Poucas dúvidas podem restar de que um certo
modo de viver está a chegar ao fim, sendo a Grécia o “laboratório” onde se faz
a prova de não haver soluções neste caminho de equívocos que vimos trilhando.
Infelizmente para o povo grego, é ele a
cobaia que o seu próprio governo submete à mais dura das provas, a de uma
miséria anunciada, por ora só possível de amenizar com uma qualquer ajuda
humanitária de urgência, como acontece nos casos de catástrofes.
Seja o resultado do referendo de hoje qual
for, vença o sim ou vença o não, não vejo como poderá a Grécia sair do buraco onde
o Syrisa mais a enterrou, nem como poderá ser ajudada por uma Europa cheia de
fraquezas que não levará muito tempo a serem ainda mais evidentes.
A situação parece-me um problema sem uma
boa solução.
Tsipras e Varoufakis fizeram mal as contas,
escolheram mal a estratégia para tentar resolver o grave problema grego enfrentando
a Europa, esquecendo-se do perigo que é acossar o “gato” lá no canto sem saída.
Depois da estratégia falhada para provocar,
por essa Europa fora, uma onda de “revolta” contra a austeridade, Tsipras
refugia-se no desespero de um referendo que lhe não pode abrir uma saída onde,
todos já o vimos, a não há. E já, nem sequer, pode contar com o entusiasmo dos
que vibraram com a sua vitória. Enquanto uns se resguardam em atitudes mais
discretas, outros decidem, mesmo, criticá-lo e considera-lo imprudente, todos
na esperança de verem minimizados os maus efeitos políticos do regozijo que a
vitória do Syrisa lhes causou e do exemplo que dela pretenderam fazer para a
que eles próprios se propunham alcançar em eleições próximas.
Apelam Obama, Jacques Delors e muitos
outros para que a Europa dê a mão à Grécia para que não caia, apontando os maus
efeitos que a sua queda provocaria. Mas ninguém diz como fazê-lo sem que seja
por actos voluntariosos que de boa política nada têm porque não são solução
para coisa alguma!
Perdoa-se a dívida, dá-se mais dinheiro e
depois? Terá de perdoar-se mais dívida e dar mais dinheiro também, porque é
isso que já aconteceu no passado e o bom senso nos diz que voltará a acontecer!
Ao contrário de tudo isto, há um trabalho
de reflexão profunda a fazer, há mitos a desmontar e há, sobretudo, que
reconhecer as más consequências das políticas consumistas de que a “economia” necessita
para não morrer, para que o mundo escolha outros caminhos que possa percorrer
nas condições e ao ritmo que a Natureza lhe impõe. Seja a bem ou seja a mal, porque é a Natureza que tem a força perante a qual somos bem pouco!
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