Quando julgamos, pelo nosso, o sentimento
dos outros, o que é habitual em política, corremos sérios riscos de nos equivocarmos.
Naturalmente!
É o que faz Nicolau Santos, o Keynesiano
sub-director do Expresso, quando afirma que, nos últimos dias, os gregos
ganharam o respeito dos cidadãos europeus.
Tenho dúvidas de que seja assim porque o
respeito, tal como a autoridade, não se impõe, conquista-se e, pelas atitudes iniciais
do seu novo governo, não me parece que despertem a simpatia tanto dos que
querem que paguem as dívidas que fizeram como a daqueles que, com dificuldades
também, desejam ver em dificuldades maiores para os terem como aliados na
batalha que travam. Insensato mesmo e pouco digno de simpatia.
Apesar de entender a “revolta” dos gregos
que votaram no desespero, na alternativa que, provavelmente, lhes restava
depois de sucessivos governos que pareceram não se entender com as regras da
Europa do euro à qual, à custa de alguns equívocos, quiseram pertencer, não a
considero de tão bom senso como o seria um comportamento firme, mas compatível
com a situação em que se encontram e necessita, urgentemente, de uma ajuda
excepcional. Comportamento que, não sendo de subserviência, jamais poderia ser
de arrogância.
Então eu sentiria um enorme respeito por
quem fizesse por merecer, no reconhecimento e pela correcção dos seus erros, a
ajuda de que tem tamanha necessidade.
Para isso seria indispensável que os gregos
olhassem para si mesmos e vissem o que terão de mudar na sua própria casa em
vez de pretenderem que seja na casa dos outros que a mudança se faça.
A “rebeldia grega”, pouco disponível para
cumprir as regras que uma “União” inevitavelmente impõe, cria problemas que não
há ajuda que resolva, tal como as piorias ao longo dos últimos anos claramente mostraram.
Será sensato que um governo inicie a
recuperação financeira de que necessita começando por gastar aquilo que não tem,
porque a isso se julga com direito?
Como é que, deste modo, se evita a queda no
abismo, eu não sei. Tal como não sei o que irão fazer os gregos perante uma
realidade que não acredito que se vá modificar apenas por ser isso que desejam.
E não me parece que reste aos gregos muito
tempo para evitar uma situação de alto risco que talvez os atire para “braços”
que, porventura, não desejam, porque nem todas as “revoltas” acabam vitoriosas.
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