É notícia que, na conversa com António Costa, Cavaco
Silva solicitou ao líder socialista para formar governo impondo, para isso,
seis condições que conforme li num artigo de Luis Barra, no Expresso, são:
a)
aprovação de moções de confiança;
b)
aprovação dos Orçamentos do Estado, em particular o Orçamento para 2016;
c)
cumprimento das regras de disciplina orçamental aplicadas a todos os países da
Zona Euro e subscritas pelo Estado Português, nomeadamente as que resultam do
Pacto de Estabilidade e Crescimento, do Tratado Orçamental, do Mecanismo
Europeu de Estabilidade e da participação de Portugal na União Económica e
Monetária e na União Bancária;
d)
respeito pelos compromissos internacionais de Portugal no âmbito das
organizações de defesa colectiva;
e)
papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu
contributo para a coesão social e o desenvolvimento do País;
f) estabilidade
do sistema financeiro, dado o seu papel fulcral no financiamento da economia
portuguesa,
dentre
as quais são as duas primeiras as que me parecem mais difíceis de garantir, já
que, das demais, disse o PS assegurar o cumprimento absoluto.
Sobretudo
a primeira condição, é um autêntico pau de dois bicos para a estranha “maioria
de esquerda” da qual uma parte, ao longo do tempo e na campanha eleitoral,
incansavelmente acusou o PS de ter práticas de direita!
Há,
pois, divergências insanáveis, como o mostram os programas e as práticas das
três (ou quatro) partes da “nova maioria, das quais podem resultar conflitos de
interesses políticos em muitas das decisões governativas que Costa terá de
tomar.
Em
diversos casos, decerto inevitáveis ao longo da governação, uma moção de
confiança pode originar confrontações delicadas ou, até mesmo, estimuladoras
dos conflitos que profundas diferenças ideológicas, interesseiramente adormecidas, não permitirão ultrapassar.
Se
tal acontecer, dificilmente serão evitáveis danos irreparáveis para um governo
sem uma base ideológica estável.
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