ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O ORÁCULO DE SANTORINI


Faz tempo que não existem daquelas notícias que dão para mais de uma semana, se não mesmo para mais de um mês de jornais, de programas de rádio e de televisão e, sobretudo, para os que explicam o que aconteceu, esclarecem o que correu mal e como deveria ter sido feito e, naturalmente, antecipam o que vai acontecer.
Depois de Sócrates, com menos visitas sonantes e com o advogado agora muito mais contido, e da Grécia que deu para fazer do Syrisa o herói de muitos e agora o vilão de todos, tentam os meios de comunicação social fazer do “lavajato” a sua tábua de salvação. Mas ainda não pegou bem. O possível braço nacional do polvo ainda não mostrou que o era.
Nem o “plano B de Tsipras e de Varoufakis deu para grandes novelas, mesmo que tenha sido o que mais imaginação congregou para a saída que todos desejavam mas que, com excepção do ministro das finanças alemão, ninguém teve a coragem de o afirmar.
Os gregos são um empecilho para a moeda única. Pois são! Não têm regras, não se esforçam muito, “contentam-se” com sessenta euros por dia, coitadinhos, e vivem felizes no mercado paralelo que montaram, no qual ninguém lhes exige que tenham contabilidade ou paguem impostos.
Mas vivem felizes assim porque é este o seu modo de viver.
Então, por que razão os chateiam?
E recordo-me daquela vez em Santorini, numa loja de livros e de pinturas, onde descobri o dono bem sossegado lá num canto, a ler uma revista qualquer.
Tentei falar com ele em vésperas de umas eleições sobre as quais os gregos nem falavam muito. Não me dei conta de arruadas nem de cartazes que dessem nas vistas e nos jornais nem consegui, naturalmente, entender o que diziam.
Por isso lhe perguntei quem achava que iria ganhar as eleições no Domingo seguinte.
Eles respondeu-me dizendo “acha que isso interessa alguma coisa? Será um dos do costume, um daqueles que, alternadamente, vão comendo do tacho que, de tão rapado, está quase no fundo. Bonito vai ser depois quando já não houver nada. Então aparecerá um salvador qualquer. É sempre assim. Depois será a tragédia que, mais uma vez, nascerá aqui!”
Lembrei-me desta história quando o Syrisa apareceu e venceu as eleições, tal como aquele homem previra.
Pena não me ter sabido ou querido dizer mais nada. Por isso nem imagino que vai acontecer… A verdade é que também não insisti muito com aquele grego de poucas palavras.
O que sei é que o mundo vai por maus caminhos e que onde tudo parecia bater muito certo, começou a correr mal. O petróleo continua em queda, a “rica” Angola tem os seus problemas que colocam empresas portuguesas em situações delicadas e, agora, o Brasil que começa a atrasar demasiado os pagamentos às empresas que para lá exportam.
A Rússia não teve capacidade financeira para “roubar” a Grécia à Europa, a China teve de tomar “precauções especiais” para segurar a situação financeira, o Brasil continua a sonhar com o futuro e os Estados Unidos vão disfarçando os seus problemas o melhor que podem.
Assim vão as finanças do mundo enquanto o futuro da Humanidade continua ao Deus-dará, sem ninguém que olhe por ele.
Das tragédias naturais que podem acontecer falam os cientistas, publica a comunicação social umas “curiosidades” e clama o Papa que se lhes preste urgente atenção.
Os “inteligentes” nem saberão do que se trata e, por isso, estão calados.
Na Grécia nasceu a “tragédia”. Onde irá ela acabar?


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