conclusão qualquer.
É a ânsia de fazer doutores em teses que, em vez de avanços científicos, não vão além de desobrigas.
Quando debutei na investigação contaram-me a anedota da praxe para me fazerem sentir a importância das conclusões que, seja do que for, se possam tirar.
É célebre a daquele “investigador” que amestrou um gafanhoto ao qual mandava saltar e ele saltava.
Resolveu, depois, experimentar se ele saltaria se lhe cortasse uma pata… Cortou e ele saltou!
E continuou o “estudo” cortando patas sucessivamente e reparando que, apesar disso, o gafanhoto saltava.
Até que, quando lhe cortou a última pata, o gafanhoto, ao lhe ser ordenado que saltasse, não saltou. Ficara surdo!
Uma notícia que acabo de ler e fala de um estudo, ou de vários, sobre a inteligência, depois de falar de diversas conclusões curiosas a que "estudiosos" chegaram, termina assim: “Indivíduos com uma melhor oralidade demoram mais tempo a ‘remoer’ em eventos passados e a projectar eventos futuros. Por outro lado, indivíduos com melhores capacidades não-verbais concentram-se apenas em “momentos imediatos”.
Nas amostras analisadas não devem ter entrado políticos cuja capacidade oral é, como todos sabemos, notável mas, mesmo assim, não remoem senão altercações de mau gosto nos seus combates pela conquista do poder e não enxergam para lá do seu umbigo. Quanto ao futuro… nem terão tempo para pensar nele.
Pronto, dei a minha contribuição para o “estudo”!


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

VOTEM NOS MEUS OLHOS VERDES


Desde a vitória do Syrisa que António Costa se tem afadigado em declarações e em discursos, numa sucessão que bem demonstra a sua falta de preparação para tomar conta de um país que, apesar dos avanços conseguidos, ainda não afastou o perigo de uma recaída. 
Bastará um pouco do “socialismo” perdulário que, já por três vezes, o levou à bancarrota e o país terá de ser, novamente, resgatado.
Começando com a euforia que uma vitória da extrema-esquerda grega lhe não permitiu conter, à semelhança do que acontecera com  o entusiasmo de Seguro pelo falhado programa do camarada Hollande em França, acaba a dizer o óbvio que é não ser possível fazer promessas à toa quando se pertence a uma União com 28 países onde as soluções têm de ser negociadas entre todos.
Nem poderia ser outra a lição a aprender com a “aventura” do Syrisa que cantou vitória antes de ela acontecer, tomou decisões que teve de reverter, anunciou acordos que ainda não tinham sido firmados e, no final, acabou em muito pouco mais do que em simples mudanças de palavras que significando, embora, a mesma coisa, dão ao texto final um aspecto que permite garantir, aos tolos que se não dispõem a pensar, que, tal como prometeram no seu programa eleitoral, na Grécia tudo mudou, ficaram para trás os “programas”, a Troika e a austeridade. As tais palavras que, cuidadosamente, outras com o mesmo significado substituíram no texto que, pasme-se, a Troika ainda tem de avaliar tecnicamente. 
É assim na política! Vale o que parece ser. Até ver...
E António Costa aprendeu que se não pode contar com o ovo que a galinha ainda não pôs e, por isso, não pode fazer promessas porque o que se queira fazer terá de ser, antes, acordado com os parceiros para haver a garantia de ser aceite! Porque numa União tem de haver regras. Obviamente!
Afinal, concorda com o que o Governo português tem feito ao longo do tempo em que foi negociando melhorias ao pacto que o PS tinha negociado. Porque só assim as coisas podem ser feitas.
Então o que será a campanha eleitoral de Costa?
Votem nos meus olhos verdes?


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

“SE O TEU PROJECTO É PARA CEM ANOS, EDUCA O POVO”


A situação financeira da Grécia é, todos o sabem, calamitosa. Mas não menos o é a que respeita ao mercado paralelo, à corrupção, à fuga aos impostos e a outros aspectos que tornam difícil a recuperação que, a continuar assim, não há ajuda que valha!
Segundo as notícias, é no combate à corrupção e à fuga aos impostos que o novo governo grego quer fundamentar as contrapartidas da ajuda financeira que não pode dispensar.
Até posso admitir que os valores que o governo indica poder recuperar com tais medidas, nem sequer atinjam os que, de facto, são desviados das receitas que o Estado grego teria se todos cumprissem os seus deveres de cidadãos.
Porém, este combate não é fácil nem de curta duração porque se trata de uma questão cultural que muitas e muitas dezenas de anos, se não mesmo séculos, consolidaram.
É isto que me diz o célebre ditado oriental que, entre vários projectos, plantar arroz, plantar árvores ou educar o povo, diz ser este o que mais tempo exige, um século pelo menos.
Sendo, embora, indispensável o combate a que o governo grego se propõe, não creio, pelas razões indicadas, que ele seja a resposta urgente que os prementes problemas da Grécia exigem, sendo necessárias outras medidas que, francamente, não sei quais possam ser sem tornar maior ainda o sofrimento, para além do que as circunstâncias já lhe impõem.
Não será, por isso, fácil a negociação do apoio que a Europa lhe poderá dar. Mas se alguma coisa eu sei é que jamais será a que a Grécia começou por exigir, por óbvia impossibilidade.
A própria Europa como, aliás, todo o mundo, tem problemas que não são fáceis de ultrapassar e bom será que todos comecem a levar a sério os avisos que há muito tempo já são feitos de não ser o consumismo crescente possível de sustentar.
Quem sabe não será esta a lição que a “aventura” grega permitirá que a Europa e o mundo aprendam.
Para além desta desgraça em que a situação grega se tornou, que dignidade haverá na ignorância das dores maiores que outros seres humanos sofrem?

