ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O MEU JUÍZO

Hoje, Sócrates é de novo ouvido pelo juiz que determinou a sua prisão preventiva que, conforme consta, o poderá confrontar com novas provas que mais justificarão a medida de coacção que lhe foi imposta para evitar atitudes que dificultem ou impeçam o conveniente desenvolvimento da investigação.
Não posso garantir a fiducidade de tudo quanto se diga sobre Sócrates e os seus “feitos” financeiros, mas as declarações de Maria José Morgado, magistrada que desde há muito se tem dedicado à causa do combate ao crime de colarinho branco, deixaram-me tranquilo quanto à actuação dos órgãos judiciais que alguns, de quem tal não se esperaria, põem em causa quanto ao rigor e razão de ser.
Diz aquela magistrada que são normais as fugas de informação por parte da defesa quanto se trate de crimes graves envolvendo pessoas poderosas.
É o que se tem visto da parte da defesa de José Sócrates que, de um modo palavroso e fugindo às verdadeiras questões, se refugia em obscuras razões políticas com que procura desmerecer os factos materiais que fazem dele um suspeito de diversos crimes graves.
Talvez eu devesse dizer, como muitos o fazem e o próprio aceita, o “Engenheiro” José Sócrates. Mas eu sei o que ser engenheiro significa, as responsabilidades que tem, muito mais importantes do que um mero título do qual alguns fazem penhor de competência que nada mais sustenta. Mas a fantasia tem coisas curiosas e ridículas como a de considerar que chamar "Pinto de Sousa" a Sócrates seja uma atentado ao seu direito ao nome!
Será que ele já nasceu engenheiro? 
Cada vez me parece mais ridículo este folhetim em que, mesmo que a Justiça não consiga os meios de prova ou de legislação de que necessitar para a condenação, porque a Justiça não é, necessariamente, justa, é já evidente a culpa da qual sinais demasiadamente óbvios e sem desmentidos que, sem reservas, se possam aceitar, não permitem duvidar mais. A menos que, de um modo que não imagino qual, se demonstre serem puras invenções o que da vida do ex-primeiro-ministro se tem dito.
Hoje estou seguro de que são cometidos demasiados crimes contra a sociedade por gente que deveria ser julgada de um modo mais aberto e mais severo pelo desrespeito que os seus actos significam para quem, democraticamente, neles confiou.
O exercício de cargos políticos em nome e por delegação de poder dos cidadãos tornam maiores as responsabilidades de quem os exerce ou exerceu em vez de, como há quem defenda, conferir prerrogativas que tornam “criminoso” deitar a mão àqueles que investigações revelem poder ter cometido crimes graves, assim como sobre eles serem praticados os procedimentos normais que a qualquer outro cidadão sejam aplicáveis.
Enfim, um entendimento excessivamente monárquico da democracia.
Eu creio que outros mais andam por aí a aguardar a altura de nos prestar contas, também!


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