As
coisas são para ser ditas oportunamente, as palavras para ser usadas com o significado
que lhes é próprio, sem medo das críticas que possam suscitar pois, de outro
modo será o cinismo e não a frontalidade o que dominará esta sociedade em que
já vi tantos valores serem anulados, tantos pecados tornados virtudes, tanta
hipocrisia endeusada e tanta estupidez enaltecida.
Não
tenho qualquer dúvida de que Eusébio foi um excelente futebolista, dos melhores
que o mundo viu, daqueles que deixam saudades quando penduram as chuteiras. Mas
daí a tornar-se num exemplo de cidadão que deva ser realçado com a distinção
que o Panteão Nacional confere, francamente parece-me demais.
Se
conheci Eusébio como futebolista, pouco o conheci como pessoa, como pouco sei
da sua vida privada que, pelo que, mesmo assim, julgo saber, não foi, de todo, a
mais exemplar!
Não
sei, por isso, que exemplo de cidadão português se pretende que seja Eusébio
nem o que dele será dito aos vindouros para justificar a sua presença no que
deveria ser um autêntico santuário da Pátria.
Parecem
muito curtas as razões as razões que levaram a Assembleia da república a
decidir, por unanimidade, a sua transladação para ali.
Parecer-me-ia
bem que tal distinção fosse apreciada por uma comissão especial capaz de definir
e de analisar todos os requisitos para que tal acontecesse, em vez de decidida
por uma votação em que, por certo, imperaram razões estranhas que colocam
Eusébio num plano supostamente superior ao de tantos portugueses ilustres e
dignos de admiração pelas virtudes pátrias que foram as suas.
Estou
certo de que tais figuras nem serão do conhecimento da maioria dos que
decidiram conceder a Eusébio uma tal honra que só aos nossos maiores deveria
ser concedida.
E
lembrar-me eu de que tive uma intervenção directa e decisiva na construção daquela
cúpula que, finalmente, acabou com o mito das obras de Santa Engrácia!
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