O MEU JUÍZO

Hoje, Sócrates é de novo ouvido pelo juiz que determinou a sua prisão preventiva que, conforme consta, o poderá confrontar com novas provas que mais justificarão a medida de coacção que lhe foi imposta para evitar atitudes que dificultem ou impeçam o conveniente desenvolvimento da investigação.
Não posso garantir a fiducidade de tudo quanto se diga sobre Sócrates e os seus “feitos” financeiros, mas as declarações de Maria José Morgado, magistrada que desde há muito se tem dedicado à causa do combate ao crime de colarinho branco, deixaram-me tranquilo quanto à actuação dos órgãos judiciais que alguns, de quem tal não se esperaria, põem em causa quanto ao rigor e razão de ser.
Diz aquela magistrada que são normais as fugas de informação por parte da defesa quanto se trate de crimes graves envolvendo pessoas poderosas.
É o que se tem visto da parte da defesa de José Sócrates que, de um modo palavroso e fugindo às verdadeiras questões, se refugia em obscuras razões políticas com que procura desmerecer os factos materiais que fazem dele um suspeito de diversos crimes graves.
Talvez eu devesse dizer, como muitos o fazem e o próprio aceita, o “Engenheiro” José Sócrates. Mas eu sei o que ser engenheiro significa, as responsabilidades que tem, muito mais importantes do que um mero título do qual alguns fazem penhor de competência que nada mais sustenta. Mas a fantasia tem coisas curiosas e ridículas como a de considerar que chamar "Pinto de Sousa" a Sócrates seja uma atentado ao seu direito ao nome!
Será que ele já nasceu engenheiro? 
Cada vez me parece mais ridículo este folhetim em que, mesmo que a Justiça não consiga os meios de prova ou de legislação de que necessitar para a condenação, porque a Justiça não é, necessariamente, justa, é já evidente a culpa da qual sinais demasiadamente óbvios e sem desmentidos que, sem reservas, se possam aceitar, não permitem duvidar mais. A menos que, de um modo que não imagino qual, se demonstre serem puras invenções o que da vida do ex-primeiro-ministro se tem dito.
Hoje estou seguro de que são cometidos demasiados crimes contra a sociedade por gente que deveria ser julgada de um modo mais aberto e mais severo pelo desrespeito que os seus actos significam para quem, democraticamente, neles confiou.
O exercício de cargos políticos em nome e por delegação de poder dos cidadãos tornam maiores as responsabilidades de quem os exerce ou exerceu em vez de, como há quem defenda, conferir prerrogativas que tornam “criminoso” deitar a mão àqueles que investigações revelem poder ter cometido crimes graves, assim como sobre eles serem praticados os procedimentos normais que a qualquer outro cidadão sejam aplicáveis.
Enfim, um entendimento excessivamente monárquico da democracia.
Eu creio que outros mais andam por aí a aguardar a altura de nos prestar contas, também!


MAIS FILHOS E CARROS NOVOS!


Que jornalismo este que não consegue deixar de opinar quando apenas deve dar notícias, o que faz, muitas vezes, da forma mais estúpida!
Começo a ler as notícias desta manhã e deparo-me com o título “mais natalidade em 2014, mas não graças a Passos”.
Além do insólito que sugere, pois não creio que seja função do primeiro-ministro de um país com problemas de natalidade andar por aí a fazer filhos, o corpo da notícia acaba por desdizer o título.
De facto, mesmo dizendo que “a maioria das medidas propostas pela comissão que estudou a natalidade não foi implementada pelo executivo”, a notícia adianta que “alívio sentido no final do programa de ajustamento, explica a mudança”.
Eu não li o relatório que, por certo, a tal douta comissão de natalidade terá feito e, por isso, nem imagino as medidas que terá proposto para resolver um problema cuja análise e, sobretudo, medidas de resolução não podem deixar de ser um programa de futuro complexo, porque esta questão de inverter a tendência da baixa natalidade nos países ditos desenvolvidos vai muito para além de um programa de governo e não se resolve com as medidas avulsas que um qualquer “programa de comissão” possa propor. Que estultícia!
Já, por diversas vezes, reflecti sobre esta questão essencial para a manutenção da espécie e que é mais uma das “doenças” de uma civilização que ignora o futuro, pelo que não vou repetir-me aqui.
Mas seja o que for que tenha sucedido e levou a que aumentasse o número de nascimentos, será, por certo, o mesmo que, também em 2014, fez crescer de 30% as vendas de carros novos!
E, como dizem os “sábios” do costume e o jornal em que li a notícia relata “alívio da tensão da crise” teve um “efeito psicológico” sobre os portugueses, que tomaram “decisões adiadas” quando perceberam que o pior já tinha passado.
Em primeiro lugar, aquilo que diga uma comissão à qual seja pedido um estudo, não é vinculativo e a adopção da suas sugestões terá de ser feita por integração nas diversas e numerosas medidas que o Governo põe em prática, se não mesmo substituídas por outras de efeito idêntico ou nem adoptadas sequer, porque governar é mais do que adoptar simplesmente medidas que "comissões" proponham.
Seja como for, se Passos foi o Primeiro-Ministro do Governo que conseguiu, no prazo previsto e no que muitos não acreditavam, concluir o programa de ajustamento que fez sentir que o pior tinha passado e, como consequência, foi causa do “alívio” sentido que permitiu aos cidadãos tomar as “decisões adiadas”, de terem mais filhos e de comprarem carros novos, como dizer, então, que houve “mais nascimentos em 2014, mas não graças a Passos”?~
Mas a campanha eleitoral já chegou ao jornalismo de meia tijela? Sim, porque um título destes não é de um jornalista, decerto.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

