ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O POVO É QUEM MAIS ORDENA?



 "Sendo as indicações parlamentares fáceis de ler, não é justificável adiar por mais tempo a formação de um novo governo", disse Jorge Sampaio, decerto pensando no governo que Costa se propõe formar.
Também seriam fáceis de ler as indicações de uma maioria que ele, como Presidente da República, desfez por ter entendido não corresponder ao sentimento actual do eleitorado que, assim, chamou às urnas. E tinha razão!
Então, e pareceu-me bem, Sampaio não valorizou os critérios que norteiam a “democracia quantitativa”, para a qual a maioria tem sempre razão. O que há muito já sabemos não ser verdade.
Por que motivo muda agora de juízo para dar ênfase a uma maioria que apenas o será pelos números mas todos sabemos não o ser nos ideais e nos propósitos programáticos?
Será bastante o único propósito que a forma, o de derrubar o governo de quem recolheu mais votos em eleições livres?
Esta leitura é, também, fácil de fazer e custa-me ter de constatar não conseguirem as mentes iluminadas daqueles que, em maioria, um dia já escolhemos, libertar-se de preconceitos canhestros, continuando a alimentar a mentira de que “o povo é quem mais ordena”.
Sentir-me-ia melhor se visse Sampaio reflectir sobre esta situação estranha de o Presidente ver coarctado o seu poder de ajuizar, tal como ele o fez, por uma situação em que a Constituição o impede de um dos seus poderes mais significativos.
É que outra questão se coloca, parecida com a de saber quem apareceu primeiro, se o ovo se a galinha.
Eu pergunto o que será prioritário, se cumprir a Constituição se ter em conta a vontade do povo. Quanto a esta tanto direito tem Cavaco como Sampaio já teve para a julgar.
Será a Constituição irrevogável? A quem interessará que o seja? 

 

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