A
situação financeira da Grécia é, todos o sabem, calamitosa. Mas não menos o é a
que respeita ao mercado paralelo, à corrupção, à fuga aos impostos e a outros
aspectos que tornam difícil a recuperação que, a continuar assim, não há ajuda
que valha!
Segundo
as notícias, é no combate à corrupção e à fuga aos impostos que o novo governo
grego quer fundamentar as contrapartidas da ajuda financeira que não pode
dispensar.
Até
posso admitir que os valores que o governo indica poder recuperar com tais
medidas, nem sequer atinjam os que, de facto, são desviados das receitas que o
Estado grego teria se todos cumprissem os seus deveres de cidadãos.
Porém,
este combate não é fácil nem de curta duração porque se trata de uma questão
cultural que muitas e muitas dezenas de anos, se não mesmo séculos,
consolidaram.
É isto
que me diz o célebre ditado oriental que, entre vários projectos, plantar
arroz, plantar árvores ou educar o povo, diz ser este o que mais tempo exige,
um século pelo menos.
Sendo,
embora, indispensável o combate a que o governo grego se propõe, não creio,
pelas razões indicadas, que ele seja a resposta urgente que os prementes problemas da Grécia exigem, sendo necessárias outras medidas que, francamente,
não sei quais possam ser sem tornar maior ainda o sofrimento, para além do que as
circunstâncias já lhe impõem.
Não
será, por isso, fácil a negociação do apoio que a Europa lhe poderá dar. Mas se
alguma coisa eu sei é que jamais será a que a Grécia começou por exigir, por
óbvia impossibilidade.
A
própria Europa como, aliás, todo o mundo, tem problemas que não são fáceis de
ultrapassar e bom será que todos comecem a levar a sério os avisos que há muito
tempo já são feitos de não ser o consumismo crescente possível de sustentar.
Quem
sabe não será esta a lição que a “aventura” grega permitirá que a Europa e o
mundo aprendam.
Para além desta desgraça em que a situação grega se tornou, que dignidade haverá na ignorância das dores maiores que outros seres humanos sofrem?
Para além desta desgraça em que a situação grega se tornou, que dignidade haverá na ignorância das dores maiores que outros seres humanos sofrem?
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