O VALOR DOS EUFEMISMOS


Duas coisas me custam a entender ou até entendo perfeitamente. Talvez!
A primeira é o canto de vitória de Varoufakys depois de se conformar com um acordo que, afinal, não é mais do que o prolongamento do programa que estava em curso, descrito, porém, de um modo mais suave. Aliás, é para isso que servem os eufemismos…
A Grécia “ganhou” 4 meses para reflectir sobre um novo resgate que, em face da sua situação, estou crente de que nada o evitará.
Portanto, a vitória de Varoufakys foi adiar um novo resgate por quatro meses dilatando o anterior, o que não foi, de todo, aquele deixar a austeridade que o Syrisa festejou porque continua de pé o compromisso de pagar o que é devido.
Mas se os gregos se sentem felizes assim…
Não acredito, a menos razões políticas desesperadas e, por isso, com consequências imprevisíveis, que a Grécia encontre outros parceiros disponíveis, sejam a Rússia ou a China, porque neste mundo em crise permanente as coisas continuam muito difíceis para todos.
A outra foi dizer-se que Portugal esteve contra a Grécia nas negociações, o que perde razão quando Portugal não impediu nada e foram, até, outros países que perderam a paciência com as exigências gregas que, afinal, de nada serviram.
Apenas não entendi a ida da ministra das finanças à Alemanha antes da reunião, fosse a razão qual fosse, porque sempre seria interpretada como um “receber de instruções” para as negociações que iam seguir-se. Realmente, foi de amador porque nem para receber instruções a viagem seria necessária!
E assim se mostra, uma vez mais, que a política é como o teatro. Tem as suas representações que transmitem ao público as ilusões que gosta de ver, encobrindo as realidades que os actores vivem.
A minha esperança fica agora reduzida a muito pouco. Apenas ao bom senso que este susto possa ter gerado e desperte a atenção para soluções mais conformes com a realidade fora do palco em que se monta esta cena.
Talvez a Grécia tenha entendido não lhe ser conveniente voltar as costas à Europa e esta tenha compreendido que há forma de dar a volta aos problemas...


sábado, 21 de fevereiro de 2015

O PANTEÃO


As coisas são para ser ditas oportunamente, as palavras para ser usadas com o significado que lhes é próprio, sem medo das críticas que possam suscitar pois, de outro modo será o cinismo e não a frontalidade o que dominará esta sociedade em que já vi tantos valores serem anulados, tantos pecados tornados virtudes, tanta hipocrisia endeusada e tanta estupidez enaltecida.
Não tenho qualquer dúvida de que Eusébio foi um excelente futebolista, dos melhores que o mundo viu, daqueles que deixam saudades quando penduram as chuteiras. Mas daí a tornar-se num exemplo de cidadão que deva ser realçado com a distinção que o Panteão Nacional confere, francamente parece-me demais.
Se conheci Eusébio como futebolista, pouco o conheci como pessoa, como pouco sei da sua vida privada que, pelo que, mesmo assim, julgo saber, não foi, de todo, a mais exemplar!
Não sei, por isso, que exemplo de cidadão português se pretende que seja Eusébio nem o que dele será dito aos vindouros para justificar a sua presença no que deveria ser um autêntico santuário da Pátria.
Parecem muito curtas as razões as razões que levaram a Assembleia da república a decidir, por unanimidade, a sua transladação para ali.
Parecer-me-ia bem que tal distinção fosse apreciada por uma comissão especial capaz de definir e de analisar todos os requisitos para que tal acontecesse, em vez de decidida por uma votação em que, por certo, imperaram razões estranhas que colocam Eusébio num plano supostamente superior ao de tantos portugueses ilustres e dignos de admiração pelas virtudes pátrias que foram as suas.
Estou certo de que tais figuras nem serão do conhecimento da maioria dos que decidiram conceder a Eusébio uma tal honra que só aos nossos maiores deveria ser concedida.
E lembrar-me eu de que tive uma intervenção directa e decisiva na construção daquela cúpula que, finalmente, acabou com o mito das obras de Santa Engrácia!


