ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 29 de junho de 2010

MORRER DO MAL E DA CURA

Este país perdeu a cabeça e prepara-se para perder a razão de ser se não corrigir, muito rapidamente, o modo como pretende resolver uma crise sem solução se o objectivo é que as coisas voltem a ser como eram.
Se, como facilmente se constata, as condições de vida pioram em vez de melhorarem e se multiplicam, dia a dia, as exigências aos contribuintes para que paguem mais e mais para satisfazer a gula de uma administração pública que não consegue controlar-se e aumenta os gastos em vez de reduzi-los, é óbvio que o governo não está a cumprir o seu dever de zelar pelo bem-estar e pela qualidade de vida dos cidadãos, estando, pelo contrário, a espoliá-los.
Para além de um PEC – Plano de Estabilidade e Crescimento – que de estabilidade e crescimento nada tem porque não passa de um pacote de medidas que aumentam as contribuições dos cidadãos para fazer face a uma despesa pública que não pára de crescer, diversas medidas avulsas vão reforçando o controlo do Estado que, deste modo, se vai tornando num repugnante a fascizante “Big Brother”.
Em consequência, temos um país cada vez mais dividido entre o que os cidadãos sentem no seu dia a dia e as “convicções” do governo traduzidas em declarações falaciosas e sem confirmação que já passaram por sermos o país com melhores condições para resistir à crise, por sermos o campeão europeu do crescimento económico, por conseguirmos reduzir a pobreza e o desemprego, entre outras “patranhas” cada vez menos convincentes.
O pior é que a estas iniciativas do governo, cada vez mais incoerentes, não contrapõe a oposição atitudes firmes para as impedir. Afinal parece que ninguém quer tomar nos braços o doente para o tratar, decerto por recear ser contaminado. E assim, de assalto em assalto, vamos todos ficando sem referências para tomar decisões, sentindo como foi inútil ter poupado qualquer coisa que agora nos querem levar.
Curioso é que, ao mesmo tempo em que a pobreza aumentou, tenha crescido o número de milionários no país!
Inquietante é que aos culpados dos descalabros dos BPN e BPP não sejam decididamente reconhecidas as culpas que lhes cabem e aplicadas as correspondentes sanções! Revoltante é que tanta gente esteja certa de que trilhamos maus caminhos e se julgue ser preferível manter as coisas como estão a mudá-las para encontrar o caminho que mais convém. Será porque os calendários dos interesses e das necessidades não coincidem?
Eu estou cada vez mais baralhado ao pensar como se vai sair deste buraco fundo que a ganância cavou se os pressupostos da “ciência económica” estão todos alterados, o que tem como consequência que as “leis” que os economistas estabeleceram se não aplicam nos “cenários” que a “crise” criou.
É por isso que parece não haver soluções que resultem bem numa crise que reage a cada intervenção criando problemas ainda maiores.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O erro de Sócrates

28 Junho 2010

Sinto-me, sem dúvida, preocupado com o rumo que este país leva. Custa-me a entender como se pretende governar ao arrepio da sensatez, contra o que a maioria entende que deveria ser o caminho a seguir e numa táctica de “fuga para a frente” quando pouco ou nada se saberá dos tempos que se aproximam. Por isso, temerariamente se trilham caminhos desconhecidos, cujos perigos se não medem nem se acautelam.
Depois de se ter comparado esta “crise” a outras já vividas e se concluir que, afinal, não existem quaisquer semelhanças quer nas causas quer nas dimensões, é já evidente que os economistas não têm bases para fazer as extrapolações que nos poderiam dar pistas sobre o que vai acontecer. Porém, quanto a mim, eles apenas não concluirão que o futuro não será nada do que as suas teorias económicas podem prever, porque nelas nunca foi considerada a hipótese da impossibilidade do crescimento contínuo. É uma falha clamorosa a de considerar poder-se ir além de barreiras naturais, poder desperdiçar e exaurir recursos em nome do crescimento, consumir para além do razoável e não saber valorizar senão o que o dinheiro possa comprar.
Daí a sobrevalorização do dinheiro que, antes da crise, parecia crescer a cada dia por artes que a todos faziam crer que poderiam ser ricos. O endividamento era incentivado e a miragem de lucros rápidos levaram a comprar “gato por lebre”, acumulando “papeis” que, como se veio a verificar, pouco mais valiam do que nada! A falência do Banco Lehman Brothers e a descoberta do logro tipo “Dona Branca” à escala mundial, foram o começo do desmoronamento do castelo de cartas que, afinal, era a finança mundial.
A Europa está cheia de problemas e todos os países, sem excepção, têm de fazer reformas e cortes significativos. Por isso me preocupa a ligeireza do governo e, sobretudo, do Primeiro-Ministro que diz sentir-se só a puxar pelas energias do país, quando tem como política a construção de grandes infra-estruturas que não correspondem às necessidades do país neste momento em que a pobreza cresce e a dívida externa se encontra já em níveis altamente preocupantes.
Ainda bem que Sócrates está sozinho a puxar o país para o abismo de que, mesmo assim, perigosamente nos aproximamos.
Um exercício de lógica simples dir-nos-á que a atitudes iguais corresponderão consequências iguais, pelo que este será o erro de Sócrates quando pretende preparar o futuro segundo as mesmas regras que conduziram à crise!!!