(O Rossio, em Lisboa, inundado, atingindo o Teatro Nacional Dª Maria II)
Antes,
parecia que estas coisas só aconteciam em outros lugares. Cheias enormes,
furacões destruidores e outros desastres a que não estamos habituados.
Porém,
agora tudo parece dizer-nos que devemos preparar-nos para a ocorrência mais
frequente de fenómenos meteorológicos intensos, uma das alterações profundas que
a elevação da temperatura média global provocará, o que as teses de peseudo-cientistas que a gosto da economia predadora que vivemos contrariavam mas já não conseguem desmentir.
Não
serão, por isso, as soluções do passado, definidas por condições que as
circunstâncias alteraram muito e poderão alterar ainda mais, as que deverão
ser agora adoptadas para evitar inconvenientes e perdas cada vez mais graves.
Sobretudo
no que diz respeito às águas superficiais urbanas, cujas redes de drenagem costumavam
ser dimensionadas admitindo, por uma relação custos/benefícios discutível, que
a sua capacidade possa ser excedida, em média, uma vez em cada dez anos, as
consequências de uma maior frequência de eventos mais intensos serão
desastrosas, como as cheias deste ano o demonstram um pouco por todo o país e, mais ainda o demonstrarão se se
repetirem, como o que o facto de estarmos ainda longe do final da época das chuvas o torna bem
provável.
As
más soluções urbanísticas em muitos aglomerados urbanos, alguns deles situados
em plenos leitos de cheia senão mesmo nas próprias linhas de água naturais,
como no caso bem conhecido da baixa de Albufeira já este ano vítima de elevados
prejuízos, não têm agora soluções fáceis nem baratas.
Não
imagino qual será, neste momento, o período de retorno médio de uma cheia como
a que submergiu a baixa de Albufeira porque as alterações em curso ainda não
permitem definir mecanismos de avaliação e de extrapolação, porque a
estatística se tornou instável e não poderá fornecer informações úteis
para tomar decisões cada vez mais urgentes.
De
pouco ou nada valerão, pois, soluções de remedeio que poderão corresponder a
custos insuportáveis pela repetição de ocorrências destrutivas.
Apenas
vistas amplas, uma perspectiva séria de futuro e atitudes adequadas e decididas,
como foram as de grandes homens cujo nome ficou na História, poderiam ser a
resposta a estas alterações que, embora naturais, o Homem acelera com toda a
força dos seus dois maiores pecados, a ambição desmedida e a inveja
incontrolada!
O
futuro próximo o dirá.
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