O “ACORDO”


Quando alguém cumprimenta outrem com uma mão no bolso, assim como é vulgar faze-lo o grego Varoufakis, não é decerto gente de boas maneiras que possa invocar para não responder à pergunta se Portugal e Espanha teriam estado contra o “acordo”, deixando no ar uma dúvida que talvez pretenda fazer esquecer a posição da Grécia em 1986, quando exigiu da Europa uma contrapartida financeira de quase 2.000 milhões para não vetar a entrada dos países ibéricos!
Diz-se, agora, que conseguiu um acordo por quatro meses, o qual, contudo, se não sabe ainda o que será. Na próxima semana o saberemos.
Apenas sabemos que não é uma extensão de empréstimos sem condições, que não fará da enorme dívida grega “obrigações sem prazo que o BCE compraria”, que não incluirá um segundo perdão de dívida de 100.000 milhões como em 2012, que não acabará com a austeridade na Grécia, que não elevará as pensões dos gregos e não reintegrará os funcionários públicos dispensados, como não será outras coisas que fariam a “revolução grega” mudar radicalmente a Europa como foi promessa do Syrisa.
Depois metem-se de permeio questões de dignidade que me parece ninguém saber o que seja mas sim aquilo que conviria que fosse. Mas não é!
E temos a maioria dos portugueses a pensar que defendem uma causa de gente explorada quando, na realidade, se trata de gente cuja intenção é explorar ainda mais.
Esquecem-se de que os gregos apresentaram contas erradas para poderem ser admitidos na zona euro, invocam perdões de dívida de outros esquecendo o eles tiveram, falam de crise humanitária que eles próprios provocaram no país desorganizado que são.
Quem espera que esta Grécia faça diferente no futuro?
A Grécia é o que é e assim terá de viver.
Deixem a Grécia viver a sua vida e nós vivamos a nossa. A Grécia não poderá continuar a viver à custa dos outros porque tal seria, isso sim, uma enorme INDIGNIDADE!
De resto, pode sempre contar com a Cristinne...


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O PARADOXO GREGO


Não ganharia as eleições com um programa muito diferente daquele com o qual, previsivelmente, seria muito difícil convencer a Europa a conceder-lhe a ajuda de que necessita para suavizar a crise profunda na qual se afundou. Assim, o Syrisa criou um paradoxo para o qual, os acontecimentos assim o mostram, não tinham preparada uma solução que jamais passaria por uma atitude de intransigência como a que o governo grego adoptou nas inevitavelmente difíceis negociações com o Eurogrupo.
Apenas uma gestão muito sábia e engenhosa deste paradoxo poderia ter algum sucesso. Muito difícil, contudo, porque a intransigência grega sempre faria com que o êxito de um fosse o insucesso do outro, o que, politicamente, é insustentável.
Pelo voluntarismo da sua campanha, o Syrisa não deixou dúvidas aos gregos quanto à sua determinação em submeter a Europa à sua vontade, porque essa seria a única solução para os seus problemas.
Pela arrogância da sua estratégia, Varoufakis não deixa dúvidas aos europeus quanto aos seus propósitos de os forçar a aceitar as suas exigências.
Pelo seu lado, a Europa não aceita as alterações abruptas que a satisfação das exigências gregas provocaria.
É este o braço de ferro que o syrísico paradoxo gerou e pode chegar àquele ponto de “se eu cair levo-te comigo”, o que, manda o mais vulgar bom senso, que se evite.
Muito mais haveria a lucrar se, em vez desta guerra que os radicais de esquerda apoiam como se fosse a sua vitória, os gregos mostrassem a serenidade da força das razões que possam ter e da vontade firme de comportamentos futuros bem diferentes dos que os conduziram à situação de desespero em que se encontram por exclusiva culpa sua!
A solidariedade é indispensável mas exige contrapartidas, a mais importante das quais é a garantia de que aquele que a aceita nela participe com a maior quota de esforço.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

JE SUIS IBRAHIMOVIC


Não me tenho cansado de chamar a atenção para a fome no mundo, tão desumana que torna ridículas as queixas dos que diariamente se sentem vítimas de uma austeridade que a própria Natureza cada vez mais impõe, por conta dos excessos cometidos.
São quase mil milhões de seres humanos com fome absoluta, sujeitos aos horrores de uma total privação de alimentos e de cuidados, enquanto outros mil milhões chamam austeridade a um verdadeiro banquete cujos excessos seriam alimento bastante para os que nada têm para comer.
São centenas ou milhares os que diariamente morrem de fome, de frio ou por afogamento num mar que tentam atravessar para alcançar a “terra da abundância” cujas migalhas serão, para si, a que na sua terra nunca tiveram.
São milhares as vidas que, em cada dia, se extinguem depois do sofrimento atroz de privações dolorosas ou de doenças que, em terra de felizardos, foram já extintas. São muitos e muitos milhares de vítimas mortais de doenças vulgares que uma vacina de 1 euro poderia evitar, sem necessidade de medicamentos que custam fortunas.
O que poderia ser mais afrontoso para o egoísmo dos que falam de barriga cheia do que um nome bem conhecido de todos gravar na sua pele os nomes dos esfomeados que ninguém parece conhecer?
Mas, mesmo assim, não vi nem verei, por certo, qualquer manifestação de apoio a uma causa que é a de milhões que, sem direito à "liberdade" de viver, morrem assassinados pelo egoísmo de tantos outros.
Não senti nem sentirei gritos inflamados, não vi nem verei cartazes em defesa de um direito natural a que outros "direitos conquistados" se sobrepõem.
Nesta sociedade de hipócritas, até pelos direitos dos toiros se pugna mais do que pelos dos seres humanos a quem um simples naco de pão faria felizes.

