Sou engenheiro civil, formado ainda no tempo
em que o curso tinha a duração de seis anos e três estágios, o primeiro a
partir do 4º ano.
Para além das cadeiras de base onde se contam
a matemática, a física, a química, a geometria, o desenho, havia também, para
além das cadeiras de especialidade, outras que serviam para complementar o
conhecimento específico do engenheiro civil, enquadrando-o na realidade que irá
servir, com cadeiras como psicologia e economia política, além de ajudar na
cooperação com outras especialidades como a mecânica, a electrotecnia, a
arquitectura.
E já não falo nas "oficinas de mecânica e de carpintaria"...
E já não falo nas "oficinas de mecânica e de carpintaria"...
Hoje em dia, para além das cadeiras de base,
ensinam-se, a correr, as da especialidade e nada mais.
Possuir alguns conhecimentos de arquitectura
é, sem dúvida, importante para os que se irão dedicar à construção urbana, mas
os adquiridos no curso de então, não eram suficientes para fazer de um
engenheiro um arquiteto! Longe disso. Obviamente que hoje muito menos.
A arquitectura é a arte de organizar o espaço
em função da utilização prevista no que, para além de alguns conhecimentos de
estruturas que serão ministrados no respectivo curso, a colaboração de um
engenheiro civil é, em casos mais complicados, para não dizer sempre,
indispensável.
Admito que pudesse haver um curso de
construção urbana organizado de modo a que os conhecimentos necessários para
projectar edifícios sem grande complexidade nele fossem ministrados. Mas não
existe em Portugal.
Assim sendo, nem os arquitectos estão aptos a
estruturar o edifício que tenham projectado nem os engenheiros possuem saber e
condições para projectar edifícios. Ponto final!
Durante muito tempo era possível aos
engenheiros civis “assinar” projectos de arquitectura que, por via de regra,
desenhadores “projectavam”. Todos sabemos que acontecia assim. E a solução não
era boa sob qualquer ponto de vista.
Por que regressar a tal situação, ainda por
cima por uma decisão da Assembleia da República onde não foram, decerto, razões
técnica e cientificamente correctas que a ditaram.
Não imagino se as ordens dos engenheiros e
dos arquitectos foram ouvidas neste assunto. Mas se foram, este país está bem
pior do que eu pensava!
Creio que para além do défice e dos
orçamentos cativados, os políticos não se preocupam com mais nada.
Como e por que se toma uma decisão destas?
Como e por que se toma uma decisão destas?
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