ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

NAS COSTAS DOS OUTROS LEMOS AS NOSSAS



Deve estar para muito breve a decisão do Presidente da República para a substituição de Passos Coelho no cargo de Primeiro-Ministro, pois não creio que possa prolongar-se por muito mais tempo a indefinição que se vive.
Não me parece que seja outra a decisão senão a escolha de António Costa para formar um governo a partir dos “arranjinhos partidários” que fez, apesar do modo veemente como, no passado, esconjurou tal procedimento.
O que acontecerá depois, eu não sei, mas vale a pena não esquecer os erros do passado para evitar que se repitam.
Os que me parecem mais oportunos de recordar, para além dos que o voluntarismo socialista entre nós já cometeu são, pela situação política que vivemos, os que os gregos cometeram há não muito tempo e os levou à situação em que se encontram, mesmo depois do arrepio a que o Syrisa se viu obrigado, ao ponto de ter de endurecer a austeridade que era seu propósito acabar.
É crescente o desagrado de um povo enganado que mostra nas ruas, numa greve geral contra a austeridade excessiva, o seu profundo desagrado.
Parecia que a euforia que Costa não escondeu pela vitória do Syrisa tinha arrefecido. Mas não, estava a penas adormecida, esperando o momento oportuno para se voltar a mostrar nas promessas que, estou certo, não saberá já como vai cumprir, tantos são os “adoçamentos” que faz nas promessas eleitorais de uma vida mais feliz, logo que o poder fosse seu.
Era uma vitória assim, com uma maioria robusta, a que ele esperava. Mas não aconteceu nem, sequer, depois do “arranjo” pós eleitoral que fez e não lhe dá mais do que uma maioria magra e sobre a qual nunca terá o domínio de um vencedor.
Como irá gerir as tensões inevitáveis que o vanguardismo do BE e o calculismo do PCP lhe vão criar, não faço ideia.
Mas como tentará cumprir as promessas eleitorais que fez de dar um fim à austeridade, penso que também já não saberá, como se deduz dos “amaciamentos” que nelas vai fazendo.
Não será já… é mais tarde; Não será assim… tem de ser diferente; Não será tanto… será menos, para além dos argumentos que prepara para desculpar os erros de cálculo que, tenho a certeza, Centeno cometeu. 
Nunca me dei conta na vida que o dinheiro caia do céu ou que a terra possa dar mais do que os ciclos naturais lhe consentem.
É isto que o que vejo ficar demonstrado por toda a parte onde ao consumismo sucede a temperança e ao esbanjamento a austeridade.
Por que seria diferente em Portugal?
Não recomendaria o bom senso que não esperássemos os milagres que os outros não conseguem e, desse modo, evitarmos os problemas que eles enfrentam?
É velho o dito que avisa “nas costas dos outros lemos as nossas”. Por que não lhe prestamos atenção?



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