Bravo Ibrahimovic!

domingo, 15 de fevereiro de 2015

EM BREVE SABEREMOS PARA O QUE VAMOS MUDAR…


As ideologias foram devoradas pelos interesses instalados, as ideias limitam-se às estratégias para ganhar eleições.
Então, o que são hoje os partidos políticos? Grupos de interesses organizados por carreiristas que jugam ser a vida as fantasias que constroem nos arrazoados que debitam para iludir os ingénuos que têm paciência para os escutar.
Assim nascem os chavões, as ideias feitas e as palavras de ordem que se inspiram nas mais aperfeiçoadas técnicas de propaganda na qual a verdade não tem, necessariamente, lugar.
Não cabem nestas atitudes preocupações que vão além de um futuro imediato em que a velha utopia de uma vida fácil possa ser, por algum tempo, garantida por decreto. Esboroa-se depois e uma nova era de confusão surgirá, até àquela que parece não haver maneira de reorganizar.
O pior é, sempre, o acordar do sonho tranquilo para o pesadelo da vida onde apenas o trabalho pode conquistar o que nenhuma ideologia ou lei pode dar.
É aí que aparecem os “ladrões” que os novos políticos querem derrotar, para o que constroem novos chavões, definem novas estratégias e “ideias” que semeiam nas mentes entorpecidas por dificuldades cada vez maiores.
Por isso, enquanto não surgirem ideias construídas sobre realidades e não sobre as fantasias enganosas, velhos ou novos partidos políticos apenas diferirão nos argumentos  da estratégia que os conduza ao mesmo fim, a conquista do poder que as vítimas dos apertos de um cinto que não suporta mais furos, em desespero lhes entregarão.
A hipocrisia continuará a ser a atitude que torna a vida vivida tão diferente da realidade que, em breve e por força das circunstâncias, não poderá deixar de se impor. Com as dores que causar, infelizmente.

Parece-me que as coisas estão a evoluir a um ritmo bastante rápido na Grécia, na Ucrânia e um pouco por toda a parte. E, por que não, também em alguns estabelecimentos prisionais cá da terra?


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A MINHA HOMENAGEM A UM SOCIALISTA AUTÊNTICO


Tenho por António Guterres a maior admiração desde os seus tempos de simples deputado do PS nas bancadas do Plenário da Assembleia da República.
Vejo nele um homem íntegro, um socialista convicto e um humanista dedicado.
Vi nele, depois, um primeiro-ministro que quis, com as suas decisões, realizar o socialismo que o seu imaginário tinha sonhado.
Senti-o, mais tarde, um homem desiludido porque o que conseguiu não foi, de todo, o que desejava e, sério e íntegro como sempre o considerei, abandonou o cargo antes do “atoleiro” em que Portugal se tornaria se fossem prosseguidas as políticas “socialistas” que a realidade não comporta. E o atoleiro aconteceu!
Penso que entendeu que ser socialista é ser solidário na escassez inevitável em vez de o tentar ser na insustentável abastança que os limitados recursos deste mundo não consentem.
Pela leitura que fiz da sua atitude e da sua vida depois dela, creio que António Guterres se desiludiu da “politiquice” que ele julgou ser política, acordou de um sonho utópico para se entregar a outro mais real, na ajuda humanitária àqueles a quem a política não reconhece o direito a viver dignamente.
Duvido, por tudo isto, que Guterres esteja disponível para regressar à politiquice e, assim, para ser o Presidente da República de quem se esperam atitudes incompatíveis com os sentimentos que o movem, com a certeza que tem de não ser com este “socialismo” que o mundo se tornará melhor.
Não creio que António Guterres me vá desiludir.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

