Não
posso garantir a fiducidade de tudo quanto se diga sobre Sócrates e os seus “feitos”
financeiros, mas as declarações de Maria José Morgado, magistrada que desde há
muito se tem dedicado à causa do combate ao crime de colarinho branco, deixaram-me
tranquilo quanto à actuação dos órgãos judiciais que alguns, de quem tal não se
esperaria, põem em causa quanto ao rigor e razão de ser.
Diz
aquela magistrada que são normais as fugas de informação por parte da defesa
quanto se trate de crimes graves envolvendo pessoas poderosas.
É
o que se tem visto da parte da defesa de José Sócrates que, de um modo
palavroso e fugindo às verdadeiras questões, se refugia em obscuras razões
políticas com que procura desmerecer os factos materiais que fazem dele um suspeito
de diversos crimes graves.
Talvez
eu devesse dizer, como muitos o fazem e o próprio aceita, o “Engenheiro” José
Sócrates. Mas eu sei o que ser engenheiro significa, as responsabilidades que
tem, muito mais importantes do que um mero título do qual alguns fazem penhor
de competência que nada mais sustenta. Mas a fantasia tem coisas curiosas e ridículas como a de considerar que chamar "Pinto de Sousa" a Sócrates seja uma atentado ao seu direito ao nome!
Será que ele já nasceu engenheiro?
Será que ele já nasceu engenheiro?
Cada
vez me parece mais ridículo este folhetim em que, mesmo que a Justiça não consiga
os meios de prova ou de legislação de que necessitar para a condenação, porque
a Justiça não é, necessariamente, justa, é já evidente a culpa da qual sinais demasiadamente
óbvios e sem desmentidos que, sem reservas, se possam aceitar, não permitem duvidar
mais. A menos que, de um modo que não imagino qual, se demonstre serem puras
invenções o que da vida do ex-primeiro-ministro se tem dito.
Hoje
estou seguro de que são cometidos demasiados crimes contra a sociedade por
gente que deveria ser julgada de um modo mais aberto e mais severo pelo
desrespeito que os seus actos significam para quem, democraticamente, neles
confiou.
O
exercício de cargos políticos em nome e por delegação de poder dos cidadãos
tornam maiores as responsabilidades de quem os exerce ou exerceu em vez de,
como há quem defenda, conferir prerrogativas que tornam “criminoso” deitar a
mão àqueles que investigações revelem poder ter cometido crimes graves, assim como sobre eles serem praticados os procedimentos normais que a qualquer outro cidadão sejam aplicáveis.
Enfim, um entendimento excessivamente monárquico da democracia.
Enfim, um entendimento excessivamente monárquico da democracia.
Eu
creio que outros mais andam por aí a aguardar a altura de nos prestar contas,
também!
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