Embora seja, ainda, demasiado cedo para tirar
conclusões sobre o sucesso ou o fracasso do novo governo grego, a verdade é que
as “entradas de leão” que Tsipras e Varoufakis adoptaram para alcançar os
objectivos a que se propunham, não estão a ser, no seu balanço global, muito bem sucedidas.
Se em Inglaterra os gregos pareciam ter
encontrado eco para as suas reivindicações, o que não surpreendeu ninguém porque
o euro é uma espinha cravada na garganta da City, se em França soou o “nim” que
o governo de Hollande constantemente faz soar, se em Espanha o Podemos se
manifestou nas ruas e em Portugal Catarina Martins e António Costa
embandeiraram em arco, a festa acabou pouco depois no BCE onde as decisões têm
de ser mais cuidadas porque dívidas perpétuas não passam de perdões de que os
gregos já mostraram não saber fazer bom uso, e os demais cidadãos europeus não
se sentem disponíveis para financiar os desgovernos da economia grega e os
hábitos de um povo que pouco cumpre regras.
E como se tudo isto não bastasse, o
encontro de Varoufakis com Wolfgang Schaüble foi a machadada nas hipóteses de
uma solução rápida para a crise grega. Foi o acordo da discordância que não
parece ter outra saída senão a insistência da Alemanha nos seus propósitos de
obrigar os gregos a cumprir as suas obrigações.
Por cá, a recusa de Passos Coelho em
participar nos delírios gregos tornará impossível o apoio imediato de Portugal
ao modo “syrísico” de conduzir a realização da miragem grega, mas quem sabe se
o “ex-socialista” António Costa a não virá a apoiar se, por ventura, a miragem não
tiver antes morrido.
Espero que a miragem sim mas não o sonho de
fazer voltar a Grécia à realidade, em condições de uma ajuda séria que possa
melhorar a sua vida e a de todos os europeus que talvez reparem ser a hora de
abrir os olhos para uma realidade que terá de ser vista de um modo diferente,
mais natural e mais humano. Nunca, porém, leviano perante uma realidade que se tornou diferente!
Além de tudo isto, não podem passar despercebidos os olhares oportunistas e gulosos da Rússia que, mesmo numa crise financeira aguda que a queda dos preços
do petróleo tornam ainda maior, sempre pode fazer como se fazia na União
Soviética onde o pão do povo construía as armas com que fazia a guerra fria.
Mas quando a necessidade aperta e o frio do
desespero se torna insuportável, até o calor do inferno se torna acolhedor.
Eu ainda alimento a esperança de que a
Grécia honre os pergaminhos de berço da democracia que outros “Sócrates”
criaram e, em vez de se meter em aventuras exóticas nada próprias de si, decida
percorrer um caminho de rigor que justifique a solidariedade de que tem
absoluta necessidade.
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