UM OUTRO ESTILO DE FILHO PRÓDIGO


Varoufakys, o novo ministro das finanças grego de que a comunicação social já fez um “sex symbol”, faz-me lembrar aquela “parábola do filho pródigo” que a Bíblia conta.
De facto, a Grécia levou já a sua parte da “herança” que desbaratou. Fez dela o que entendeu, até ficar sem nada! De que poderá queixar-se agora? De não ter à sua disposição uma nova herança para esbanjar? Não pode nem deve e será, por certo, por gerações que se contará o tempo em que, por mais solidariedade que desperte, sofrerá as consequências do forrobodó que foi a sua economia, do modo de viver indisciplinado do seu povo, de um clima ameno e de uma terra linda que não convidam nada a trabalhar…
Mas tal não significa que não seja bem recebida no seu regresso à realidade, porém sem a presunção de querer mais, ainda mais, como a arrogância do seu novo governo começou por exigir.
As entradas de leão têm destas coisas que nos podem levar a ter de baixar a cabeça e a meter o rabo entre as pernas se, em vez da compostura que a realidade recomenda, fizermos exigências que o nosso comportamento passado não justifica.
Não vejo com bons olhos a arrogância das exigências gregas e menos ainda as ameaças e as chantagens que passaram a ser o seu plano B no qual farão da Rússia, da China ou dos estados Unidos os seus banqueiros, enquanto verão, como dizem, serem Portugal e a Itália os próximos a ser esmagados na derrocada do Euro que a saída da Grécia provocará!
Lembro-me de muitas atitudes deste tipo ao longo da minha vida que, tanto quanto me lembro, não deram os frutos que quem as tomou esperava porque, como sempre ouvi dizer “não é com vinagre que se apanham moscas”.
Espero, por isso, que o bom senso da Grécia acorde a tempo de evitar as más vontades que a arrogância sempre suscita e, em vez dela, desperte a vontade de  mudanças vantajosas que a todos muito bem fariam.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O PLANO B


Apagar e fazer de novo é, muitas vezes, a melhor solução, aquela que, no mais puro espírito de tábua rasa, pretende passar uma esponja sobre os erros cometidos para, depois, tentar fazer bem, mesmo sem saber muito bem como fazer. É um voluntarismo simplório que raramente resulta.
Pareceu-me ser este o espírito que levou os gregos a votar Tsipras que lhes prometeu o que não tinha, compreende-se agora que baseado em contas passadas que pretende acertar de novo.
A Europa e, sobretudo, a Alemanha, são os que parecem tudo dever a uma Grécia indisciplinada que se não dá bem com certas regras que a convivência exige.
Invocam um perdão de dívida que, afinal, já tiveram e querem acertar “contas de guerra” que, há muito, bem ou mal foram saldadas.
Depois de uns primeiros dias que foram uma sequência de desilusões, uma desesperada procura de “amigos” que não estão dispostos a continuar a suportar as consequências da barafunda sócio-económica que a Grécia é, o novo governo ameaça com o plano B, numa chantagem primária própria de miúdos da escola, que outras consequências não terá para lá de lhe criar novas e duras dependências, para além das muitas que já o amarram.
Pedir à Rússia ou à China que lhe emprestem o dinheiro que a Europa, porventura, lhes não dê, pelo menos do modo que pretende, só terá resposta a um preço excessivamente elevado que será a sua própria independência.
Mas, desta vez, sem apelo nem agravo!
Será isto mesmo que os gregos querem? Tenho dúvidas.
Ou será que estou enganado e o “levantar a cabeça” que a Grécia pretende será feiro de mão estendida à espera de quem nela caiam uns tostões?
Se for, é muito pouco para aquela Grécia que, ao estudar História aprendi a admirar mas agora me desilude.


sábado, 7 de fevereiro de 2015

A “REVOLTA” GREGA


Quando julgamos, pelo nosso, o sentimento dos outros, o que é habitual em política, corremos sérios riscos de nos equivocarmos. Naturalmente!
É o que faz Nicolau Santos, o Keynesiano sub-director do Expresso, quando afirma que, nos últimos dias, os gregos ganharam o respeito dos cidadãos europeus.
Tenho dúvidas de que seja assim porque o respeito, tal como a autoridade, não se impõe, conquista-se e, pelas atitudes iniciais do seu novo governo, não me parece que despertem a simpatia tanto dos que querem que paguem as dívidas que fizeram como a daqueles que, com dificuldades também, desejam ver em dificuldades maiores para os terem como aliados na batalha que travam. Insensato mesmo e pouco digno de simpatia.
Apesar de entender a “revolta” dos gregos que votaram no desespero, na alternativa que, provavelmente, lhes restava depois de sucessivos governos que pareceram não se entender com as regras da Europa do euro à qual, à custa de alguns equívocos, quiseram pertencer, não a considero de tão bom senso como o seria um comportamento firme, mas compatível com a situação em que se encontram e necessita, urgentemente, de uma ajuda excepcional. Comportamento que, não sendo de subserviência, jamais poderia ser de arrogância.
Então eu sentiria um enorme respeito por quem fizesse por merecer, no reconhecimento e pela correcção dos seus erros, a ajuda de que tem tamanha necessidade.
Para isso seria indispensável que os gregos olhassem para si mesmos e vissem o que terão de mudar na sua própria casa em vez de pretenderem que seja na casa dos outros que a mudança se faça.
A “rebeldia grega”, pouco disponível para cumprir as regras que uma “União” inevitavelmente impõe, cria problemas que não há ajuda que resolva, tal como as piorias ao longo dos últimos anos claramente mostraram.
Será sensato que um governo inicie a recuperação financeira de que necessita começando por gastar aquilo que não tem, porque a isso se julga com direito?
Como é que, deste modo, se evita a queda no abismo, eu não sei. Tal como não sei o que irão fazer os gregos perante uma realidade que não acredito que se vá modificar apenas por ser isso que desejam.
E não me parece que reste aos gregos muito tempo para evitar uma situação de alto risco que talvez os atire para “braços” que, porventura, não desejam, porque nem todas as “revoltas” acabam vitoriosas.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

AGORA, QUEM APLAUDE?

