Faz tempo que não existem daquelas notícias
que dão para mais de uma semana, se não mesmo para mais de um mês de jornais,
de programas de rádio e de televisão e, sobretudo, para os que explicam o que
aconteceu, esclarecem o que correu mal e como deveria ter sido feito e, naturalmente,
antecipam o que vai acontecer.
Depois de Sócrates, com menos visitas sonantes e com o advogado agora muito
mais contido, e da Grécia que deu para fazer do Syrisa o herói de muitos e
agora o vilão de todos, tentam os meios de comunicação social fazer do “lavajato”
a sua tábua de salvação. Mas ainda não pegou bem. O possível braço nacional do
polvo ainda não mostrou que o era.
Nem o “plano B de Tsipras e de Varoufakis
deu para grandes novelas, mesmo que tenha sido o que mais imaginação congregou
para a saída que todos desejavam mas que, com excepção do ministro das finanças
alemão, ninguém teve a coragem de o afirmar.
Os gregos são um empecilho para a moeda
única. Pois são! Não têm regras, não se esforçam muito, “contentam-se” com
sessenta euros por dia, coitadinhos, e vivem felizes no mercado paralelo que
montaram, no qual ninguém lhes exige que tenham contabilidade ou paguem
impostos.
Mas vivem felizes assim porque é este
o seu modo de viver.
Então, por que razão os chateiam?
E recordo-me daquela vez em Santorini, numa
loja de livros e de pinturas, onde descobri o dono bem sossegado lá num canto,
a ler uma revista qualquer.
Tentei falar com ele em vésperas de umas eleições
sobre as quais os gregos nem falavam muito. Não me dei conta de arruadas nem de
cartazes que dessem nas vistas e nos jornais nem consegui, naturalmente, entender o que
diziam.
Por isso lhe perguntei quem achava que iria
ganhar as eleições no Domingo seguinte.
Eles respondeu-me dizendo “acha que isso
interessa alguma coisa? Será um dos do costume, um daqueles que, alternadamente,
vão comendo do tacho que, de tão rapado, está quase no fundo. Bonito vai ser
depois quando já não houver nada. Então aparecerá um salvador qualquer. É
sempre assim. Depois será a tragédia que, mais uma vez, nascerá aqui!”
Lembrei-me desta história quando o Syrisa
apareceu e venceu as eleições, tal como aquele homem previra.
Pena não me ter sabido ou querido dizer
mais nada. Por isso nem imagino que vai acontecer… A verdade é que também não
insisti muito com aquele grego de poucas palavras.
O que sei é que o mundo vai por maus
caminhos e que onde tudo parecia bater muito certo, começou a correr mal. O
petróleo continua em queda, a “rica” Angola tem os seus problemas que colocam
empresas portuguesas em situações delicadas e, agora, o Brasil que começa a
atrasar demasiado os pagamentos às empresas que para lá exportam.
A Rússia não teve capacidade financeira
para “roubar” a Grécia à Europa, a China teve de tomar “precauções especiais”
para segurar a situação financeira, o Brasil continua a sonhar com o futuro e
os Estados Unidos vão disfarçando os seus problemas o melhor que podem.
Assim vão as finanças do mundo enquanto o
futuro da Humanidade continua ao Deus-dará, sem ninguém que olhe por ele.
Das tragédias naturais que podem acontecer falam os
cientistas, publica a comunicação social umas “curiosidades” e clama o Papa que
se lhes preste urgente atenção.
Os “inteligentes” nem saberão do que se
trata e, por isso, estão calados.
Na Grécia nasceu a “tragédia”. Onde irá ela
acabar?
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