ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

O VALOR DOS EUFEMISMOS


Duas coisas me custam a entender ou até entendo perfeitamente. Talvez!
A primeira é o canto de vitória de Varoufakys depois de se conformar com um acordo que, afinal, não é mais do que o prolongamento do programa que estava em curso, descrito, porém, de um modo mais suave. Aliás, é para isso que servem os eufemismos…
A Grécia “ganhou” 4 meses para reflectir sobre um novo resgate que, em face da sua situação, estou crente de que nada o evitará.
Portanto, a vitória de Varoufakys foi adiar um novo resgate por quatro meses dilatando o anterior, o que não foi, de todo, aquele deixar a austeridade que o Syrisa festejou porque continua de pé o compromisso de pagar o que é devido.
Mas se os gregos se sentem felizes assim…
Não acredito, a menos razões políticas desesperadas e, por isso, com consequências imprevisíveis, que a Grécia encontre outros parceiros disponíveis, sejam a Rússia ou a China, porque neste mundo em crise permanente as coisas continuam muito difíceis para todos.
A outra foi dizer-se que Portugal esteve contra a Grécia nas negociações, o que perde razão quando Portugal não impediu nada e foram, até, outros países que perderam a paciência com as exigências gregas que, afinal, de nada serviram.
Apenas não entendi a ida da ministra das finanças à Alemanha antes da reunião, fosse a razão qual fosse, porque sempre seria interpretada como um “receber de instruções” para as negociações que iam seguir-se. Realmente, foi de amador porque nem para receber instruções a viagem seria necessária!
E assim se mostra, uma vez mais, que a política é como o teatro. Tem as suas representações que transmitem ao público as ilusões que gosta de ver, encobrindo as realidades que os actores vivem.
A minha esperança fica agora reduzida a muito pouco. Apenas ao bom senso que este susto possa ter gerado e desperte a atenção para soluções mais conformes com a realidade fora do palco em que se monta esta cena.
Talvez a Grécia tenha entendido não lhe ser conveniente voltar as costas à Europa e esta tenha compreendido que há forma de dar a volta aos problemas...


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