Enquanto acontecia aquele dramático apelo de um doente com hepatite C que, certamente ajudado por alguém a quem a cena convinha, interrompeu uma sessão de uma comissão em que o ministro da saúde prestava esclarecimentos (como terá chegado até ali?), o Governo continuava as negociações com a farmacêutica que fornece o medicamento milagroso que cura a doença (sovaldi), acabando por conseguir condições que agora permitirão tratar milhares de doentes em vez das poucas centenas que, antes, poderia tratar.
O ministro da saúde esclareceu, numa conferência de imprensa, que foi conseguido um excelente acordo, mesmo melhor do que o conseguido por outros países, a Espanha por exemplo, pelo que lhe foi possível afirmar “Pensávamos tratar algumas centenas de pessoas. Neste momento vamos tratar milhares de pessoas”.
Foi uma batalha dura que, como acontece em todas as batalhas, causou algumas vítimas sem as quais a vitória final se não alcança.
Não as contabilizei mas dei conta de uma senhora que terá morrido sem o tratamento que talvez a salvasse, porque a eficácia do medicamento é de 95%. Em contrapartida, milhares de vidas serão, certamente, salvas.
Duvido que os louvores que este sucesso merece se façam ouvir no mesmo exaltado tom com que as dificuldades antes sentidas foram criticadas.
Por isso eu farei parte dos poucos que agradecem ao Governo português o seu esforço, felizmente bem sucedido, e que permitirá salvar milhares de vidas que, de outro modo, não seriam.
Mas penso que vai prosseguir esta campanha eleitoral ruinosa que, até às eleições, provocará muitos danos, tantos quantos os que os provocam necessitam para tentarem vence-las.
Um país com políticos assim não pode ter um bom futuro!


E A RÚSSIA ALI TÃO PERTO

Embora seja, ainda, demasiado cedo para tirar conclusões sobre o sucesso ou o fracasso do novo governo grego, a verdade é que as “entradas de leão” que Tsipras e Varoufakis adoptaram para alcançar os objectivos a que se propunham, não estão a ser, no seu balanço global, muito bem sucedidas.
Se em Inglaterra os gregos pareciam ter encontrado eco para as suas reivindicações, o que não surpreendeu ninguém porque o euro é uma espinha cravada na garganta da City, se em França soou o “nim” que o governo de Hollande constantemente faz soar, se em Espanha o Podemos se manifestou nas ruas e em Portugal Catarina Martins e António Costa embandeiraram em arco, a festa acabou pouco depois no BCE onde as decisões têm de ser mais cuidadas porque dívidas perpétuas não passam de perdões de que os gregos já mostraram não saber fazer bom uso, e os demais cidadãos europeus não se sentem disponíveis para financiar os desgovernos da economia grega e os hábitos de um povo que pouco cumpre regras.
E como se tudo isto não bastasse, o encontro de Varoufakis com Wolfgang Schaüble foi a machadada nas hipóteses de uma solução rápida para a crise grega. Foi o acordo da discordância que não parece ter outra saída senão a insistência da Alemanha nos seus propósitos de obrigar os gregos a cumprir as suas obrigações.
Por cá, a recusa de Passos Coelho em participar nos delírios gregos tornará impossível o apoio imediato de Portugal ao modo “syrísico” de conduzir a realização da miragem grega, mas quem sabe se o “ex-socialista” António Costa a não virá a apoiar se, por ventura, a miragem não tiver antes morrido.
Espero que a miragem sim mas não o sonho de fazer voltar a Grécia à realidade, em condições de uma ajuda séria que possa melhorar a sua vida e a de todos os europeus que talvez reparem ser a hora de abrir os olhos para uma realidade que terá de ser vista de um modo diferente, mais natural e mais humano. Nunca, porém, leviano perante uma realidade que se tornou diferente!
Além de tudo isto, não podem passar despercebidos os olhares oportunistas e gulosos da Rússia que, mesmo numa crise financeira aguda que a queda dos preços do petróleo tornam ainda maior, sempre pode fazer como se fazia na União Soviética onde o pão do povo construía as armas com que fazia a guerra fria.
Mas quando a necessidade aperta e o frio do desespero se torna insuportável, até o calor do inferno se torna acolhedor.
Eu ainda alimento a esperança de que a Grécia honre os pergaminhos de berço da democracia que outros “Sócrates” criaram e, em vez de se meter em aventuras exóticas nada próprias de si, decida percorrer um caminho de rigor que justifique a solidariedade de que tem absoluta necessidade. 


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

QUEM CHANTAGEIA QUEM?

Cada um de nós tem capacidade bastante para tirar conclusões dos títulos das notícias do dia, entre as quais seleccionei estas:
- A propósito da reunião que teve com Varoufakis, Schauble, ministro das finanças alemão diz que “concordámos em não concordar”!
- BCE aumenta pressão sobre a Grécia ao cortar crédito aos bancos gregos.
- Atenas acusa BCE de pressão política dizendo “não vamos deixar que nos chantageiem”
- ... uma visita a Portugal por parte de membros do governo grego deverá realizar-se "assim que for possível" já que Varoufakis atribui grande importância à relação entre dois países que estão no mesmo barco!
- Putin convidou Tsipras a visitar Moscovo em Maio. Antes Tsipras afirmou que a Grécia não iria aceitar dinheiro de Moscovo, por agora!
- Costa afirma que sempre disse que “sempre recusei que a renegociação da dívida fosse a única solução”.
Há montes de entrelinhas nestas frases que me parecem caracterizar bem os tempos que vão correndo e os perigos que nos podem trazer.
E são boas de ler… ou será melhor esperar pela interpretação de Catarina Martins?


