ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 21 de fevereiro de 2015

O PANTEÃO


As coisas são para ser ditas oportunamente, as palavras para ser usadas com o significado que lhes é próprio, sem medo das críticas que possam suscitar pois, de outro modo será o cinismo e não a frontalidade o que dominará esta sociedade em que já vi tantos valores serem anulados, tantos pecados tornados virtudes, tanta hipocrisia endeusada e tanta estupidez enaltecida.
Não tenho qualquer dúvida de que Eusébio foi um excelente futebolista, dos melhores que o mundo viu, daqueles que deixam saudades quando penduram as chuteiras. Mas daí a tornar-se num exemplo de cidadão que deva ser realçado com a distinção que o Panteão Nacional confere, francamente parece-me demais.
Se conheci Eusébio como futebolista, pouco o conheci como pessoa, como pouco sei da sua vida privada que, pelo que, mesmo assim, julgo saber, não foi, de todo, a mais exemplar!
Não sei, por isso, que exemplo de cidadão português se pretende que seja Eusébio nem o que dele será dito aos vindouros para justificar a sua presença no que deveria ser um autêntico santuário da Pátria.
Parecem muito curtas as razões as razões que levaram a Assembleia da república a decidir, por unanimidade, a sua transladação para ali.
Parecer-me-ia bem que tal distinção fosse apreciada por uma comissão especial capaz de definir e de analisar todos os requisitos para que tal acontecesse, em vez de decidida por uma votação em que, por certo, imperaram razões estranhas que colocam Eusébio num plano supostamente superior ao de tantos portugueses ilustres e dignos de admiração pelas virtudes pátrias que foram as suas.
Estou certo de que tais figuras nem serão do conhecimento da maioria dos que decidiram conceder a Eusébio uma tal honra que só aos nossos maiores deveria ser concedida.
E lembrar-me eu de que tive uma intervenção directa e decisiva na construção daquela cúpula que, finalmente, acabou com o mito das obras de Santa Engrácia!


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