Previ há já alguns anos, numa crónica publicada num jornal a que, então,
prestava a minha colaboração regular, que este fenómeno migratório mais cedo ou
mais tarde teria de acontecer em força, pois não seria possível conter, por
muito tempo mais, os efeitos perversos de uma descolonização que não teve por
objectivo por fim a séculos de exploração, mas, em vez disso,
prossegui-la de outro modo e com outros actores.
E
foi isso que aconteceu, sem dúvida, com “testas de ferro” dos novos
exploradores a “comandar” as “independências” de que os povos não sentem a
realidade e, menos ainda, os benefícios económicos que, por elas, deveriam
alcançar.
De
resto, onde está a restauração cultural que deveria ser o objectivo maior da
libertação?
Serão
os modelos governativos adoptados pela “África Livre” uma prova de independência
ou a evidência da continuação da sua subalternidade a poderes egoístas e manipuladores?
Era,
pois, inevitável a acumulação de problemas que geram confrontos sangrentos,
fome e desolação, do que, naturalmente, os mais fracos tentam escapar,
dispostos a correr todos os riscos para atingir o eldorado que crêem que a
Europa é.
Como
estão equivocados!
Naturalmente
que as migrações que têm a Europa como destino são um drama que não pode deixar
de preocupar pelos problemas humanos a que dão lugar, mas, mais do que isso,
deveria fazer-nos reflectir sobre o que as causa e é, por isso, o verdadeiro
problema a resolver.
É
fácil mostrar consternação pelos dramas de que todos os dias nos chegam notícias
e, mais ainda, criticar a atitude a que é fácil chamar falta de abertura da
Europa para escancarar as suas portas às avalanches dos infelizes que a demandam.
Mas, será
essa "abertura" a solução?
É muito
mais fácil falar em termos de compaixão choramingueira que não leva em consideração
os verdadeiros problemas deste fenómeno migratório do que procurar compreender as suas verdadeiras causas
e, em conformidade, proceder.Mas este é, apenas, um dos aspectos a considerar nesta "invasão" que pode ter e, por certo, a continuar terá outras implicações complicadas que não haverá "solidariedade" que resolva.
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