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O INEVITÁVEL ENCONTRO COM O FUTURO

O dono de uma loja de óculos iniciava o seu novo funcionário no negócio e explicava-lhe: quando te perguntarem o preço de uns óculos tu dizes o seu valor e reparas na cara do cliente. Se ele se mantiver calmo acrescentas, só as armações. O cliente vai perguntar o preço das lentes e tu dizes qual é. Do mesmo modo, se ele nem pestanejar acrescentas, cada lente…
É assim que me parece que o novo governo grego está a tentar negociar a sua dívida para a qual, afinal, já não pede um perdão mas que seja paga em função do PIB! Depois, vão ver no que dá e, muito provavelmente, adoçarão a nova proposta…
Não vou aprofundar os pormenores desta proposta que, sem condições muito cuidadas, me parece que seria uma recompensa para o prevaricador.
Mas não me espanta que assim procedam em face da situação a que chegaram, pois não tenho dúvidas de que, sem uma ajuda, se afundarão na tormenta que a sua desorganização causou.
Mas nada poderá ser feito de um modo precipitado e, muito menos, em jeito de conspiração montada em conversações a dois e dois quando o relacionamento em causa é com a Europa.
Não me parece, pois, bem que, depois da conversa com o ministro da economia grego, o Reino Unido invoque os prejuízos que terá para apoiar os interesses gregos, como tal me não parece o desejo grego de que os juros de Portugal aumentem significativamente para nele poderem ter mais um apoiante da sua causa.
Também uma vez mais me parece precipitada a opinião do “Nobel” Paul Krugman que tantas opiniões já deu para acabar com uma crise que nunca mais acaba e agora aconselha a Europa a aceitar as propostas gregas!
Se é certo que temos de respeitar a escolha que os gregos fizeram, é igualmente certo que terão os gregos de respeitar as escolhas dos outros bem como os interesses alheios aos quais não podem sobrepor os seus.
Não me restam dúvidas de que alguma solução terá de ser encontrada depois desta “investida” grega que, na melhor das hipóteses, pode ter a enorme virtude de acelerar um encontro com o futuro, desde há muito já marcado mas que não creio vá ser muito pacífico. 


O BALÃO ESVAZIADO!


No Expresso digital de hoje encontrei uma peça de Duarte Marques da qual recolhi o pedaço que adiante transcrevo e me parece dever ser reflectido por quem, como eleitor, tem o dever de se esclarecer para tomar uma decisão que será da maior importância para o futuro de todos nós.
É particularmente oportuno recordar certas coisas no momento em que Costa e o “seu” PS tentam branquear propostas antigas que em afirmações recentes renegam, como naquela em que afirmou ter sido a diferença entre o PS e o PASOK a conclusão mais evidente da vitória do Syrisa na Grécia.
“SOLUÇÃO DO PS FOI A QUE FALHOU NA GRÉCIA
Apesar do PS não ser Syriza desde o berço, a verdade é que se Portugal está hoje numa posição completamente diferente da Grécia, é porque não seguimos o caminho defendido por Seguro, e também por Costa, que não era muito diferente do que defende o BE e o PCP em Portugal, mas que corresponde ao que foi feito na Grécia e que levou à vitória do Syriza. Ao longo destes três anos Portugal fez tudo diferente da Grécia, que por seu lado fez tudo o que o Partido Socialista defendeu em Portugal: reestruturaram a dívida, tiveram um perdão de dívida, não combateram a evasão fiscal, não cumpriram o memorando acordado e não fizeram reformas estruturais. Lembram-se?”.
Aliás, está conforme com muitas coisas que tenho dito sobre o “voluntarismo” que nada resolve nestas circunstâncias, porque será o bom senso que deverá comandar as soluções a adoptar numa Europa global que, sem dúvida, precisa de ser repensada em muitos aspectos mas que, jamais, poderá esquecer a personalidade própria dos que a constituem, moldada ao longo de muitos séculos.
Mas será difícil, sem dar um fim às disputas excessivas de poder em que os partidos tradicionais se envolveram, porque é indispensável encontrar uma solução que deve ser de todos para ter futuro. De outro modo não será solução.
Será por isso que António Costa não consegue passar da retórica redonda e requentada, dos lugares comuns estafados acerca do que tem de ser feito para as propostas concretas de como se propõe faze-lo?
Não me parece, infelizmente, que tenha valido a pena a “revolução” que Costa fez no PS, um balão que parecia querer subir tão alto mas que esvaziou tão depressa!
Duarte Marques termina dizendo que “modelo do PS para Portugal foi testado na Grécia (pelo PASOK) mas, pelos vistos, falhou”.
Veremos agora o que resulta do teste dos modelos do BE e do PCP.