Como,
naquelas terras de pouca gente onde vivia, poderia fazer ideia do que fossem
150.000 pessoas a quem apenas uma bomba, de uma só vez, tirou a vida, deixando
em cacos a enorme cidade onde viviam?
Era,
para mim, qualquer coisa tão fantasiosa e irreal como as que aconteciam nas histórias de
Júlio Verne que, perdido em projectos de grandioso futuro, passava horas e
horas a ler, imaginando-me o herói de grandes proezas.
Mas
eram as notícias que chegavam lá de longe porque ali, no meio daquelas
montanhas que me aconchegavam, graças a Deus a guerra não chegara.
Mesmo
assim, foram enormes as dificuldades que tempos muito duros nos fizeram viver,
que um quase imenso espírito de solidariedade conseguiu vencer, aquele que,
depois, vi perder-se nos caminhos mal traçados desta vida que, desde então, dia a dia percorro.
Está
de resto a geração que sentiu na pele aquela dureza da vida e com ela aprendeu que é
cada um responsável por si próprio, sem esperar que outros façam por si o que
apenas a si compete fazer.
Passaram
70 anos, dos quais já poucos viveram os tormentos e outros só conhecem a fantasia de
uma vida que não é como crêem que seja, porque será sempre dura como é.
Hoje
apetece-me pensar o que a Humanidade terá aprendido com a tragédia que viveu.
Talvez nada ou muito pouco, tão levianamente a vejo correr para outra ou outras
que não gostará de viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário