O dono de uma loja de óculos iniciava o seu
novo funcionário no negócio e explicava-lhe: quando te perguntarem o preço de
uns óculos tu dizes o seu valor e reparas na cara do cliente. Se ele se
mantiver calmo acrescentas, só as armações. O cliente vai perguntar o preço das
lentes e tu dizes qual é. Do mesmo modo, se ele nem pestanejar acrescentas,
cada lente…
É assim que me parece que o novo governo
grego está a tentar negociar a sua dívida para a qual, afinal, já não pede um
perdão mas que seja paga em função do PIB! Depois, vão ver no que dá e, muito
provavelmente, adoçarão a nova proposta…
Não vou aprofundar os pormenores desta
proposta que, sem condições muito cuidadas, me parece que seria uma recompensa para
o prevaricador.
Mas não me espanta que assim procedam em
face da situação a que chegaram, pois não tenho dúvidas de que, sem uma ajuda,
se afundarão na tormenta que a sua desorganização causou.
Mas nada poderá ser feito de um modo
precipitado e, muito menos, em jeito de conspiração montada em conversações a
dois e dois quando o relacionamento em causa é com a Europa.
Não me parece, pois, bem que, depois da
conversa com o ministro da economia grego, o Reino Unido invoque os prejuízos
que terá para apoiar os interesses gregos, como tal me não parece o desejo grego
de que os juros de Portugal aumentem significativamente para nele poderem ter
mais um apoiante da sua causa.
Também uma vez mais me parece precipitada a
opinião do “Nobel” Paul Krugman que tantas opiniões já deu para acabar com uma
crise que nunca mais acaba e agora aconselha a Europa a aceitar as propostas gregas!
Se é certo que temos de respeitar a escolha
que os gregos fizeram, é igualmente certo que terão os gregos de respeitar as
escolhas dos outros bem como os interesses alheios aos quais não podem sobrepor
os seus.
Não me restam dúvidas de que alguma solução
terá de ser encontrada depois desta “investida” grega que, na melhor das hipóteses, pode ter a enorme virtude
de acelerar um encontro com o futuro, desde há muito já marcado mas que não
creio vá ser muito pacífico.
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