ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A BOMBA DE HIROSHIMA


Era, eu, muito jovem ainda.
Como, naquelas terras de pouca gente onde vivia, poderia fazer ideia do que fossem 150.000 pessoas a quem apenas uma bomba, de uma só vez, tirou a vida, deixando em cacos a enorme cidade onde viviam?
Era, para mim, qualquer coisa tão fantasiosa e irreal como as que aconteciam nas histórias de Júlio Verne que, perdido em projectos de grandioso futuro, passava horas e horas a ler, imaginando-me o herói de grandes proezas.
Mas eram as notícias que chegavam lá de longe porque ali, no meio daquelas montanhas que me aconchegavam, graças a Deus a guerra não chegara.
Mesmo assim, foram enormes as dificuldades que tempos muito duros nos fizeram viver, que um quase imenso espírito de solidariedade conseguiu vencer, aquele que, depois, vi perder-se nos caminhos mal traçados desta vida que, desde então, dia a dia percorro.
Está de resto a geração que sentiu na pele aquela dureza da vida e com ela aprendeu que é cada um responsável por si próprio, sem esperar que outros façam por si o que apenas a si compete fazer.
Passaram 70 anos, dos quais já poucos viveram os tormentos e outros só conhecem a fantasia de uma vida que não é como crêem que seja, porque será sempre dura como é.
Hoje apetece-me pensar o que a Humanidade terá aprendido com a tragédia que viveu. Talvez nada ou muito pouco, tão levianamente a vejo correr para outra ou outras que não gostará de viver.


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