ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 27 de julho de 2017

VAMOS FAZER CASINHAS?



Sou engenheiro civil, formado ainda no tempo em que o curso tinha a duração de seis anos e três estágios, o primeiro a partir do 4º ano.
Para além das cadeiras de base onde se contam a matemática, a física, a química, a geometria, o desenho, havia também, para além das cadeiras de especialidade, outras que serviam para complementar o conhecimento específico do engenheiro civil, enquadrando-o na realidade que irá servir, com cadeiras como psicologia e economia política, além de ajudar na cooperação com outras especialidades como a mecânica, a electrotecnia, a arquitectura.
E já não falo nas "oficinas de mecânica e de carpintaria"...
Hoje em dia, para além das cadeiras de base, ensinam-se, a correr, as da especialidade e nada mais.
Possuir alguns conhecimentos de arquitectura é, sem dúvida, importante para os que se irão dedicar à construção urbana, mas os adquiridos no curso de então, não eram suficientes para fazer de um engenheiro um arquiteto! Longe disso. Obviamente que hoje muito menos.
A arquitectura é a arte de organizar o espaço em função da utilização prevista no que, para além de alguns conhecimentos de estruturas que serão ministrados no respectivo curso, a colaboração de um engenheiro civil é, em casos mais complicados, para não dizer sempre, indispensável.
Admito que pudesse haver um curso de construção urbana organizado de modo a que os conhecimentos necessários para projectar edifícios sem grande complexidade nele fossem ministrados. Mas não existe em Portugal.
Assim sendo, nem os arquitectos estão aptos a estruturar o edifício que tenham projectado nem os engenheiros possuem saber e condições para projectar edifícios. Ponto final!
Durante muito tempo era possível aos engenheiros civis “assinar” projectos de arquitectura que, por via de regra, desenhadores “projectavam”. Todos sabemos que acontecia assim. E a solução não era boa sob qualquer ponto de vista.
Por que regressar a tal situação, ainda por cima por uma decisão da Assembleia da República onde não foram, decerto, razões técnica e cientificamente correctas que a ditaram.
Não imagino se as ordens dos engenheiros e dos arquitectos foram ouvidas neste assunto. Mas se foram, este país está bem pior do que eu pensava!
Creio que para além do défice e dos orçamentos cativados, os políticos não se preocupam com mais nada.
Como e por que se toma uma decisão destas?



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